De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sucessão religiosa

A religião. Assunto polêmico, complexo, profundo. A psicologia diz ser fruto do medo, do instinto, da necessidade do homem em sentir-se seguro psicologicamente, principalmente no mundo hostil de nossos ancestrais. A ciência se divide em duas, uma delas, que parece não ser científica (e, logo, "não-ciência"), afirma a religião se fruto evolutivo, trabalhando com a questão da necessidade instintiva do hominídeo ancestral em explicar o mundo ou se confortar -uma dedução por sobre uma teoria nunca observada-, a outra parte, como ciência observada, está encontrando traços religiosos inatos no ser humano, como algo que fora colocado na raça humana, não obtido, mas intrínseco em nós desde nossa origem, parte de nossa natureza. As próprias religiões trabalham com explicações, segundo suas estruturas, mas, de modo geral, concordam com um ser humano criado por um deus específico e, simplesmente por isso, possuidor de um anseio religioso que transpassa a sua vontade, que o é natural e, praticamente, involuntário. Eu, óbviamente, me detenho mais na explicação bíblica, judaico-cristã, mas, trilhando a apologética cristã, não posso apenas me deter nisso.
A questão é que a psicologia trabalha com uma verdade: a necessidade religiosa é instintiva em nós, a religião, de fato, nos é um escape, uma fonte de conforto, segurança e uma maneira de explicar e conceber o mundo complexo a nossa volta. Nesse aspecto a psicologia se enquadra com a visão científica observada, não a mitológica/evolutiva, de que a religião nos é inata, o aspecto espiritual faz parte de nossa humanidade e não é aprendido, é natural, da mesma forma como a ciência está encontrando, em nosso cérebro, uma área específica onde se armazena o senso moral e ético humano, fruto da obra do Criador, a nos programar para tal. A explicação cristã para a origem da religião é coerente com essa história: criados por Deus à Sua imagem e semelhança, possuímos um espírito que, originalmente, se liga ao Criador, espiritual, e se alimenta de Sua fonte, a Queda e o afastamento de Caim e sua descendência, promoveu um distanciamento do homem para com Deus, que fez o espírito humano padecer de uma necessidade, fome, incontrolável, culminando em insegurança e temor. Conforme o homem, distante de Supridor, migrou para o mundo selvático, se tornou mais selvagem e esqueceu completamente de Deus, porém seu espírito continuou clamando por algum senhor de caráter espiritual a quem se prostrar.
Na ignorância, mediante um mundo assombroso, vasto e incompreensível, as religiões animistas ganharam forma. O homem precisava, instintivamente, se prostrar perante algo. Ao mesmo tempo, uma legião incontável de demônios, anjos caídos, provavelmente em número maior do que a própria humanidade nos primórdios, seduziram das mais variadas formas e aprisionaram o homem em inúmeras outras religiões, nas quais tais demônios compunham os panteões e exigiam determinados sacrifícios, segundo as suas características e a sua atuação. Assim o mundo Pré-Diluviano fora completamente contaminado, sobrando apenas a família de Noé a preservar o culto ao Deus Criador. Depois do Dilúvio recomeçou o trabalho satânico, enquanto Deus, evitando que o Mal contaminasse a humanidade cedo demais, selecionou um determinado povo para que protegesse com mãos de ferro. O processo de formação religiosa no Pós-Dilúvio deve ter se assemelhado ao do Pré-Dilúvio, exceto pelo fato de, no pós, já haver um alicerce pagão mais bem assentado.
Um fato interessante a ser considerado está no tipo de religião e sociedade segundo a proximidade com a Turquia e Mesopotâmia, onde a civilização ressurgiu primeiro no Pós-Dilúvio: como centro cultural, tecnológico e político do mundo, cujos povos mais antigos possuíam fresca e documentada a herança de seus ancestrais Pré-Diluvianos, as religiões possuíam um caráter muito mais relacionado à ação demoníaca crua do que a adoração da natureza em si, como vastidão desconhecida, enquanto o animismo era mais comum nas terras mais distantes, conforme o nível de conhecimento e tecnologia dos colonizadores - em meio à natureza selvagem, o homem decaí intelectualmente.
