De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Ideal

Novas questões se levantam no cenário da apologética cristã. No início da Igreja, os apologistas se erguiam para uma defesa da lógica cristã, da verdade filosófica do cristianismo, no poder da mensagem de Cristo, da coerência, da genuína busca pela Verdade. Foi assim que o cristianismo ganhou espaço no mundo gentio, dominado pela cultura grega, que buscava, antes de tudo, compreender o Universo estranho ao seu redor. No início do século passado, ou pouco antes, os apologistas não apenas podiam se detér na argumentação filosófica, sua defesa abrangia conceitos nunca antes contestados com grande poder: Deus criou ou não o Universo? O homem? Então surgiu uma apologia mais científica, esta perdura até hoje. Mas, em nossos dias, tem se levantado a necessidade de novos apologistas e de uma nova forma de exercer a apologia: a própria necessidade de uma Verdade Absoluta, visada desde a antiguidade clássica, passou a ser contestada. O homem regrediu para antes da situação gentílica em que se encontrava nos primórdios da Igreja, a apologética cristã não pode simplesmente provar ser viável dentro de um contexto pronto de busca pela Verdade, ela, antes de se provar defensora da Verdade, precisa instruir, novamente, o homem, para a própria concepção de Verdade Absoluta e sua necessidade inquestionável. Mentalmente, a humanidade está atrás dos próprios gregos antigos.
São estranhos esses tempos que estamos vivendo. Coisas óbvias são contestadas, fundamentos vitais da sociedade são atacados. O homem está se portando com loucura e insanidade sem paralelo. Custa-me compreender, custa-me conceber a motivação de tamanha embriaguez e irracionalidade. Parece, ao meu ver, impossível que uma criatura com tamanho potencial, possa desmerecer-se e regredir de tal forma a se encontrar numa situação tão degradante... toda uma carga de concepções, compreensões e motivações sobre o mundo fora varrida e lançada no mar do esquecimento, fazendo a humanidade retroceder à mais primordial concepção de vida e mundo, por isso ressurgem religiões tribais, como o xamanismo, e se professa o relativismo. Aqueles a quem antes parecia bastar explicar a coerência de uma determinada fórmula matemática, agora deve-se ensinar a contar até dez, começar do zero. É assim que está a mente humana, é nesse cenário que a Igreja precisa reintroduzir questões que foram vitais para a nossa sobrevivência.
Eu não acho necessário refazer toda a apologética que já fiz nesse blog, sobre a necessidade de uma Verdade Absoluta, a necessidade de uma existência eterna no Universo, a necessidade de Deus e, por fim, a necessidade do Deus cristão, comprovadas científica, filosófica e históricamente. Você pode ler sobre isso nas seguintes postagens: "Pelo que luto", "Perdidos no pântano", "Desafio profético", "Por que se opor?", "Apologia ao suicídio", "Geocentrismo", "A Opção" e "Mente invertida".
Sendo a fé cristã detentora da Verdade Absoluta, é fácil partir dela para argumentar em favor do que é certo, do que é correto, do que é benigno. Simplesmente pelo fato de a Palavra ser fruto da mente do Deus Criador, ela contém as palavras essenciais para que vivamos, até porque o Deus Criador é, também, um Deus de Amor e deseja a nossa vida. Além disso tudo, há um aspecto lógico na coerência dos dizeres bíblicos, do ideal bíblico, para com a vida.
Hoje, finalmente, chegamos ao ápice da decadência mental da humanidade. A própria idéia do que é bom e mau, do que é certo e errado, passa a ser questionada. Não existe mais fronteiras entre nada, não existe mais fronteiras nacionais, barreiras morais, barreiras religiosas, barreiras ideológicas, barreiras entre o benigno e o maligno, tudo tende a ser misturado, a valor da experiência e da observação não tem significado, as palavras do sábio são desmerecidas. Da mesma forma que se compreende que tanto o cristianismo como o budismo trabalham com a Verdade, esquecendo-se de que são duas religiões antagônicas e que professam idéias largamente divergentes, portanto, só uma pode ser a correta, trabalha-se com a questão de certo e errado, de ordem e caos. Acontece que, da mesma forma que o cristianismo e o budismo se anulam, o errado anula o certo e o caos anula a ordem. Uma gota a cair na poça d'água produz ondulações no sistema inteiro, um traço caótico se alastra sem cerimônia quando cultivado.
