De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

domingo, 8 de maio de 2011

Passado perdido

O que é, de fato, o cristianismo? Como deve ser praticado? Por que deve ser praticado?! Algo que percebi ao iniciar o curso de teologia é que eu mesmo, filho de pastor, não compreendia completamente, ao longo de 18 anos num sóbrio ambiente cristão, qual a lógica, a razão fundamental da minha fé. Sim, sempre soube de toda a questão do sacrifício de Cristo e etc, tudo aquilo que tenho falado e defendido no blog de quase um ano pra cá. Mas o que notei em mim é que antes via a Bíblia, principalmente o Antigo Testamento, como uma coletânea de histórias esparsas, sem uma ligação medular entre elas, uma série de eventos e exemplos históricos, mas sem uma razão fundamental a ligá-los, assim como o Novo Testamento começa solto, desapegado de muito do Antigo. Descobrindo que a realidade é outra, achei interessante fazer um breve panorama da fé cristã.
História:
O cristianismo, a fé no Cristo, de certo modo, tem sua raiz no Gênesis. Por que? Assim que Adão e Eva pecaram, amaldiçoando a humanidade pelo pecado, Deus lançou a primeira e fundamental promessa messiânica: da semente da mulher viria um homem apto a pisar na cabeça da serpente, ou seja, Satanás (Gênesis 3:15). Desde então, nutriu-se a esperança pelo nascimento desse tal prometido. Vê-se desde o nascimento do primeiro filho de Eva, essa esperança (Gênesis 4:1) e, quando morto Abel e perdido Caim, noutro filho, Sete (Gênesis 4:25). O nascimento de Noé veio nutrido dessa mesma esperança (Gênesis 5:28-29).
Deus, então, depois do Dilúvio, escolhe alguém de caráter para dar andamento a promessa que fez na Queda. Abraão é o escolhido e é levado por Deus o local por Ele determinado. Nesse momento Deus faz uma Aliança incondicional com Abraão: uma incontável descendência, uma terra para esse povo e, tal povo, sendo como uma bênção para todas as nações (Gênesis 15). À partir dessa aliança, Deus trabalhou. Com o primogênito de Abraão com Sara, Isaque, Deus renova a Sua tríplice promessa com Abraão (Gn 27:27-29). Isaque torna-se pai de Jacó, cujo nome é mudado por Deus para Israel, com quem Deus prossegue com a Aliança Abraâmica (Gn 28:12-15). Jacó é pai dos pais das 12 tribos de Israel. Dos filhos de Israel, o Messias, a quebrar a maldição do pecado, viria da descendência de Judá (Gn 49:10).
José, filho de Israel, é vítima de um complô de seus irmãos, sendo levado como prisioneiro para o Egito, onde, guiado por Deus, se levanta como intérprete de sonhos e cresce, pelo seu caráter, a ponto de se tornar governador. Sábio administrador, organiza a nação para resistir aos sete anos de fome que assolaram toda aquela parte do mundo. Pela fome, Deus leva os irmãos de José para o Egito, atraz de alimento e os faz reencontrarem-se com aquele que tentaram matar. Recebidos com amor pelo irmão, os pais das tribos de Israel instalam-se numa fértil terra, ali as famílias se multiplicaram.
Alguns séculos depois, uma nova dinastia surge no Egito e o novo faraó desconhece a história de José e o compromisso egípcio para com seus irmãos e, temendo os hebreus, sendo milhões, o faraó os escraviza e submete a trabalhos cada vez mais duros. O apogeu do medo egípcio com um levante hebreu se dá com uma ordem para que sejam mortos todos os homens recém-nascidos de Israel. A mãe de Moisés, ciente disso, o coloca num cesto e larga-o no Nilo, acabando por ser recolhido pela princesa do Egito e criado como filho dela. Dotado da melhor educação da época, mas indignado com a opressão egípcia para com os hebreus, Moisés, já adulto, acaba matando um soldado egípcio que agredia um escravo e foge para o deserto. No deserto Deus se auto-revela a Moisés e o instrui para voltar ao Egito e libertar os hebreus através de Seu poder.
Para libertar seus irmãos, Deus lança, através de Moisés, as famosas 10 Pragas, sendo a última, por fim, a morte dos primogênitos do gado e dos homens das casas de todos os que não mancharem de sangue as suas portas, sangue do sacrifício de um jovem e perfeito cordeiro - uma prévia de Cristo. Essa é a primeira páscoa. Com isso, o Egito liberta os hebreus... mas o faraó se arrepende e persegue seus ex-escravos. Todo exército do faraó morre no Mar Vermelho.