Pela proximidade com o núcleo político e científico mundial, as nações da costa oriental do Mediterrâneo, à partir da Mesopotâmia e Palestina, tenderam a fundamentar religiões mais complexas, com um relativamente grande grau de filosofia e busca por conhecimento. As religiões originais das terras gregas e itálicas, egípcias, palestinas e mesopotâmicas, portanto, uniram a necessidade humana de se prostrar a uma entidade espiritual ao conhecimento de mundo relativamente fresco na mente dos primeiros povos Pós-Diluvianos. Por exemplo: à partir da Ásia Menor, o homem desceu, se instalou e multiplicou nas terras férteis dentro o Tigre e o Eufrates e em Canaã, Palestina. Coincidentemente, a cidade mais antiga de que se têm conhecimento fica na Turquia, Çatal Hüyük e, na seqüência, Mesopotâmia: Jericó, Biblos, Damasco, Ur, Uruk... Depois dessas regiões, o restante do Crescente Fértil foi atingido no Egito, temos a cidade de Medinat-Al-Fayoum e, ao norte da Índia, Mohenjo-Daro e Varanasi. Há uma seqüência de colonização perfeita. Desse ponto, chegamos na Grécia, com a origem de Atenas. À princípio, reinos primitivos certamente fundavam aldeias e feitorias em terras distantes, para mantér comércio, tirando proveito das riquezas locais, facilitando o isolamento de povos colonizadores. A Dispersão, com a destruição de Babel e a confusão das línguas, deve ter facilitado essa expansão pelas terras próximas, pela costa Mediterrânea.
Cada povo, isolado num ambiente inóspito, com a carga religiosa de seu povo original e a natureza religiosa inata no homem, acabou criando a sua própria religião, mas preservando a essência geral, note que os panteões das religiões antigas da região Mediterrânea se assemelham nalguns aspectos. As necessidades instintivas de se suprir religiosamente estavam supridas. Perceba mais: os povos mais desenvolvidos da América Pré-Colombiana, como maias, astecas e incas, possuíam panteões mais complexos, frutos de seu desenvolvimento, que os diferenciava doutros povos do continente. O mesmo aconteceu, aos poucos, no norte da Europa e na porção continental da Ásia.
Você pode não concordar com a minha idéia sobre colonização do mundo, baseada no Pré e Pós-Dilúvio, mas há de conceber: desde a origem evidente dos povos, com seus genes originais, as suas respectivas religiões surgiram e se encorparam com o tempo -nunca um povo simplesmente largou a sua religião original. Os gregos, em sua origem, principiaram e cultivaram a sua religião fundamental até o fim da Antiguidade, assim como os egípcios - as grandes mudanças que sucederam se deram com o engrossar dos panteões conforme os povos se ligavam ou dominavam outras nações. Roma é um caso mais particular, pois tendo vertente grega, a sua religião fundamental é grega, havendo poucas diferenciações. É nesse cenário, o dos panteões gregos e romanos e do judaísmo que surge o cristianismo. Aqui acontece algo peculiar, uma novidade na história humana.
Bom, as religiões se originam pela necessidade espiritual humana, pelo seu instinto. A religião grega surgiu assim, desde os primórdios dos helenos, Roma aderiu ao panteão grego dentro de sua necessidade religiosa e o judaísmo compreendia, basicamente, o povo judeu, escolhido por Deus e remanescente religioso desde O Princípio -também, é claro, não deixava de ser uma religião a suprir as necessidades instintivas de seus fiéis. Ao meu ver, o cenário Mediterrâneo, principalmente na parte oriental, estava totalmente suprido religiosamente, isso pra não dizer... saturado. Religiões milenares, primais, originadas e encorpadas nas respectivas terras em que seus povos ainda viviam -os egípcios, mesmo dominados, ainda mantinham traços significativos sua fé primordial, assim como os gregos e judeus. Essas religiões, antiqüíssimas, ricas em explicações e concepções sobre o mundo, já bem testadas e estudadas pelos seus fiéis, pareciam ter provado sua suficiência para garantir as necessidades espirituais e instintivas dos povos que as detinham. Enquanto nessa parte da Europa as religiões se viam sofisticadas e complexas, conforme a idade e o conhecimento das nações, em boa parte do mundo -exceto no subcontinente indiano, Império Chinês, Japão e América Central- povos jovens e rudimentares ainda padeciam de necessidades espirituais, com religiões bem pouco profundas e satisfatórias. Mas não, o cristianismo despontou logo na região menos "necessitada".