Chegamos num momento peculiar da história humana. Geralmente, em tempos passados, o padrão moral era inflexível e benigno, quem decidia por praticar o imoral e destrutivo, sabia que estava indo contra a ordem normal das coisas, indo contra o que é bom e o fazia ciente de que, apesar dos prazeres, aquilo não era certo e o levaria à morte. Hoje, porém, o padrão moral é individual, cada um o define como desejar, cada um o manipula de forma a concordar e reforçar todo o ato, tornando-o benigno e frutífero, por mais evidente que seja o seu aspecto mortal. "Todos estão certos, todos estão fazendo o que deveriam fazer, todos trabalham com a Verdade individual". De que adianta se confortar, mas viver uma mentira? Poxa, aquilo que foge do benigno, só pode levar à morte! Isso é tão óbvio!
O homem está terrivelmente cego. Como pode considerar relativo, contestar a natureza, de uma cólera a se alastrar pela sociedade, uma ideologia regada à perversão, deturpação, destruição do normal e constatadamente bom? Como pode ser relativa a postura auto-destrutiva da nossa juventude? Enveredada em sexo deliberado e sem compromisso, em alcoolismo, drogas e lixo musical e cultural? Como pode isso ser relativo?! Somente uma sociedade profundamente envolvida em cegueira, totalmente arruinada em sua percepção, pode considerar a destruição do corpo, a aniquilação da mente, a deturpação da natureza original, a podridão moral, o suicídio indireto, a postura animalesca, bestial, a escravidão física e intelectual, a laceração interna e externa do indivíduo, como sendo algo bom, "dependendo da pessoa e de seu ponto de vista". Isso é impossível!!! É absolutamente impossível algo que estraçalha o homem possuir natureza benigna! EU FAÇO UM PROFUNDO APELO, USE UM OU DOIS NEURÔNIOS, isso é tão obvio!!
A natureza do Mal é, de modo geral, evidente. É fácil discriminar o que é naturalmente maligno daquilo que é genuinamente benigno, como se distingue gelo e fogo de olhos fechados e sem a necessidade de tocar a matéria. Ambos fazem coisas totalmente opostas, pois a sua natureza os obriga a fazê-lo, está nos seus genes, desde a Criação: o gelo esfria e endurece aquilo que envolve, enquanto o fogo aquece e consome o que o cerca. Você percebe a diferença entre gelo e fogo pela sua aparência, pelos seus rastros, pelo som do silêncio ou pelo estalar de matéria se retorcendo nas chamas. Entre o Certo e Errado há a mesma distinção... a humanidade só não consegue percebê-la, porque está anestesiada profundamente pela maldade, a ponto de seu corpo, inerte, não mais sentir a diferença entre o fogo dilacerante e o gelo arrepiante. Parecem-me mais como cadáveres ambulantes.
É verdade, às vezes o certo e o errado se confundem, não conseguimos discernir o que tem natureza maligna e o que tem natureza benigna, mas a verdade é que nunca as duas coisas serão uma, pois onde existe fogo, não perdura o gelo e onde o gelo cresce, o fogo se apaga. Nossos olhos espirituais, com o crescimento em conhecimento e comunhão com Deus, podem ser treinados para essa percepção, pois, quanto mais nos aproximarmos do Deus Vivo, mais facilmente reconhecemos e repudiamos os frutos da morte.