No deserto Deus faz com Moisés uma aliança e entrega a Lei. Essa aliança com Israel, porém, é condicional: se os israelitas se prostrarem e seguirem os estatutos de Deus, serão abençoados, caso contrário, amaldiçoados. Todo o processo de libertação e peregrinação no deserto se dá com o objetivo de retornar à terra do patriarca Abraão, Canaã. No deserto Deus separa os levitas para o exclusivo serviço no Tabernáculo. Deus queria estar com o Seu povo, mas não habitando em meio à impureza.
Na entrada de Canaã, o povo se atordoa pelo medo dos cananeus. Pela pouca fé, Deus, apegando-se a Aliança Abraâmica, incondicional, mantém-se ao lado do povo, mas através da condicional Aliança Mosaica, põe todo o Israel a peregrinar no deserto, para que pereça a rebelde geração que saiu do Egito e se renove o povo. Josué, um dos poucos que teve fé perante os cananeus, é instituído líder de Israel quando retornam à Canaã. Em Deuteronômio 18:15,18-19, novamente há a promessa de um Messias. Após o longo discurso de Josué, o povo de Israel entra em Canaã como uma indomável avalanche. Mas a dominação é parcial: Israel governa a região politicamente, porém algumas grandes cidades cananéias persistem como resistência.
A cólera do paganismo cananeu acaba por contaminar Israel. O povo abandona Deus e adentra cultos pagãos, por isso Deus chama juízes regionais para enfrentar os inimigos de Seu povo e fazê-lo retornar aos termos da Aliança. O povo de Israel, descontente, por fim, pede ao juiz Samuel um rei para Israel, Saul é posto como senhor, mas não é de Judá, é de Benjamim. Então surge Davi, como o escolhido do Senhor, vindo de Judá. Após derrotar Golias e, logo, os filisteus, Davi ganha popularidade. Saul, com medo de perder o trono, persegue Davi, que foge por anos e agrega seguidores, além do poder político ao sul da nação. Saul morre em batalha e Davi é consagrado rei. Uma nova promessa messiânica é lançada: o Messias virá da descendência de Davi (2Samuel 7:12-13). Essa é a Aliança Davídica.
Com o povo de Israel novamente adentrando idolatria, através da depravação de Salomão, Deus divide a nação em Norte e Sul e permite que os dois reinos sejam continuamente subjugados pelas potências vizinhas. Nesse período Deus chama profetas para alertarem sobre o julgamento de Israel, mas, também, pelas alianças Davídica e Abraâmica, promete também uma posterior prosperidade e o Messias como rei salvador (Miquéias 5:2-15; Isaías 9:1-7). A nação segue subjugada pelos assírios, babilônios, persas, romanos... O judeu, então, vê o Messias prometido como um libertador político para Israel. Jesus, descendente de Davi, como homem, nasce nesse contexto. A princípio é fortemente aclamado como Messias, mas, por fim, os judeus se decepcionam, vendo que Jesus não tinha vindo como um rei libertador do domínio estrangeiro, por isso é crucificado -curiosamente na páscoa. Seus discípulos e outras pessoas fortemente tocadas pela sua vida, iniciam a igreja, consolidada no Dia de Pentecostes. Jesus veio como aquele a quebrar a maldição do pecado e virá novamente como um poderoso rei, a libertar-nos desse mundo e nos levar para as terras onde reinará eternamente. Eis a Nova Aliança.
Esse é o resumo da essência bíblica. Essa é a história da Bíblia, a história do mundo: a espera do Messias, o anseio pela quebra da maldição do pecado.
Espero que, com essa seqüência lógica, saiba analisar melhor essas histórias dos "messias" de hoje. Discernir com mais precisão o que está dentro e fora do enredo.
Diferencial:
O cristianismo tem três aspectos únicos e peculiares: aquilo que prega já foi testado com integridade pelo seu mestre maior, Cristo; no cristianismo, ao contrário do que se vê nas outras religiões, Deus BUSCA o homem para saná-lo de sua impureza, afim de reformar a Criação, rumando à perfeição original; nosso Deus fez-se homem e padeceu de todas as dores e tentações humanas, nosso Deus não é um Buda, sempre sorridente e à parte do sofrimento humano. A imagem do nosso Senhor, em oposição aos intocáveis ídolos hindus, é de um homem prostrado, de um servo caído ao chão, torturado, a padecer de toda a espécie de sofrimento que nós também podemos padecer - assim como a de um rei vindouro, exacerbado em poder. Um Deus que conhece nossas necessidades e pode nos amar profundamente, já que Ele mesmo passou pelo que passamos. Esse é o Deus cristão.