É claro, os judeus esperavam O Messias, mas esperavam um governante poderosíssimo e rodeado de ouro. Jesus chegou como o oposto. Um homem pobre -nascido num estábulo-, de aparência rude, filho de um carpinteiro e de uma mãe que o concebeu virgem -o que, aos judeus, deveria soar duvidoso-, um andarilho rodeado de pescadores, homens do campo ou de cidades poucos relevantes e seguidos por mulheres, que, na época, eram tidas como traiçoeiras. Jesus, aquele que dava atenção e demonstrava compaixão por prostitutas, paralíticos, cegos, samaritanos, ladrões, que respeitava a autoridade de César e que valorizava as crianças -que, na época, eram tratadas como "mini-adultos". Jesus, amigo próximo de João Batista, homem louco aos padrões da época. Jesus, aquele que teve a ousadia de afirmar que o Templo ruiria. Jesus... na época, boa parte dos judeus, com base em sua errônea concepção do Cristo, acharia o cúmulo da loucura e ousadia alguém como Jesus dizer, abertamente, ser o Messias. No entanto, o homem que entrou montado num simples jumento em Jerusalém, fez multidões o seguirem. Motivo? A sua mensagem, o seu exemplo, o seu poder, a sua sabedoria foram atributos que validaram a pessoa que dizia ser, havia coerência em suas palavras.
É claro, por não ser aquilo que os judeus esperavam, as multidões que outrora o seguiram acabaram por crucificá-lo, com a influência dos fariseus, estudiosos da Lei. Foi, porém, na crucificação que aconteceu o fato derradeiro: os tremores, a escuridão e o rasgar do véu do Templo. Nessa hora os próprios soldados romanos se culparam por terem, realmente, crucificado o Filho de Deus (Mateus 27:54). Os apóstolos e outros seguidores de Cristo não tardaram e divulgar as palavras do Messias. Imediatamente houve perseguição da parte dos judeus. Quem arriscaria a vida por algo que não valesse a pena? Quem, na época, morreria em nome de alguém que não existiu ou que foi pouco importante?! Leitor, conceba uma coisa: o cristianismo teria tudo para dar errado se não tivesse sido instituído aqui pelo próprio Deus, apenas a evidência sobrenatural fortíssima, o testemunho ocular do Cristo, poderia fazer uma nova e derradeira religião despontar nos solos áridos da fé judaica e na porção mais bem servida de religiões do mundo da época.
A fé cristã explodiu sem demora, como um vagalhão se alastrou, igrejas não tardaram a se expandir pela costa mediterrânea, a perseguição não impediu o avanço. O sistema de ruas e a paz constituída pelo Império Romano facilitaram a disseminação do cristianismo que, fora do controle do imperador, transpassou os portões do palácio em Roma, havendo documentação de que legionários da guarda pretoriana, a elite particular do dono do mundo, aceitaram a Cristo. Somente um evento poderosíssimo e divulgado por milhares de testemunhas oculares, causaria tamanha revolução. Somente a vida de Cristo, aliada aos retumbantes ocorridos com sua morte e a evidência palpável de sua ressurreição, fariam a Boa Nova se espalhar com tamanha velocidade, ousadia e boa-vontade. Nenhum movimento religioso e meramente humano, por si só, poderia ter causado esse rebuliço todo num mundo profundamente alicerçado e regido por religiões milenares. Nem as perseguições promovidas por imperadores insanos e completamente avessos ao cristianismo impediram o avanço da retumbante fé. Imagine! O Messias, prometido desde a Queda, estivera entre eles, ele realmente veio à Terra! Isso, sem dúvida, comoveu e tornou temerário todo o judeu sóbrio. "Deus é conosco, vale a pena professar essa fé e morrer por ela!"
Gostaria de fazer uma observação: se uma religião, com tudo para ter dado errado apenas com base em seus aspectos observáveis e mediante o cenário mais hostil, sufocante e bem servido do universo religioso da época, conseguiu se espalhar com tamanho poder, primeiramente entre os judeus, as chances de toda a história do Antigo Testamento ser fato histórico para o povo de Israel são grandíssimas, pois foi com base em análises do Antigo Testamento e na tradição oral que estudiosos chegaram à conclusão de que Jesus era o Messias. Como o cristianismo se espalhou por nações gentílicas, é bem provável que eruditos dessas respectivas nações concordassem com a autenticidade histórica do Antigo Testamento na constituição de Israel, para que testificassem Jesus como o Messias -só assim a razão do cristianismo se mostraria suficiente.
A apologética cristã foi o segundo passo para a expansão da fé no Cristo. Não demorou para o evento grandíssimo, relatado por historiadores da época, como Josefo, começar a enfraquecer. Povos distantes não viram os acontecimentos de perto e, recheados de conhecimento, não se deixariam levar por pouco, por "meras notícias" e, enquanto isso, não se pouparam de lançar ofensas de caráter moral e filosófico ao cristianismo. Para mantér o Evangelho sendo pregado, além de toda a vasta documentação e divulgação dos escritos dos apóstolos e doutras cartas, apologistas iniciaram sua missão e foi por causa deles que o cristianismo venceu a barreira gentílica e temporal. Analise: como uma simples revolução, sem fundamento ocular e sem uma grande razão e sobriedade, faria gregos lançarem mão de sua religião milenar, de sua filosofia profunda? Somente sendo demonstrada a inquestionável razão que fundamenta o cristianismo é que gregos e romanos cederam. Pense comigo: após terem seus instintos espirituais alimentados e suas necessidades físicas supridas, povos como a Grécia e Roma passaram a dedicar mais tempo estudando o mundo ao seu redor, buscando conhecimento, indo atrás da razão e significado de todas as coisas que concebiam existir, nisso a filosofia se desenvolveu: queriam encontrar a Verdade Absoluta, A Resposta. Por isso foi na cultura grega que surgiu o fundamento do ateísmo e, também, foi nela que as explicações sobre a Origem do Universo ganharam ares mais sóbrios. Foi nesse cenário que o cristianismo apresentou-se como Verdade Absoluta, A Resposta, A Razão e, por ter conseguido provar sua validade filosófica, foi parcialmente aceito pelos gentios. Não, a fé cristã não é pouca coisa... tanto que resiste até hoje, não havendo mais nenhuma outra religião com tamanho potencial de se opor às ciências céticas, trazendo uma resposta viável para o Universo. Também não posso me esquecer do desânimo dos gregos e romanos para com seus deuses frios e distantes e da série de rituais sem fundamento em que se tornara o judaísmo. O cristianismo mostrou-se muito mais ativo, vivo. O cristianismo, também, teve como diferencial o fato de ser recente, originar-se entre povos distantes do primitivismo, mostrando-se mais confiável e veraz do que as velhas religiões, cujas origens confundiam-se com mitos e memórias nebulosas.
Mas vale ressaltar: por instinto, ninguém sai de uma religião consolidada e defendida pelo Estado para migrar para outra, marginalizada, perseguida, oprimida. A origem do cristianismo, definitivamente, foi diferente que a das religiões que sucedeu, totalmente avessa aos instintos de sobrevivência humana... somente uma verdade muito bem constatada e íntegra poderia lutar contra o instinto religioso humano. Quem aderiu ao cristianismo, num cenário de perseguição e saturado doutras religiões, o fez por conceber ser ele o detentor da Verdade Absoluta!!
O que aconteceu com o cristianismo não aconteceu com religião alguma, em lugar algum. Mas e o budismo? E o islamismo? Foram as outras duas religiões monoteístas a suceder outras religiões e a tomar espaço em terreno hostil, repleto de religiões milenares, mas o processo foi diferente e inferior em si: as religiões tribais árabes se desenvolviam em povos desunidos, o islamismo surgiu, entre outros motivos, como uma política unificadora. Um líder político e militar, através da força de exércitos e do fio da espada, o fez se consolidar no Oriente Médio. Na Idade Média o islamismo nunca se expandiu pela ousadia de missionários e apologistas, não havia evento retumbante a ser relatado, não havia testemunha ocular, não havia razão a ser demonstrada, os cristãos, ao contrário dos gregos, romanos e judeus para com o cristianismo, não se deixaram levar pelo islamismo, que se alastrou exclusivamente por meio de campanhas militares e dominação territorial -de modo geral, somente árabes guardaram a fé islâmica, o europeu não concordou com ela, o que também foi diferente do que quando o cristianismo ganhou espaço: não foram judeus que dominaram terras e levaram sua religião particular, foram gentios que a aceitaram dentro da soberania de suas respectivas nações.
O budismo surgiu com poder no cenário hinduísta, mas teve um fator particular e que, digamos, baniu a necessidade de razão ou expansão através das armas: um poderoso príncipe fora seu criador, já começando, portanto, com vasto poder político, montanhas de ouro e multidões de adeptos. Porém não foi o Buda, mas um poderoso imperador que o disseminou pela Índia, Asoka. Ao lado do senhor da Império, foi facilmente aceito, sem ser perseguido, sem ser testado. O budismo se expandiu para o leste principalmente por meio de mercadores indianos, que se aproveitaram da instabilidade política e a religião rudimentar daqueles povos para instaurar seu monoteísmo, mais poderoso. Demorou cerca de 400 anos para o budismo crescer ao seu estágio de maior poder na China.
Cristianismo, budismo e islamismo: as grandes religiões que floresceram em cenários com outras religiões já estabelecidas. Dessas três, porém, o cristianismo teve a origem e a divulgação mais espantosa e peculiar: não originou-se com um líder político e militar e nem em favor de um fortalecimento político para seu povo de origem, pelo contrário, seu líder, como já dito, Jesus, na Primeira Vinda, era muito mais um servo abnegado do que um rei e os cristãos, à princípio, foram perseguidos e marginalizados pelo estado.
... Não houve um líder único a produzir e divulgar os fundamentos da fé cristã, além dos apóstolos, inúmeros cidadãos comuns trabalharam em prol disso. Nem precisaria falar que o cristianismo não surgiu ao lado do governo estabelecido, ao lado das riquezas e poder político e pelas mãos de um rei extremamente poderoso humanamente falando, sendo o completo oposto, assim como, também não se expandiu por sobre uma cultura instável, por sobre nações fracas e divididas. Como já disse, o cristianismo tinha tudo para ter dado errado, se não fosse ele fruto do trabalho do próprio Deus. A vida e morte de Cristo, a ação do Espírito Santo, o fundamento racional, o evento retumbante e a ousadia dos primeiros cristãos foram fatores fundamentais para a religião que surgiu na oposição e cresceu como sendo tal.
O cristianismo, por fim, cresceu à ponto de ter sido aderido pelo Imperador do Império Romano do Oriente, Constantino, ou seja: ele persuadiu o Imperador, não foi criado por ele, como ocorreu com o budismo. A religião professada por pescadores, amiga dos pobres, das viúvas, das mulheres, das crianças, pregada por um andarilho morto pelos seus compatriotas e por mãos romanas, chegou o suntuoso quarto do Imperador -e isso relativamente cedo, por volta do séc. IV. Há duas correntes que especulam sobre os motivos de Constantino ter feito o cristianismo se tornar a religião oficial do Império Romano: temor para com o aumento do número de cristãos e aquela que o próprio Constantino relata: ajuda do Deus cristão na batalha contra seu arquirrival, Mexênico, do Império do Ocidente. Das duas formas, prova-se a velocidade com que a fé cristã se alastrou e dominou sem necessitar de armas ou Estado, mas sendo perseguida e marginalizada. A segunda opção, porém, é mais viável, pois explica bem o porquê de Constantino ter dado tanto valor e poder à Igreja: queria mais favores do Deus cristão. De qualquer forma, foi esse poder que corrompeu a Igreja, principalmente no Ocidente que, após cair, se viu sem liderança política -vácuo preenchido pelo papa e pela Igreja Ocidental, detentora, por fim e sozinha, de todo o poder político e financeiro daquela parte da Europa.
É interessante considerar as missões empreendidas pelos monges do início da Idade Média, evangelizando os povos germânicos. Ao contrário do que você lê por aí, não foi uma expansão essencialmente violenta. As tribos germânicas substituiriam o domínio de Roma e, com elas, o paganismo. Não demorou para que reis, como Pepino, se converterem e doarem terras para a Igreja. Haroldo, Dente Azul, rei da Dinamarca, diz ter se convertido após ver um monge segurar em mãos nuas uma barra de ferro em brasa sem se queimar. O fato é que não demorou para que a Europa se cristianizasse, as religiões tribais não suportaram o poderoso monoteísmo, detentor da Verdade, o cristianismo. A inquisição, vale lembrar, foi mais um tribunal para condenar "cristãos hereges" do que para fazer a fé cristã -no caso deturpada- se expandir, tudo não passou de perversão, de ganância, assim como as Cruzadas, que, em tudo, contradizem a Palavra. Não posso deixar de lembrar da terrível e gananciosa postura dos espanhóis na colonização da América, que fora, antes de tudo, satânica.
A Reforma e outros movimentos apenas provaram que não é o cristianismo o problema, mas o homem corrompido, necessitando de toda uma periódica remoção de tradições humanas e de outras imundícies, para a Palavra deixar de ser profanada e, por fim, ser seguida corretamente. Os levantes posteriores apenas constatam a valia do cristianismo cuja igreja, volta e meia, precisa ser varrida. Hoje, pelo que se vê, precisamos de uma Nova Reforma...

A Missões Evangelísticas, que explodiram por volta do fim do século XIX e até hoje trabalham no mundo todo, provam o poder da fé cristã mediante as religiões ancestrais. O cristianismo prossegue expandindo-se pelo mundo não pela disseminação do europeu ou americano, não pelo seu avanço genético e tradição hereditária, mas pela sucessão religiosa nas culturas que atinge, as pessoas mudam, deixam a religião de seus pais e aceitam a Boa Nova, a irresistível Graça de Deus. Vale lembrar que ainda hoje o islamismo se expande devido a migração de famílias muçulmanas e a consolidação de seu sangue nas nações para onde vão.
No Pós-Modernismo, desapegado da razão, o cristianismo acaba perdendo espaço para o ressurgir e disseminar de religiões tribais e orientais, já que, também pela razão, o cristianismo chegou tão longe. Por fim, enquanto a humanidade buscava a Verdade, o cristianismo floresceu, mas agora, com o relativismo e a irracionalidade, entra em declínio.
O que se constata, à olhos vistos e por meio da experimentação, é que o cristianismo muda vidas, liberta de vícios, corrige assassinos, facilita o desenvolvimento de crianças com deficiência mental... Também, através do Deus cristão, vê-se a medicina sendo desafiada por meio de milagres incompreensíveis. De qualquer forma, o cristianismo é psicologicamente viável, em prol da transformação e fortalecimento da mente, e clinicamente eficaz. Eu vejo em mim o resultado dele e, por meio disso, contato ser ele o detentor da Verdade Absoluta e, Deus, como existente e inquestionável. Agora: por que, se o cristianismo prova-se saudável em todos os aspectos, é desconsiderado pela psicologia e medicina moderna?! Puro anticristianismo? "Estado laico?! Mas, me diga, se funciona, por que se opor?!!
É interessante lembrar da Igreja Perseguida: irmãos cristãos, em países de todos os continentes, estão sendo perseguidos devido à sua fé. Estima-se que existam cerca de 250 milhões de cristãos em países que repudiam o cristianismo... na Coréia do Norte, por exemplo, 1 em cada 4 cristãos está preso e, destes, provavelmente nenhum terminará vivo. Por que isso? A fé cristã é tão esclarecedora e viva, à ponto de ameaçar a soberania de um ditador? A Bíblia é tão poderosa assim?! Ao que parece, é... de fato é! Só servimos até a morte a quem nos salvou a vida!
Espero que não tenha sido essa uma leitura difícil, pesada ou cheia de repetições. Também espero que tenha compreendido a mensagem e encontrado, como eu, mais um argumento em prol da validade do cristianismo em nosso mundo, como detentor da Verdade Absoluta. Creio que com toda a singularidade da fé cristã, comentada ao longo do blog e reforçada hoje, seja a prova derradeira da existência de Deus. Não existe nada comparável em nosso mundo, não existe obra tão complexa e profunda como a Bíblia, a própria história da Igreja é peculiar e intrincada demais para ter sido possível de forma casual. Leitor, o cristianismo é tudo menos normal; é tudo, menos simplório; é tudo, menos possível casualmente falando.
Natanael Castoldi

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Um comentário:

  1. Não houve corrupção no século 4,houve vitoria da igreja sobre o paganismo e as perseguições d império romano, as cruzadas foram defensivas então são justificadas, sobre a inquisição,na época heresias eram uma afronta ao estado e a igreja, e era punido com morte, e o tribunal era para julgar hereges como os cataros que pegavam que havia 2 deuses, um ruim e o outro bom, proibiam certos alimentos, repudiavam as mulheres grávidas e etc, sem fala dos números exagerados que atribuem a inquisição e os instrumentos de tortura que alguns que nem se quer existi ainda na época.

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