Há dois conceitos que você precisa compreender: existe uma muralha intransponível e inviolável entre o certo e o errado, tudo, TUDO o que existe nesse Universo, ou está naturalmente de um lado, ou de outro, depois da Queda. Não existe neutralidade, não existe meio-termo. A natureza Criada, originalmente é boa, fruto das mãos de Deus, mas, em muito, se corrompeu com a Queda da humanidade e do mundo. Desde então, há infindável luta entre os filhos de Deus e os poderes terrenos. Não adianta você arranjar argumento ou medir o grau destrutivo de determinado ato, o que é errado é errado, o que é certo é certo! Outro conceito, já previamente explanado, é relativo à origem e ao destino. O certo é fruto direto de Deus, de Seu padrão de justiça, de Sua preocupação com a vida, de Sua natureza, a própria concepção de Ordem. O errado é fruto da Queda, daquilo que, se distanciando de Deus, tornou-se Seu oposto, totalmente desprovido de Sua benignidade e Vida. O destino de quem se envereda pelos bons caminhos de Deus é, portanto, a ordem, a Vida Eterna, enquanto, dos mundanos, é a morte, o caos eterno. Aqui se explica melhor a situação calamitosa do homem mundano: sua natureza, deturpada, distante de Deus, está "geneticamente" condicionada à auto-destruição, somente para tal trabalha. Por isso Cristo fala que só conhecerá a Deus aquele que "nascer denovo", ou seja, que receber de Deus genes espirituais novos, que os condicionem à Vida. João 3:7.
Essas verdades são inquestionáveis, só há vida no Deus Criador e sempre há morte longe dEle. Mas, como se identifica o certo e o errado, mediante a incerteza? Primeiro: analise se a motivação da tua pergunta é genuína e coerente, pois se você se pergunta querendo arranjar argumentos para fazer algo, então provavelmente, ele é errado. Segundo: estude-o, observe-o: a sua origem, os seus objetivos, os seus frutos, eles dirão praticamente tudo o que você precisa saber sobre a natureza daquilo. Terceiro: veja como ele trabalha, se é coerente com o que professa, o que ele anula, o que ele ataca, há coisas aparentemente belas, mas que, com seu crescimento, encobrem coisas escancaradamente benignas ou que, diretamente, atacam aquilo que é certo, padrão de ordem. Se algo nitidamente bom está em jogo com o crescimento de um movimento aparentemente questionável, então, sem titubear, considere-o de natureza maligna, pois, a longo prazo, seu fruto será destrutivo. Repare numa coisa: não é engraçado o fato de a Palavra, de o cristianismo, passar tranqüilamente pelo crivo das perguntas, comprovando-se benigno?! Isso não acontece com nenhuma outra cultura, fé... O que, para mim, evidencia o cristianismo genuíno como a religião a pregar o Deus Verdadeiro!
Hoje vemos um movimento que define bem a idéia transmitida com as questões acima: o Movimento Homossexual. Ele, em si, não é problema meu, se mundanos querem se unir em busca de maior aceitação, pode fazê-lo, mas o grande problema vem quando trabalham contra aquilo que é, comprovadamente, bom. A deturpação do cristianismo medieval, de fato, não era fruto da verdade, mas da Queda. Me refiro ao que a Bíblia professa, sendo completamente bom. O Movimento Homossexual, em vários países do mundo, tem buscado criminalizar o considerar cristão de que o homossexualismo é pecado, tem buscado, em suma, calar a Igreja e, enquanto o faz, marcha por sobre a soberania da família tradicional. Alguns consideram o Movimento como algo bom, direitos do homossexual, outros, vêem o contrário. A reposta só poderá ser encontrada, de fato, analisando qual a natureza do homossexualismo.
Primeiro: a minha pergunta é coerente? Sim, pois vejo o tesouro familiar e bíblico sendo atacado. Segundo: qual a origem, os objetivos e os frutos? Originou-se, especialmente, na sociedade Pós-Modernista, desapegada da razão e inimiga das antigas instituições e tradições, afim de unir os homossexuais do mundo em busca de mais direitos; seus frutos resultam no ataque à soberania familiar, à Igreja e na privação dos direitos de liberdade de expressão da população em geral. Vale ressaltar que o homossexualismo burla a natureza genética, histórica e NORMAL do ser humano. Terceiro: como ele trabalha? É coerente com o que prega? O que ele anula? O que ele ataca? Pelo que vejo, simplesmente através da observação, é que o Movimento ganha espaço legal através de leis aprovadas às pressas e na surdina, para tal burlam a própria Constituição Nacional, escancarando a natureza de suas idéias. Também trabalha desferindo mentiras e censurando, pois atribui aos heterossexuais culpas que não têm e escondem as verdades sobre a inexistência do "gene gay" ou proíbem as clínicas de cura para o homossexual que quer recebê-la. O Movimento está anulando todo um padrão tradicional e moral de boa conduta e ética, pois trabalha sem ética alguma e professa idéias que entram em atrito com os fundamentos sociais. O Movimento ataca, diretamente, a Igreja e, logo, a Palavra, poço de sabedoria e verdade, alicerce inquestionavelmente benigno da sociedade de nossos pais, também agride a família da forma como ela deve ser, quebrando a interrelação frutífera entre homem, mulher e prole e a perpetuação hereditária dos valores morais. Sim, dois aspectos fundamentalmente bons de nossa sociedade tradicional estão sendo atacados pelo Movimento que é, por fim, evidentemente maligno e, portanto, produzirá, como frutos, a destruição. O Movimento não vem de Deus. Morte ou Vida não são conceitos relativos, são absolutos e, da mesma forma, traços absolutos os regem ou convergem para um ou outro.