Lógica:
Deus, ao criar o homem, queria mantér um relacionamento genuíno conosco, por isso deixou as portas do Éden abertas para que pudéssemos sair de Sua presença, se assim desejássemos, mas, também, alertou sobre o fato de que, distante dEle, não há vida, somente morte. Disse isso ao falar sobre o Fruto Proibido. Mas o homem, mesmo assim, comeu do Fruto, optou. Deus prometeu a morte se fizesse isso e, no dia da Queda, Ele mesmo sacrificou um animal, afim de vestir Adão e Eva, indicando, desde já, que o pecado exige sacrifício.
O homem deveria morrer como pagamento pelo pecado, mas Deus substituiu a morte humana pelo sacrifício animal. Apenas o derramamento de sangue, a morte, poderia pagar. Desde já, Deus cria o caminho para a vinda do Messias. Jesus foi o sacrifício de Deus para cobrir e pagar o pecado de toda a humanidade, abolindo a necessidade dos sacrifícios animais, destituíndo os sacerdotes como intermediários entre Deus e o homem, tornando inútil a função do Templo de Salomão, já que, agora, o discípulo de Cristo, em congregação, tornava-se Templo do Espírito. Mateus 27:50-51.
Aceitando o sacrifício de Cristo, estamos salvos. Confessando diretamente à Ele, conseguimos o perdão de nossos pecados. Hoje esperamos pelo Retorno do Messias, que levará Sua "noiva" com Ele para o Paraíso, para o "Novo Éden".

O símbolo:
Acima de todos os símbolos do cristianismo, ficou a cruz, representando o momento máximo de nossa história, o dia em que todo o pecado humano fora encoberto, pago pelo sacrifício do Cristo. O dia esperando desde a Queda. Mas, além disso, a cruz nos remonta a como deveria ser nossa vida cristã: dor, sacrifício, submissão. Ali, no momento máximo de Jesus aqui, vemos nosso exemplo fundamental. Nosso Mestre exposto, pregado, cercado. As feridas abertas, lágrimas a escorrer pelo rosto. O dia do derradeiro sacrifício, por amor.
O Salvador nos foi exemplo máximo conduta cristã, um servo totalmente dedicado à sua missão aqui. Não tinha nem ao menos onde reclinar a cabeça (Mateus 8:20), lavou os pés de seus discípulos! (João 13:1-16) Nosso Senhor foi até o limite e resistiu até o fim, sacrificou-se! Então eu vejo cristãos requisitando riquezas, dizendo que "são filhos do Rei", evitando servir aos outros num ato de humildade -apenas buscando seu próprio lucro- e distantes de qualquer possibilidade de se sacrificarem pela Obra. Que cristãos são esses? Nem sei porque os chamo de "cristãos".

Missão:
Marcos 16:15-20. A "benção para as nações", prometida à descendência de Abraão, constatada em Cristo, é essa: toda a humanidade passa a ter acesso à remissão dos pecados através do Messias. João 3:16. Eu fui abençoado pelo cumprimento da promessa de Abraão, pois não faço parte do "povo escolhido", mas estou salvo pelo sacrifício de Cristo. Meu papel, portanto, é levar a Boa Nova aos que ainda não aceitaram o Salvador.
Jesus, tendo ciência da necessidade do prosseguir daquilo que aqui pregou, implantou a igreja, que representa o seu corpo e transmite sua Palavra Viva. A igreja passa a dar seqüência ao trabalho iniciado por Cristo, levando o Evangelho ao mundo inteiro. Esse é o papel da igreja, exclusivamente esse. O que vemos por aí, a instituição capitalista, a empresa lucrativa, em que a igreja se tornou, não tem nada para com os planos ou a ação de Cristo.
A congregação instituída por Cristo não vem para trabalhar para homens, vem para o serviço de Deus, na qual Ele fundamenta uma sociedade onde os cristãos procuram amá-Lo em conjunto e, em conjunto, amarem-se uns aos outros. Todos escolhendo viver, como Cristo, em submissão aos próximos, aniquilando as inimizades, as diferenças, o orgulho. Aqui Deus molda nosso caráter, para nos tornarmos excelentes. O Igreja serve para moldar os cristãos e, como conseqüência, atingir os incrédulos. Veja: um muro de pedras só fica firme se todas se encaixarem perfeitamente mas, para tal, cada uma deve ceder e deixar-se, mesmo pela dor, esculpir pelo construtor.
Ainda acima da função da Igreja, está aquele que a dá vida: o Espírito Santo, que desceu à Terra em definitivo no Dia de Pentecostes e agora vive constantemente nos cristãos, facilitando com que conquistem algo que nunca, jamais, conseguiriam atingir por conta: o caráter de Cristo. Através disso, a própria missão da Igreja é facilitada, pois ela se enche de cristãos repletos de amor, senso de submissão e sacrifício.
Mateus 5:13-16 nos mostra como devemos ver nossa missão aqui. O sal só será eficiente se for colocado no lugar certo, se sacrificar-se a si mesmo, para salgar o alimento. O sal não terá efeito algum se não for colocado no alimento que o necessita. Da mesma forma, devemos ser como uma cidade edificada na montanha, para onde fugirão e se refugiarão aqueles que habitam as trevas das cercanias, quando apavorados. Só estando no lugar certo, seremos úteis... e o lugar certo, geralmente, não é um lugar fácil. Como atingir os incrédulos, senão no ambiente de trevas e dores profundas em que estão?
No mesmo capítulo de Mateus, nos primeiros versículos, Jesus instrui sobre como, sendo cristãos, devemos viver nesse mundo e alerta para a contínua perseguição que deveremos padecer, já que enfrentaremos um mundo inteiro de caos e perdição.

Esclarecimentos:
Os cristãos de hoje são, de fato, uma vergonha. Abandonaram os fundamentos básicos da fé cristã. Dizem serem discípulos de Cristo, mas seguem Satanás. Seriam estes, de fato, cristãos? O que de fato é ser cristão? Ser cristão é perseverar naquilo que se falou no momento da conversão: "Creio em Jesus como meu Senhor e Salvador". Simples dizer, mas seguir... é outra coisa. Vou citar dois pontos da postagem "A visão de um jovem":

Reconhecer Jesus como Senhor e Salvador de fato. A palavra “senhor” significa, literalmente, “dono”, até porque Ele nos pagou com o Seu sangue vertido na cruz e, ao aceitarmos esse pagamento, somos comprados por Ele. Um cristão que reconhece que Jesus é o seu dono não pode, simplesmente, ir contra aquilo que Ele pregou e instruiu, aquilo que fundamentou a Igreja Primitiva. Reconhecendo Jesus como dono e seguindo-o de fato, os alicerces para a volta da Igreja Primitiva são lançados. 2 Pedro 1:11.
Cristão também significa “pequeno cristo”. Jesus, então, vai muito além de “dono”, torna-se, também, mestre. O discípulo não deve apenas obediência ao mestre, como ao dono, mas deve respeito, deve honrá-lo e sempre se prostrar perante seus ensinamentos sábios e vitais. Alguém que se diz “pequeno cristo” precisa, necessariamente, seguí-Lo e ser seu discípulo, além de possuir alguma semelhança com Ele, já que é uma “versão pequena” dEle. Se adquire semelhança no convívio intenso, buscando ser como o Mestre e absorvendo todos os ensinamentos que Ele mesmo praticou quando esteve na Terra. Quem se diz cristão, mas caminha fora dos trilhos de Jesus, não o é de fato. Quem não atenta, em seus atos, para “o que Jesus faria”, é senhor de si mesmo, egocentrista. Atos 1:8; João 10:3-4.
E, por fim, o que significa "crer"? Os cristãos de hoje têm uma idéia pífel do que é cristianismo. Tudo parece nada mais do que o perdão dos pecados e receber a Vida Eterna. Alguns incluem a necessidade de sentar no banco da igreja. Quem age assim, além de um grande egoísta, está paralisado, morto em fé, já que não se mexe para fazer nada além de rituais estúpidos, baseado num suposto conforto de eterna garantia de salvação. Ao que parece, esses não crêem em Cristo, pois, se realmente o fizessem, teriam mais temor. Também parece-me que sua fé se baseia, exclusivamente, na busca por um conforto psicológico, o que não tem valia alguma.
Quem diz crer em algo, só o prova se fizer o que aquilo em que "crê" orienta. Como li noutro lugar: "crer implica seguir, e seguir implica agir". Como pode crer em Cristo alguém que pratica aquilo de que se agrada Satanás? Como pode crer em Cristo alguém que fica sentado na poltrona o dia inteiro, cuja vida espiritual se resume a uns poucos metros de caminhada semanal?! Não, esses não crêem. Sua fé é questionável. Sua salvação é questionável.