Leitor, como cristãos, devemos, sem temor, nos levantar e alertar a sociedade cega, morta, anestesiada. Eles precisam abrir mão do relativismo moral e ideológico! Sejamos, como detentores da Vida, agentes benignos da sociedade, mesmo que, para tal, percamos nossa própria vida terrena! A Causa é maior do que nós! A Palavra é maior do que nós!! Deus é maior do que nós! Os incrédulos, perdidos, são mais importantes do que nós!! O relativismo pode mentir, dizendo que o bem e o mal são relativos, mas, não importa do que ele professe, a Verdade é Absoluta! Os critérios de Deus são absolutos! O certo e o errado são absolutos! Isso facilmente se concebe com uma análise rápida, um pouco de lógica e razão.
Com base nisso, também quero observar a igreja de nossos dias. Usando os três pontos de perguntas relatados acima, analise questões atuais que desafiam a nossa fé: a teologia da prosperidade, o cristianismo de consumo, o fanatismo, o legalismo, a libertinagem. Será que a grande parcela das igrejas, a professar idéias assim, estão sendo regidas por Deus? São, naturalmente, dEle? Evidentemente NÃO! Vêm do outro...
Mais um critério de avaliação que podemos usufruir está em Gênesis 1. O Éden, o plano e os objetivos da Criação, os frutos, tudo, tudo o que está no Projeto Original de Deus para o mundo é benigno e exemplar, é O Ideal! Se você tem dúvida em relação à algo, que perdure mesmo após o crivo acima, questione: "Deus colocou isso lá no Éden, em Seu Plano Original?" Lá havia HOMEM e MULHER, com o objetivo de se auxiliarem e terem filhos, sendo o homem, cabeça da mulher. O homem deveria dominar sobre a natureza, aproveitá-la, mas respeitá-la. O homem deveria trabalhar, cuidando do que tinha, mas não se deixar consumir pelo trabalho. O homem deveria escolher ter uma comunhão intensa e diária com Deus. O homem deveria ser sincero e transparente com o Pai. O homem não tinha nada o que ocultar e nada de que se envergonhar. Era tudo puro e belo. É claro que nem tudo pode se revolver aqui, mas a questão do homossexualismo, dentre outras, evidentemente sim. Conceba que os planos de Deus, depois da Queda, são de um retorno à perfeição do Éden.
Por fim, há outro crivo, esse é o derradeiro, esse é válido para toda e qualquer circunstância, abrangendo todo o mínimo passo que dermos, tudo em que devemos acreditas, a forma como devemos fazer: "Em meus passos, o que faria Jesus?" Aqui, certamente, não lhe restarão dúvidas. Perceba que Cristo, antes de tudo, fazia tudo conforme o padrão de Deus!
Leitor, espero que isso tudo tenha te esclarecido algumas coisas, te faça rever tua postura nalguns momentos, como a mim fez. Professemos essa verdade novamente! O nosso mundo atual morrerá rapidamente se não se lembrar de que o errado mata!! Usufruamos da razão para relembrá-los, sejamos apologetas da Vida! Dessa forma também mudaremos a igreja, para que a Obra se alastre de forma mais efetiva, duradoura e profunda, por amor à Cristo, por amor à esse mundo, por amor aos incrédulos, por amor aos cristãos!!
Natanael Castoldi

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