O interesse pela Bíblia:
Ouvi dizer e constato: a Bíblia é o único livro que, quando você estuda, ele estuda você. Baseie-se, acima de tudo, na Palavra. É fácil identificar um cristão de verdade através disso: aquele que lê continuamente a Bíblia, poderá, sim, falhar, mas estará sempre se corrigindo e buscando crescer. Aquele que não lê, pratica a libertinagem sem remorso. É possível se dizer cristão, ao desprezar o livro fundamental de nossa fé? A carência de cultura bíblica culmina num povo que adora a um deus que desconhece.
Estude a Palavra, reflita, pense. Umas das falhas da igreja hoje é ficar divagando em demasia por sobre textos óbvios, afim de conciliar a Palavra à sua vontade como instituição. Aprofunde-se com auxílio de um mestre, mas, também, sozinho, para que tu mesmo tire as conclusões -depois verifique-as com outras opiniões. Geralmente, a primeira impressão que você tiver, através da análise sóbria de uma determinada passagem, será a impressão que o ouvinte original teve ao se deparar com a mensagem, concebendo exatamente aquilo que ela desejou dizer. A teologia, muitas vezes, falha ao partir do pressuposto de que os ouvintes originais tinham carga teológica vasta o suficiente para analisar e encontrar a lógica em passagens, supostamente, paradoxais. Mas não, geralmente eram cristãos novos e inexperientes. Aquilo que leram e entenderam, era aquilo que deveriam ter lido e entendido. É claro, como não somos o leitor original da carta ou livro, não temos ciência natural de todo o contexto histórico e literário da passagem, para isto serve a exegese -análise do texto da forma como os leitores originais o compreenderam.
No curso que faço, recebi instruções maravilhosas para a análise sóbria de determinada passagem bíblica. O esquema fundamental divide-se em dois princípios: temporal e eterno e em dois períodos: ouvinte original e ouvinte atual. A análise do texto começa pelo princípio temporal e no âmbito do ouvinte original, através da observação do texto; em seguida parto para o princípio eterno, interpretando-o e, ainda no princípio eterno, confirmo minha interpretação com outras passagens bíblicas para, no final, retornando ao princípio temporal, mas no âmbito do ouvinte atual, encontrar a aplicação daquilo que analisei. Quase todas as heresias, sacanagens e outras bobagens tiradas da Bíblia surgem da desonestidade do leitor, que, carregado de intenções, pula algum ou alguns desses pontos.
Na postagem, "A visão de um jovem", também comento algo sobre a Bíblia:

Sola Scriptura (2Samuel 7:28; Tito 1:2; Hebreus 6:18). A Bíblia é autoridade infalível e máxima em questões de fé e prática. A tradição pode existir, isso se for filtrada pela Palavra e, também, se estiver em posição de autoridade muito abaixo das Escrituras. O cristão deve se submeter à Palavra e creditar nela e na revelação do Espírito Santo, em seguida, então, pode se apegar a traços de sua tradição cristã e nos irmãos em Cristo. Aqui entra a fé individual, do cristão para com Cristo, diretamente, deve-se evitar ter o pastor como o pai que alimenta e sem ele não há vida. O cristão deve se submeter e buscar auxílio no pastor, mas sua vida espiritual só pode depender daquele que o salvou, Jesus. Lucas 4:4; Josué 1:7-9.
Conclusão:
Bom, aqui está resumido o essencial. É importante compreender a história e a razão daquilo que segue, para que entenda aquilo que se faz hoje. É importante esclarecer tua postura e teu papel como cristão. É importante ressaltar os fundamentos básicos da tua fé. Lembre-se: tudo o que ver e ouvir acontecendo por aí nas igrejas, que passe pelo crivo da Palavra, que passe pelos conceitos básicos e óbvios que aqui descrevi.
Pontos a considerar:
-A vida cristã é uma vida sem promessa de prosperidade material. É uma vida de sacrifício, honra.
-A Igreja não foi instituída para erguer um reino industrial e empresarial. Apenas para levar a Boa Nova e servir de exemplo, fugindo da hipocrisia.
-A tua vida é menos importante do que a vida da congregação. Abra mão de teus caprichos e frescuras em nome da Causa Cristã. O individualismo consumista é totalmente contrário ao Evangelho, totalmente contrário ao exemplo de Cristo.
Muito do bom cristianismo se perdeu, seus fundamentos essenciais foram esquecidos. Como chegamos à esse ponto?!
Escrevo-te tudo isso, leitor, para que, junto comigo, começe a lutar em prol de um regresso ao "passado perdido" do cristianismo, à essência, ao ideal da fé cristã, abandonado há séculos e, hoje, enterrado abaixo de metros de arrogância e maldade humana. Tomemos a Espada, enferrujada pelos séculos sem uso, perdida, esquecida...
... Chega a nós a arma letal de nossos antepassados, a arma dos reis, dos grandes heróis e guerreiros de que nos lembramos. Hoje a velha Espada está despedaçada, servindo de memorial ao passado glorioso, não mais empunhada. Os homens estão vivendo sem ela, lutando sem ela. Eu, você, a reforgemos! A levemos para a Guerra! Só com ela pode haver vitória!
Escrevo isso lembrando-me dO Senhor dos Anéis. Quando Sauron forja o Um para conquistar a Terra-Média, os Povos Livres unem-se em resistência, homens e elfos enfrentam a corja de Sauron no sopé da Montanha da Perdição. Isildur, empunhando a espada Narsil, consegue derrotar Sauron e tomar o Um. A espada, destruída, é guardada, sem uso. O Um torna-se sua "arma", tentando usar do artifício maligna para destruir o Mal, a humanidade perde-se. Quando Sauron retorna à procura do Um e a Guerra do Anel chega no limite, um passo para a derrota dos Povos Livres, a Narsil é reforjada pelos elfos e entregue novamente nas mãos de um rei de Gondor, o descendente de Isildur, Aragorn, sob o nome de Anduril. Com ela, Aragorn pôde requisitar o auxílio de exércitos jazidos pela traição milenar. Com ela, Aragorn livra Minas Tirith de Sauron. Da mesma forma, revivendo a Palavra em nós, tirando a poeira que se alojou nela através de uma postura cristã de séculos valorizando mais o Mal do que Deus, convertamos DE FATO os incrédulos, jazidos no caos, afim de marcharmos lado-a-lado para a Guerra, enquanto esperamos o Retorno do Rei. Devemos rumar para as Sendas dos Mortos, lá exerceremos nosso chamado, lá reuniremos o exército, a noiva de Cristo!
... E a "noiva" deve estar pura, intacta, esperando o Esposo! Não façamos em nós como fez Israel ao conquistar Canaã: deixar focos de maldade cananéia! Esses pequenos pontos de resistência maligna vieram a contaminar terrivelmente toda a nação, conforme os israelitas foram se acostumando, conformando e, por fim, aderindo ao paganismo! Sejamos puros por completo!! Lutemos ferozmente contra todo foco de maldade em nós, para, então, estarmos fortes o bastante para lutar contra o mal que nos atinge de fora! E pregarmos uma fé sem hipocrisia! Uma fé guiada pelo Espírito Santo! -Qual "noiva"?-
Salmos 24:8 e Salmos 18:34
"Quem é este Rei da Glória? O SENHOR forte e poderoso, o SENHOR poderoso na guerra." "Ensina as minhas mãos para a guerra, de sorte que os meus braços quebraram um arco de cobre."

Natanael Castoldi

Leia também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário