De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pandemia

Domingo, estando eu sem muita coisa pra fazer, numa folga pós-temporada de acampamentos, decidi dar uma volta pela cidade - pois Gramado é um lugar perfeito para dar voltas, principalmente nesse frio invernal. O fato é que não foi bem uma volta pela cidade, mas uma longa parada na livraria do centro. Detive-me primeiro nos livros de bolso, aqueles baratos mas com títulos bem interessantes. Quase comprei, por curiosidade e conhecimento, livros sobre anarquismo, marxismo, política e filosofia em geral, mas meus olhos brilharam de verdade com um livro cujo título me fisgou: "Deus Existe?" Logo que vi se tratar de uma obra com dois autores, um cristão - o próprio papa Bento XVI - e um filósofo ateu - Paolo Flores d'Arcais -, fiquei ainda mais interessado. Cada autor teve direito a publicar um artigo defendendo a sua idéia, enquanto, no cerne da obra, desenvolvia-se um caloroso debate acerca de questões cruciais da fé cristã na atualidade - uma fé que está em crise, pois a filosofia atual não a comporta e prestigia mais. Comprei-o e li em duas sentadas, já o considerando um dos livros mais influentes em meu pensamento cristão. A profundidade filosófica fez parte do impacto, mas a própria presença do papa e sua argumentação brilhante me fez quebrar alguns paradigmas.
Não, não pretendo fazer dessa postagem uma análise do que li, isso farei mais tarde. A questão é que o livro só reforçou uma vontade que já tinha de escrever mais sobre o papel e a postura cristã mediante a sociedade pós-moderna - o que, com a primeira aula de Teologia Sistemática, só se intensificou. Segue o resultado de minha reflexão.

Parte 1: é uma mentira existir Verdade?
"Isso não é um cachimbo"
Alguma coisa estranha está acontecendo nesse mundo - e eu custo a acreditar -, uma cegueira se alastrou, uma verdadeira pandemia está tomando conta dos lares e das mentes, pois, se a definição de doença está em perturbação da saúde, moléstia, mal ou enfermidade, sim, estamos vivendo numa humanidade doente. Valores que por milênios perduraram como imutáveis e inquestionáveis, estão sendo destronados, toda a boa moral e ética, fundamentadas, principalmente, na fé cristã, estão ruíndo ao lado da igreja. Um levante bárbaro trabalha com intensidade e ódio na destruição de toda a razão, de toda a percepção de verdade, de todo o bom conhecimento. Sim, uma doença se alastra, uma doença que aniquila a mente, que destroça o espírito, que aprisiona o corpo. Legiões já não querem mais se submeter ao padrão de conduta exigido pelas velhas convenções e instituições, medidas essenciais para a proteção da vida e manutenção da ordem e, num individualismo insano, optam pela futura ruína da humanidade como preço aceitável para que, em sua medíocre e efêmera vida, sejam "felizes"...

O problema social e político:
Mas a culpa não é toda dos indivíduos, dos civis em geral - que concordaram que sua felicidade hoje vale tanto quanto todo o futuro da humanidade -, não, há todo um poder governamental, midiático e econômico favorecendo isso. As indústrias e comércio se aproveitam da fome insaciável de bilhões de seres consumistas, aprisionando-os cada vez mais profundamente. A mídia influencia essa postura, supervalorizando filosofias pós-modernas, fundamentadas num carpe-diem totalmente egocentrista, no humanismo, no antropocentrismo - então, em parceria, a mídia auxilia a indústria em geral. Porém, por detrás de tudo isso, estão os governos que, obviamente, se interessam pelo lucro absurdo com a exploração da mente e da carne de seu povo, mas estimulam suas mídias e indústrias por motivos ainda mais malévolos: a religião -não sendo o ateísmo ou seitas tribais que ressurgem-, impele grande senso crítico e privação -do malévolo- no indivíduo, então atacando a religião, principalmente o cristianismo -e suas muralhas contra a dominação da "carne" ou dalgum outro senhor, senão o próprio Deus-, conseguem produzir mais cidadãos presos ao materialismo consumista e existencialista -e a própria igreja tem auxiliado nesse processo. Com uma educação selecionada especificamente para produzir máquinas, trabalhadores, mas não pensadores e revolucionários, conseguem fazer o povo acéfalo se contentar e se deixar levar com as migalhas de sua produção industrial e do entretenimento barato dos meios de comunicação. Com a mente dos seus vassalos condicionada e aprisionada, produz-se uma legião de fiéis seguidores, de escravos intelectuais. Com a bestialização do homem, com sua prisão, o governo pode usá-lo sem temor e para qualquer fim - submeter uma humanidade de pombos ao semeador de grãos é facílimo!

O individualismo, fonte de toda a pandemia pós-modernista, cria ainda dois outros grandes problemas: por ser sedutor, dando aval para a libertação da besta que somos em nossa natureza, é largamente e facilmente aceito. Uma pessoa suprida de todos os seus prazeres carnais, perde a sobriedade, perde boa parte de sua humanidade, que se inferioriza mediante as máquinas ou a selvageria -idolatria ao sexo, à gastronomia, aos vícios em geral. O individualismo produz animais, que apenas querem o prazer e o suprir de seus instintos HOJE. Animais são facilmente domados e se curvam à qualquer mente racional que os aprisione e sustente.

Mas essa "mente racional" também é produto do individualismo, e é aqui que mora o segundo problema: os futuros governantes de nosso mundo serão, muito provavelmente, filhos mimados e que cresceram pensando serem "índigos" -que precisam, por natureza, mandar em tudo e todos, sem excessão dos pais-, cresceram com a idéia de serem o ápice da história humana e o centro do mundo. Esses governantes, de gene narcisista -o que hoje é tão comum que o narcisismo já nem é considerado um distúrbio-, acostumados a usar dos outros como degraus para subirem, como objeto sexual ou fonte de ego, ao tomarem o poder, muito provavelmente terão na nação aos seus pés e no povo bestializado uma fonte de poder, prazer e riquezas para si - e aquele que de pequeno pensou ser o centro do universo e, quando jovem, usou os demais das mais variadas formas para "subir", não mudará de postura, pelo contrário, substituirá os pais ou os próximos por uma nação inteira que deve serví-lo. Não falo exclusivamente de presidentes, falo de líderes que, nos bastidores ou nos palanques, governam as nações. A questão é: a sociedade pós-moderna está produzindo escravos e potenciais ditadores em massa - está produzindo escravos e escravagistas. Não preciso citar o que sucederá.
-A tática do Caos: existem, sim, coisas certas e erradas, coisas boas e más, isso é indiscutível e inquestionável. Agora, quando uma vontade maior, a liderar governos, mídias e indústrias em geral, deseja, através de filosofias enganosas, massivamente e fervorosamente estimuladas, inverter ou, até mesmo, anular essa verdade, há de obter sucesso, pois o povo, condicionado, não se dará ao trabalho de analisar os absurdos propostos. Mas a questão aqui é: por que alguém estimularia o caos? O relativismo permite que o homem destrua seu corpo e sua mente sem remorso. Uma sociedade inteira baseada no relativismo, há de mergulhar no caos, desmoronar, pois, inimiga das doutrinas "antigas e ultrapassadas", protetoras do certo e do bom, penderá ao oposto -mais fácil e instintivo-, ao errado e ruim, atentando contra a própria vida. Acontece que não tarda e as pessoas perceberão que, optando e permitindo se alastrar a pandemia relativista em seu meio, instalaram um incontrolável caos, perceberão, então, que sua existência como humanidade estará em grande risco e, frustrados com o grande fracasso, recorrerão a uma liderança, liderança essa com novo discurso, um discurso com base em aparente amor, preocupação e patriotismo, um discurso que promete restaurar a espécie humana. - Isso não é novidade... Ao longo da história houveram alguns ciclos de bestialização-razão-bestialização, e isso se repetirá (leia a postagem: "Barbárie"). Os governos incentivam o malévolo para produzir o caos e desestabilizar o povo para que, quando todos os fundamentos estiverem arruinados e o desespero se abater, baste semear esperança e toda uma nação ou humanidade se prostre com total devoção ao "salvador". O próprio Napoleão Bonaparte disse: "Só se conduz um povo mostrando o caminho do futuro; um chefe é um vendedor de esperança." Você pode chutar seu cão, mas se lhe der um osso depois, continua sendo o seu herói.

Eu vejo um mal forjado para reduzir o homem e fazê-lo não mais do que gado. Eu vejo um mal descarado, mas apresentado em vestes de pureza, afim de seduzir e aprisionar, afim de aplainar os caminhos para uma evidente e inevitável governança mundial. Sim, eu vejo - e se a profecia bíblica já não falasse que o governo mundial é o preceder do fim, também o teria como única e mais viável alternativa. Eu vejo o problema se alastrar, eu vejo o problema arruinando, enchendo de cólera a bela criatura que somos - e eu vejo uma humanidade inteira literalmente cega mediante a evidente malícia satânica. Eu sei as causas, eu sei os meios e eu sei quais serão as conseqüências, por isso considerar-me-ia um tremendo traidor se não tentasse, ao menos tentasse, alertar aqueles que consigo atingir. Eu já falei bastante sobre os meios e as conseqüências, mas pouco sobre as causas, os fundamentos para os meios e para os fins, o que segue servirá para tal.
O problema acerca do conhecimento:
O cerne da filosofia atual é o relativismo, declínio máximo da mente humana, ao lado da arte pós-moderna. O homem conseguiu, no final das contas, excluir todos os mecanismos para se chegar ao conhecimento e toda a valia do saber, resumindo tudo em ponto de vista individual, em opinião, em percepção. Cada um tem o direito e o dever de construir o seu universo conforme seus próprios preceitos, conforme a sua visão de mundo - e o resultado disso não deve ser questionado, pois qualquer questionamento pode ser considerado uma invasão à liberdade e soberania do indivíduo e quem questiona, arrogante e intolerante. Não sei dizer se isso é apenas mais uma faceta da mentalidade individualista atual ou se o individualismo é seu fruto direto. Todos os valores, todas as noções de mundo, tudo é relativizado e a verdade é diluída, distribuída a cada um para ser colocada onde e no que se quiser. O que para mim é verdade, para o outro pode não ser e vice-versa - e por mais bem fundamentado que eu esteja, ninguém está em vantagem nessa discussão. A filosofia, o pensamento geral, tiranicamente impõe esse conceito e me obriga a aceitar a tremenda mentira de que a verdade é genérica e fruto de opinião, inexistindo verdade absoluta ou, existindo, que meu raciocínio é incapaz de concebê-la.

Esse pensamento tem dois problemas: ele acomoda o indivíduo, que desde bebê e suas primeiras noções de mundo, é tido, literalmente, como dono da verdade e, portanto, não precisa correr atrás de conhecimento algum, bastando aceitar a verdade universal de que "fomos feitos para e temos o dever de nos entregar aos prazeres da carne" e é insatisfatório, sendo que, ao contrário do que se prega, não pode estar mais certo sobre biologia um adolescente de apartamento do que um biólogo formado. Não há cabimento se colocar a percepção sobre plantas de uma criança mimada e com a mente baseada no sintético e artificial no mesmo nível do conhecimento de alguém com formação científica congruente ao tema. Mas o relativismo nivela e iguala ambos, não importando se a criança pensa que plantas carnívoras comem elefantes, enquanto o biólogo, pela observação e experiência, concebe a relação de insetos e tais plantas. Nesse âmbito, a filosofia pós-moderna não faz menos do que fizeram os bárbaros à cidade de Roma: atear fogo em museus e bibliotecas.
O relativismo ignora que existam verdades inquestionáveis em cada ciência. Ignora todo o conhecimento obtido ha séculos sobre animais, plantas, geologia e cosmos, resultante de observação e experiência. Ele simplesmente ignora, pois prega a inexistência de uma verdade absoluta - e quando colocamos a verdade de um bebê e de um físico em relação à física no mesmo nível, quer dizer que alguma coisa está muito, muito errada - e, sem dúvida, um grau tão bestial de raciocínio nos levará ao colapso, assim como os sofistas, falastrões gregos que usaram de má filosofia para persuadir o povo, tiveram grande responsabilidade na queda de Atenas. - Aqui entramos num paradoxo da filosofia com a prática: enquanto, teoricamente, eu estou tão perto da verdade quanto qualquer um e o que defendo é inquestionável, pois ninguém sequer tem a capacidade de se aproximar mais de uma verdade sólida do que eu, na prática eu só tenho o "direito" de pensar e falar sobre determinado assunto se tiver algum diploma referente a tal - e se pensar conforme a grande maioria e as mentes "superiores" na questão a definiram. Tanto de uma forma como doutra, não preciso me preocupar em profundidade - acontece que as correntes opressoras estão na superfície e poder-me-ão carregar para onde os "superiores" desejarem, e como eu não terei fincado raízes na terra, aprofundando de fato o conhecimento com base no pensamento e no esforço, só me restará a vassalagem.

O pensamento relativista não exige esforço nem razão. Tudo é criticado, com ou sem fundamento - a crítica é vastamente usada, mas, paradoxalmente, o senso crítico desestimulado, até porque, se as pessoas estivessem sendo educadas, orientadas, para perceber e criticar problemas com base na necessidade e na razão, a crítica não seria usada de forma tão estúpida e massiva quanto se vê: não há seleção, apenas um bando de rebeldes querendo, sem conhecimento, experiência ou razão sóbria, destruir os fundamentos da sociedade, sejam as instituições, sejam as chamadas "convenções sociais". Virou moda criticar, virou moda se revoltar, virou norma ser rebelde... mas eu tenho uma novidade: rebelde é quem luta contra o sistema dominante, por isso é impossível uma sociedade inteira se revoltar, seguindo os anseios midiáticos e políticos, pois assim o sistema dominante já é a imagem do que defendem os revoltosos! O que se tem como rebeldia é puro modismo, fruto natural de uma sociedade que despreza a personalidade, que despreza o pensamento, que despreza o conhecimento. Sociologicamente falando: essa moda de não ser cristão, mas ser ateu ou partilhar de uma crença exotérica, segundo divulga-se no cinema, nas instituições de ensino, na televisão e mídia em geral, é uma amostra de quão fraco e manipulável já se encontra nosso povo e quão facilmente ser permitirá escravizar por qualquer poder maior.

Bom, em resumo, o relativismo mostra-se ridículo quando não valida e qualifica o conhecimento dos indivíduos conforme a estrada que cada um percorreu em busca do mesmo. Como pode a verdade teológica de um ateu sem conhecimento bíblico, sem ao menos ter lido 1/3 da Bíblia, ser equivalente à verdade teológica de um cristão douto em teologia?! Isso é inadmissível! Mas o relativismo trabalha assim sem problema algum... pois o preceito relativista é a verdade, inquestionável verdade, do relativismo e seria intolerância e arrogância questioná-la.
O problema religioso:
A cosmovisão pluralista, que crê que todas as religiões deste mundo possuem parte da verdade, também não passa de fruto da visão cômoda da filosofia individualista: "se eu sou o centro, então é bom que eu esteja certo!" O pluralismo nivela e iguala toda a espécie de crença religiosa, equivale o maradonismo ou a cientologia ao cristianismo ou islamismo. Se passo a crer que uma cadeira estofada é símbolo e entidade máxima de uma religião que eu mesmo crio, estou produzindo algo totalmente verdadeiro e que reflete a verdade, ou parte dela, tanto quanto o cristianismo, mesmo que eu não tenha nenhum embasamento lógico, racional ou espiritual para atestar a minha nova fé, mesmo que eu não tenha teologia, tradição ou fundamento histórico, mesmo que eu não tenha nada, estou crendo em algo tão certo quanto crêem os cristãos. Isso é absolutamente insano!!

O pluralismo falha ao definir o papel global de todas as religiões, a resumir, segundo seus preceitos, uma entidade única. No livro "Deus Existe?" o papa católico, no seu artigo, cita como um dos problemas que a Igreja hoje tem que enfrentar é a visão de que, na esfera das religiões, o cristianismo coube aos ocidentais como percepção da religião universal devido à sua ascendência européia - eu resumo como a janela que da Europa pode-se ver parte da verdade religiosa, enquanto os hindus veem isso doutra janela, os islâmicos de outra e etc. Mas esse pensamento é fraco, na medida que as religiões desse mundo não se encaixam umas as outras, possuindo características totalmente avessas entre si. O cristianismo não pode revelar apenas uma fração do deus das religiões, quando ele, sozinho, alega pregar a verdade completa e derradeira sobre o Único Deus. O cristianismo não pode ser a percepção européia, e exclusiva dos europeus, da suposta "religião universal", pois o próprio cristianismo afirma ser A Religião e existe com o objetivo, descrito na Bíblia, de se alastrar pelo mundo - sem delimitar-se ao seu espaço geográfico de maior penetração. O cristianismo não pode ser a percepção européia da "religião universal", também porque ele não é originalmente europeu, mas palestino e, ainda, porque ele é largamente aceito não apenas onde há traços profundos da cultura européia, mas em nações do Extremo Oriente, por exemplo.

O islamismo, assim como o cristianismo, tem como proposta ser A Religião, se alastrar pelo mundo inteiro e transpassar seu espaço geográfico e cultural original. O islamismo também afirma ter a resposta definitiva, completa e coesa sobre o senhor do universo e trabalha com uma religião completa e autossuficiente. O cristianismo e o islamismo combinam nesses pontos e, portanto, disputam objetivos comuns, o que gera atrito. Se todas as religiões são frações da verdade desconhecida e inalcançável, onde cada uma, encaixada em seu contexto e com suas respectivas idéias, forma um todo unida às demais, então como é possível que as religiões defendam idéias opostas, terem propostas que transgridam a regra estabelecida ou almejarem as mesmas conquistas?! É simplesmente impossível, absolutamente impossível, que todas as religiões revelem a mesma verdade, mas de ângulos diferentes, pois elas próprias, em seus conceitos e anseios, têm o potencial de anularem-se umas às outras. Como pode a idéia RELIGIOSA de não existir deus algum compartilhar e se completar com a idéia cristã de que Deus existe e é absoluto?!
O problema com a razão:
No final das contas, a raiz do problema está aqui: o desapego à razão. Com os traumas que a humanidade teve com o modernismo e a liderança da ciência -como as Grandes Guerras e as ditaduras contemporâneas aos conflitos-, movimentos em prol da sobrevivência da humanidade se levantaram, afim de destruir o monstro que o homem criou, ao alimentar e dar poder absoluto aos laboratórios, às indústrias, ao desenvolvimento. Esse monstro se alimentava de ordem, de progresso, de lógica, de razão e, portanto, para detê-lo e "salvar o mundo", achou-se necessário cortar, incinerar toda a sede progressista, toda a instituição tradicional, todo o velho apego ao óbvio e racional. Essa movimentação deu origem ao Pós-Modernismo e é o desapego à razão que tem relativizado a verdade religiosa, moral, científica, histórica... A evidência, a experiência, a observação, o conhecimento em geral, não possuem mais valia, não são mais relevantes no processo de seleção da verdade, pois seus fundamentos, a razão e a lógica, não merecem mais confiança. Sem a razão, portanto, torna-se impossível, absolutamente impossível, encontrar alguma resposta concreta para algo, pois toda a resposta confiável é obtida através da razão que fundamenta os mecanismos análise -observação e experiência.

O desapego à razão impossibilita o encontro com a verdade e, descartado o processo racional, só resta dizer que não existe verdade absoluta. Sem o valorizar da razão, o banalizar da verdade e o consequente comodismo intelectual, a mente do indivíduo enfraquece, o pensar não tem mais valor, não tem mais utilidade. Resta o instinto e a escravidão - e, como já disse, é exatamente por isso que se tem estimulado o irracional.
Qual é a razão que embasa o relativismo?
Essa parece ser uma pergunta ridícula - e de fato é -, pois como pode conter alguma razão a filosofia que prega o irracional?! Se a razão é inútil e irrelevante, segundo o relativismo, então ele próprio, pai e guardião dessa idéia, não pode ser excessão - o que burlaria seus preceitos. O fato é que a filosofia relativista só pode ter usado dos mecanismos que prega para formular-se - primeiro porque não pode romper as próprias barreiras dogmáticas -, pois vê-se que ela só pode ter sido resultado do desapego total à razão e a lógica - e que espécie de embasamento lógico espera-se de uma doutrina que desconsidera a própria lógica, em que deveria fundamentar-se para ter coerência?!

Inconsistência: a idéia imperante em nossos dias, "de que EU nunca posso estar errado, pois sou o centro do mundo", é falha por si só. O conceito de que não existe "verdade absoluta", sendo a verdade relativa, propriedade individual, é frágil quando ele mesmo pressupõe, ao fazer tal afirmação, de que está dizendo a verdade - "é verdade que não existe verdade!" O interessante desse argumento é que seus defensores nunca, em hipótese alguma, podem estar corretos - se acreditam ser verdade absoluta a inexistência de uma verdade absoluta, então contradizem a própria filosofia que, supostamente, os fundamenta. O fato é que seria um paradoxo inexplicavelmente insano ser verdade absoluta a inexistência de verdade absoluta! Esse problema é tão ridículo que evidencia o mais óbvio: é lógico que existe uma verdade central, uma verdade primeira e inquestionável! Em seu raciocínio o pós-moderno só pode encontrar a desgraça: se estivesse, por ventura, certo, então estaria errado (existiria a verdade sobre a inexistência da verdade(?) e, se estiver errado, nada mais está do que... errado (pois, de fato, existe uma verdade)! A mente humana só pode estar beirando o colapso para que filosofias de vida, como o relativização das verdades, sejam tão largamente aceitas!! - Reflita sobre a irracionalidade da seguinte questão: "É verdade que é mentira que existe verdade?" Não seria mais coerente fazer a seguinte pergunta: "É verdade que é mentira que não existe verdade?"
Na escrita: o relativismo também entrou na literatura, na língua, já que os bebezões mimados da pós-modernidade, o "ápice" da "evolução", nunca podem estar errados: a matéria escrita, em si mesma, não significa nada, o significado só se torna existente quando o leitor percebe e interpreta ao seu modo a passagem - ou seja, não existe um significado absoluto, pois todo o significado, segundo a interpretação e a percepção de cada um, é viável. Esse conceito também não passa no teste da própria afirmação, preste atenção: "não existe significado nessa frase!" O que essa frase está dizendo? Até mesmo a afirmação de não haver significado intrínseco na frase, existente antes, durante e depois de minha leitura, absoluto desde o momento em que o escritor a projetou em pensamento e inquestionável na clareza das palavras, organizadas para tornar óbvio e inescapável o raciocínio sugerido, significa algo!! E esse significado é tão certeiro que ninguém, NINGUÉM, é capaz de sugerir outro - a menos que tenha algum distúrbio mental. A verdade é que o conceito de que "não existe significado original na matéria escrita, mas apenas na interpretação lida", exige, para se validar, que o seu significado escrito e expresso em palavras, seja concebido! No final das contas, sem a verdade absoluta de que a matéria escrita tem um significado inquesitonável, o próprio raciocínio escrito sobre "não haver significado na linguagem", se tornaria inexpressável - se você entende o que esse conceito quer transmitir ao LER sua proposta, então, desde já, ele está derrubado.

Na história: atualmente também tem entrado em questão, como conseqüência do relativismo, a impossibilidade de se encontrar, ou ainda de existir, uma verdade na história humana - sendo que toda a tentativa de se obter um conhecimento histórico está embasada no anseio por obter poder sobre a história e, consequentemente, em relação ao presente e as coisas que nele se encontram. A novidade é que a história humana, ao contrário do que os pós-modernos anseiam, não é imparcial, pois ela não se sucedeu dessa forma - povos, ao longo da história, foram mais favorecidos do que outros e, portanto, a história os favorece e é inevitável que o conhecimento histórico não venha a favorecê-los. Exigir que a história, construída por homens, seja pura e ingênua, é algo intrigante, pois o homem, que a construiu, é impuro e malicioso. Sim, de fato há quem manipule, forçadamente, a verdade histórica para seu benefício e isso é errado - mas não podemos ignorar que a premissa pós-moderna, desfigurando a realidade, também se baseia numa forma de obter poder, afim de alicerçar com mais solidez os seus conceitos sobre a incerteza. A minha conclusão é que, favorecendo ou desfavorecendo, a história é o que é, pois foi feita assim, a verdade histórica é viável e alcançável, não plenamente, mas satisfatoriamente, com base no material de que temos acesso (tradição oral e escrita, paleontologia, arqueologia e, logicamente, razão) e o resultado, com base nos mecanismos de busca e análise, deve ser relevado, quer agrade, quer desagrade. A história é parcial e, por sua própria natureza, fonte de poder para quem a conhece.

Por ele mesmo: o relativismo não sustenta-se, não passa no teste em si mesmo -estando certo, está errado. Estando errado, está errado-, portanto há de se supor que suas ramificações, suas áreas de atuação, também estejam erradas -já que, trancando a contagem no 1, nunca se chegará ao número 100. Por fim, somos obrigados a reconhecer o óbvio: os relativismos, em especial o moral e o religioso, estão errados. Onde chegamos? Chegamos à conclusão de que existe uma verdade absoluta, existe uma verdade moral e existe uma verdade religiosa - ou uma religião verdadeira. A verdade não é relativa, mas absoluta. O significado não é interpretativo, mas único e incontestável.
A Verdade como inescapável:
Você pode dizer que uma árvore é um cachorro, mas, conhecendo-se a composição e o comportamento de uma árvore e de um cachorro, pela observação e pela experiência, a sua idéia, por mais que seja sua e "você é o dono da verdade" - segundo o pós-modernismo-, não é verdadeira, pois ataca o absoluto sobre cães e árvores. Não importa se você acredita vêemente que está fazendo um quente e ensolarado dia, enquanto o fato observável e experimentável indica uma noite chuvosa e gélida de inverno - você está errado, baseado no que se conhece sobre calor e frio, luz e escuridão, água e sequidão. Da mesma forma, não existe poder algum nas palavras do pós-moderno quando diz que a sua verdade atesta para a inexistência de uma verdade absoluta, se o fato ABSOLUTO é que existe uma verdade geral e indiscutível.

O homem se desenvolveu milênios com a idéia, além de originalmente instintiva, constatada nas ciências, religião e filosofia, de que existe uma verdade absoluta e não é porque o homem pós-moderno inventou, devido à fatores históricos, que não existe verdade absoluta, que, de fato, não existe essa verdade. Tal idéia não passa de fruto de um momento histórico e estritamente relacionado à conflitos e fracassos humanos, portanto é totalmente insólito considerá-la "absoluta" e extrapolá-la para todo o universo. O problema do homem não foi com a razão em si, não foi com a verdade em si, mas foi com ele mesmo: o próprio homem, com base no mau uso da razão e da verdade, construiu uma sociedade belicosa e opressora - a culpa é do homem, o problema humano é com o homem e a idéia de razão e verdade não pode ser considerada inválida, na sua essência, pelo fato de o homem tê-la usado da perspectiva e forma errada e em prol dalgo tenebroso. Reforço: o problema sempre foi o homem, nunca a verdade e a razão intrínseca no universo.

No livro já citado aqui, "Deus Existe?", o filósofo ateu Paolo d'Arcais tenta refutar a argumentação do papa sobre o conceito de a verdade universal do homem em relação ao padrão moral -está na mente humana o que é "certo e errado"- ser fruto da Criação, dizendo que o conceito da Criação é insuficiente e inapropriado para a sociedade atual -é religioso demais-, logo, por não oferecer uma resposta adequada ao homem pós-moderno, a origem criacionista do padrão moral deve ser descartada. No conceito desse ateu eu pude perceber uma deturpação tenebrosa do conceito de verdade: o homem pós-moderno espera uma verdade que combine consigo e, portanto, o que não combina é desconsiderado. Essa idéia é perigosíssima, simplesmente pelo fato de a Verdade Absoluta, sendo universal e existente desde O Princípio, ser atemporal, ou melhor, eterna e imutável em si mesma -sendo verdade ontem para o universo, tende a ser a mesma verdade hoje, já que o universo é o mesmo. A única forma de alterar a Verdade Absoluta, seria alterar o dia Da Origem, quando ela começou, da forma como é, junto com o Universo. Se a Verdade Absoluta é imutável em si mesma, então não é ela que é insuficiente e inapropriada para o homem pós-moderno, é o homem pós-moderno que, segundo sua deturpação, se mostra incompatível para com ela - o problema, mais uma vez, está no homem e apenas nele!
É presunção demais supor que, apenas porque o homem mudou seu raciocínio, que a Verdade Absoluta, anterior e superior à ele, deva se modificar e tornar-se uma verdade segundo as novas idéias humanas. A Verdade Absoluta, sendo tal, é soberana em suas idéias, em sua constituição, em sua essência - e, repito, não é porque o homem muda, que ela deve mudar, pois, se mudasse com o homem, deturpando seu "elemento" original, não seria mais verdade, já que, distorcida, equivaleria a uma mentira. No final das contas, o homem não espera encontrar com a incômoda verdade universal, espera que alguma espécie de verdade se encontre com ele - não há uma busca por ser conforme o que se concebe verdadeiro, mas, sim, uma busca por torcer tal coisa que se concebe, a fim de torná-la compatível com a postura pós-moderna embasada em mentira. Pura arrogância, fruto do antropocentrismo. Por mais que as mentiras se alastrem, por mais que o homem deturpe as verdades, as ignore, as descarte, o que é absoluto, É! Isso independe da resposta humana, já que o homem é apenas ser, apenas criatura nesse universo, não estando em posição de consolidar ou destronar verdades universais.

O incômodo para a sociedade pós-moderna é que, existindo uma verdade moral e uma verdade espiritual fundamental nesse universo, não um relativismo moral ou o pluralismo, não é mais efetivo jogar areia na verdade sobre o Deus moral, o Deus da verdadeira religião. Antes de aprofundar esse conceito, porém, faça-se necessário levantar uma outra questão sobre a idéia de Paolo d'Arcais: ele desconsidera a Criação como explicação pelo simples fato de ser religiosa, espiritual demais, mas a questão fundamental é: por que? Voltamos à idéia já desenvolvida acima: o homem diz procurar a Verdade Absoluta -enquanto afirma que ela não existe-, mas não está disposto a aceitá-la plenamente. De antemão ele define quais critérios -segundo a vontade e a "grande" sabedoria e poder determinista do homem- serão analisados para se avaliar e, como em um concurso, eleger a verdade universal - é o homem, em sua prepotência, tentando ordenar, definir, aquilo que o define, aquilo que está acima, transcendente à ele. O homem moderno, segundo sua revolta com a Igreja Católica, fruto do MOMENTO HISTÓRICO medieval, definiu esses critérios e, logicamente, excluiu a idéia de Deus, do espiritual. Só o material, o observável e experimentável pode ser considerado como verdade - então o tenta limitar uma verdade maior e inteligível ao seu contexto, à sua pequenez, à sua cegueira. A rede humana para "pescar" a verdade, portanto, é tecida para capturar aquilo que, de antemão, o homem tem acesso - e somente isso. Ou seja: somente aquilo que o parco, preconceituoso, limitadíssimo conhecimento humano vê e apalpa é válido. A questão é: será que a Verdade Absoluta está, necessariamente, dentro dos limites e critérios preestabelecidos pelo homem? Será que os critérios humanos, com base no concreto, são suficientes e derradeiros para se definir a Verdade? Não há um pingo de rebeldia, de inimizade para com Deus nessa história?! Os critérios modernos são de um todo imparciais e realmente projetados para se encontrar a Verdade, seja como ela for? De qualquer forma, a Verdade não precisa estar -e provavelmente não está- dentro dos critérios humanos, baseados exclusivamente na perspectiva humana, logo, tais critérios podem ser incapazes de encontrá-la.

Parte 2: A Origem da Verdade


Não há nada, nada que impeça de a Verdade Absoluta ter se originado em Deus, sido fundamento para a Criação e, hoje, fazer parte de um movimento religioso, pois nada impede que alguma religião desse mundo, cuja "rede" para perceber e capturar a Verdade é tecida de forma diferente à utilizada pela ciência cética, tenha sido mais eficiente na "pescaria". O argumento de Paolo, de que só por ser idéia religiosa demais, a tese do papa não ter valia, é inconsistente. A perspectiva humana é demasiado limitada, o raciocínio humano é incapaz de chegar muito longe - portanto, há de se supor que muita coisa esteja fora de nossa compreensão, que muita coisa escape de nosso raio de visão. Para mim, o fato inquestionável é que, existindo algo eterno -leia "Pelo que luto"-, este algo simplesmente É O QUE É, está fora de nossa compreensão, não precisa de uma explicação ou razão para ser, pois é grande demais para ser entendido plenamente e, sendo eterno, eternamente é da forma como é, já que sempre foi assim, não tendo origem. Se o cético desconsidera a possibilidade de o algo eterno ser Deus, corre o risco de desconsiderar como verdade aquilo que é, de fato, a própria! -E ninguém pode negar que essa possibilidade existe. - Então por que desconsiderar, como proposta para a verdade, algo viável, apenas porque ele está incluso numa realidade mais espiritual? A alternativa ao espiritual, que é o materialismo, não responde as coisas de forma mais coerente, já que se obriga a trabalhar com a "matéria eterna" - que é impossível - ou com a origem da matéria à partir do vazio, do tempo à partir do 'atempo', do espaço à partir do 'não-espaço', da ordem extrema à partir do caos, da vida à partir da morte, da vida inexplicavelmente complexa à partir da "vida simples". É um jogo que exige uma verdadeira chuva de milagres e burla tudo o que se percebe, atualmente, quanto à leis da física, da matemática, da química, da biologia, da filosofia. Vê-se que a verdade sugerida pelos céticos, a única que se enquadra nos critérios impostos, apresenta-se de maneira bem mais insana do que a possibilidade espiritual e burla os próprios conceitos da ciência materialista: "é verdade, ciência, o que se baseia em observação e experiência", já que tudo o que sugerem vai contra o que se observa e experimenta nas ciências conhecidas, quebra leis e obviedades, e é por isso, também, que nada do que sugerem sobre "Big Bang", auto-organização da matéria à partir do caos e Origem da Vida, foi reproduzido com sucesso e plenamente. O que lhes resta, hoje, é aceitar a filosofia pós-modernista e insistir em suas idéias, mesmo que a razão aponte para a outra possibilidade.
Bom, com o argumento RACIONAL de a Verdade, possivelmente, ser fruto de uma realidade espiritual, fica mais fácil falar sobre a verdade moral e religiosa -incluo como "religião" o ateísmo, pois ele já é defendido com fervor e fé típicas das religiões. Existe UMA ordem moral verdadeira e existe UMA religião verdadeira, pois não existe, na base de tudo, mais de uma verdade, o que indica, também, que a ÚNICA verdade moral e a ÚNICA verdade religiosa são uma só na Verdade Absoluta Geral. Por que "uma só verdade?" O Universo não pode ter se originado de mais uma maneira diferente, pois o evento de origem é um só, ocorrido de uma só maneira, por uma só causa e com um só objetivo. É o momento da Origem de Tudo que define a seqüência: havendo uma só origem fundamental e essa origem fundamentada numa só verdade, então há de se conceber que exista apenas e eternamente essa unica e absoluta verdade, que se desdobra em todas as outras verdades menores. Você pode ler mais na postagem: "A Razão".

A verdade moral existente hoje, o senso comum, instintivo, intrínseco no subconsciente humano e que burla, muitas vezes, o idéia darwinista de seleção natural, de valores, de certo e errado, de amor, precisa de uma causa para si. A única opção razoável ao cético, na explicação do Universo, exclui uma causa para aquilo que nos separa dos animais e, portanto, nunca se achou uma explicação convincente para os sentimentos, para a existência de barreiras morais em nossa essência -e com direito a um espaço próprio em nosso cérebro, como se tivessem sido colocadas, inseridas em nós, como um programa baseado na vontade de um programador. O relativismo moral se perde nisso: há em nós, em nossa mente, algo que possui, até mesmo, espaço físico, para definir uma moral única e inquestionável - que pode ou não ser relevada, mas que até hoje definiu regras de comportamento moral muito semelhantes em todos os povos do globo ("não matar, não trair a esposa, não roubar...").
A questão de verdade moral, para ser aceita, não precisa, nem ao menos, da evidência de um eterno ser moral como Causa Primeira da nossa moralidade. O cético há de considerar que o que concebemos como valor moral hoje não veio a ser tido assim por qualquer motivo, por acaso -mesmo que creia que toda a ordem existente hoje veio do acaso. Um grupo de homens primitivos não viu na "convenção social" em que hoje está se resumindo a família, algo fútil e opcional -falo da família, pois é o berço da moral. A instituição familiar, até para o cético, deve ser considerada, no mínimo, um avanço, um "passo além" extremamente poderoso e essencial para a sobrevivência humana, pois a família trazia identidade, fortalecia os laços afetivos, principiava a civilização, facilitava a manutenção da ordem, a proteção do grupo em relação à bandos inimigos, bestas selvagens e fenômenos naturais, além da maior facilidade, devido às mentes pensantes unidas e à foça conjunta, de caçar e obter alimento. Para o cristão, a concepção de família vai além, pois existe desde que Deus criou homem e mulher. Para ambos, porém, a família não representa apenas um contrato opcional e irrelevante, mas algo de extremo valor e importância. A verdade absoluta da família, até mesmo para o cético, está na sobrevivência, está na proteção e manutenção da vida, por isso, instintiva e racionalmente falando, a família está dentro daquilo que deve ser tido como parte da verdade fundamental, ao contrário do que se prega no relativismo, com base na sede individualista por extrema liberdade, que "a família é apenas uma convenção social, fruto da cultura e só existe porque assim foi instituído, mas, não precisa ser assim". A família é uma "invenção" que, estranhamente, sempre existiu em todos os povos da Terra.
Entenda o meu raciocínio: se vivemos, então o objetivo fundamental da vida é viver, a verdade absoluta se desmembra nos conceitos que priorizam a vida individual e dos próximos. Acima citei a família, agora vou repetir algo que já postei no seguinte artigo: "Por que se opor?" Trata-se de uma pesquisa relativamente nova promovida nos Estados Unidos, sobre o que acontece em lares com pais ausentes -ou seja: com a instituição familiar afetada:
· 63% dos jovens que se matam, se suicídam, vêm de famílias sem pai (U.S. D.H.H.S., Bureau of the Census);

· 90% de todos os meninos e meninas de rua (estamos falando dos Estados Unidos, não do Brasil) vêm de famílias sem pai;

· 85% de todas crianças com distúrbios do comportamento são originadas de famílias sem pai (Center for Diseases Control);

· 80% dos estupradores vêm de famílias sem pai (Criminal Justice and Behavior, Vol. 14, p. 403-26, 1978!!);

· 71% das crianças que abandonam a escola vêm de famílias sem pai (National Principals Association Report on the State of High Schools);

· 75% dos adolescentes atendidos nos Centros antidroga (chemical abuse centers) vem de casas sem pai (Rainbows for all God's Children);

· 80% dos jovens non centros correcionais vem de casas sem pai (U.S. Dept. of Justice, Special Report, Sept. 1988);

· 85% dos jovens presos cresceu em casas sem pai (Fulton Co. jail population, Texas Dept. of Corrections 1992).

· 69% das crianças abusadas sexualmente vivem em casas onde o pai nao é presente.

Note: suicídio, um atentado terrível à vida, pode ser fruto de um lar sem o pai presente. A pobreza, com as crianças de rua, que também coopera para a destruição do corpo e, logo, para a morte, é maior em lares em pai. É maior a imoralidade sexual e a crueldade, falando dos estupradores, em filhos que não tiveram o pai presente na infância -vale ressaltar que o próprio estupro, atingindo e destruíndo a vida doutra pessoa, é um atentado à idéia de viver. Grande parte dos dependentes químicos - que destróem o corpo, a mente e o espírito por meio das drogas, caminhando para a morte -, vêm de lares sem pai... Em resumo: os valores morais e psicológicos, baseados no amor e nas limitações corretivas que os pais impõem aos seus filhos, só se fazem presentes de forma efetiva na família e, como se vê, são essenciais para proteger e mantér a vida. Constata-se que não só outrora, mas atualmente a família tradicional não é apenas uma "convenção social", optativa e mutável, mas, sim, a guardiã da vida, a instituição mais poderosa e eficaz na proteção do ser, eficiente de forma inequivalente para a sobrevivência humana - e sem ela, hoje ou ontem, a vida humana não subsiste - hoje aniquilando-se a si mesma, ontem, perecendo mediante um mundo hostil.
A moral não é relativa, em hipótese alguma. Com base na idéia de verdade absoluta e de que a vida existe para ser vivida, a moral verdadeira só pode ser aquela que contribui com o viver. A libertinagem sexual - suas doenças e perigos -, o uso de drogas alucinógenas - seus efeitos e outras implicações relativas à insanidade -, a violência à mente e ao corpo, seja do indivíduo ou do seu próximo - pois afeta instantaneamente o perpetuar da existência... estão fora da verdade moral, já que, em todos os aspectos, destróem aquilo que a vida precisa para se mantér. Releve como mentira, como inimizade para a vida, aquilo que, a curto e longo prazo mata o indivíduo ou que, a longo prazo e, caso generalizado, tem o potencial de destruir a humanidade. Nos termos do cerne e do fim desse parágrafo, posso incluir como inimizade para a vida - e não opção relativa - o aborto, o homossexualismo, o bissexualismo - e todas as outras formas antinaturais de relacionamento sexual -, o feminismo, o divórcio... Se andarmos um pouco mais no raciocínio, chegamos à idéia de que a vida não se mantém apenas na integridade física e mental, mas só existe de fato, como humana, quando conceitos de liberdade de ação e expressão são plenos - isso invalida toda a espécie de tirania, que rebaixe o homem, que o emburreça e o domine pela manipulação e censura, que o torne escravo pela força de idéias desonestas. Por isso toda a política opressiva atual pode e deve ser considerada imoral - já que denigre o homem, enquanto propõe a morte física e mental. O padrão moral verdadeiro e único, ao lado da religião verdadeira, não inibe a liberdade de pensar e agir, a liberdade de viver, mas desestimula a "liberdade" de pensar e agir em prol da morte.

De qualquer forma, a verdade absoluta, que nos definiu outrora como humanos, continua nos definindo como tais, portanto, tudo o que nos afasta da excelência humana, que nos distingue dos animais -pensamento, moral, razão- e nos aproxima dos seres irracionais e amorais, vai contra a verdade absoluta em relação à humanidade - que, também e logicamente, é uma verdade em prol da sobrevivência humana. A dominação dos instintos por sobre a mente é típica e própria dos animais - o homem bestializado, que segue pelos prazeres carnais, que se prende na sede momentânea por saciar-se, obscurecendo a mente, a razão, abrindo mão da moral e da lógica para a vida, está se portando de forma oposta à verdade moral, única e inescapável. O individualismo, que prega, antes de tudo, a satisfação plena do EU, o engrandecimento do ego e não atenta para pudor moral e ético, cuja indústria que o alimenta está aniquilando a Terra -alicerce da vida física- e o homem- na essência- é, portanto, avesso à verdade moral absoluta! Assim como tudo o que se desenvolve acerca dos preceitos individualistas - como o relativismo.
Sobre a verdade moral, não tenho mais muito o que falar, pois quero que você reflita. Apenas atente ainda para, sendo ou não cristão, o valor para a vida que as "convenções" sociais já demonstraram ter e o quanto elas são questionáveis e excluíveis. Você, como ser vivo, há de concordar e ser honesto: o relativismo moral defende coisas que atacam severamente o alicerce fundamental da vida, que é a própria vida. Se o relativismo moral continuar imperando, como uma mentira, obviamente levar-nos-á ao lugar errado -como sendo a vereda errada- e, senão à extinção, muito perto dela. O preço é alto demais... mas os homens arrogantes dessa geração acham ser preço viável para que, em sua vida, sejam plenos. Aniquilar o mundo, que é o que o relativismo moral propõe, demonstra, sem questionamento, que a verdade moral está naquilo que, por meio de limitações morais e éticas, propõe a sobrevivência da espécie humana.

Certo, existe uma verdade moral, mas e uma verdade religiosa, espiritual? A menos que você creia que a verdade moral tenha se originado do caos de um universo advindo de uma explosão, ou do caos instintivo de uma natureza irracional, há de apontar para uma causa transcendente ao espaço material, portanto, crer no espiritual. Mas esse espiritual não pode ser mera energia imaterial, sem razão, pois regras e programas são fruto de um legislador e programador, que sabe como as coisas funcionam e tem plena ciência de como formular e encaixar regras de forma a mantér essas coisas. Havendo um padrão moral perceptível, o espiritual a inserí-lo no homem deve ser condizente com ele, não avesso, mas, sim, o absoluto de toda a boa moral, a perfeição, a plenitude de tudo aquilo que exige dos seres "inferiores". Primeiro: se esse espiritual criou a vida e as regras que a mantém, então ele se encaixa com a óbvia idéia de que a verdade sobre a vida, além de viva, precisa atentar para o viver. Segundo: havendo todo um padrão observável de moral em prol, da vida, devemos procurar a religião que contenha o melhor código de conduta, o melhor código de regras morais e éticas a combinar com o que observamos e experimentamos.
Mas a religião verdadeira, necessariamente, existe e é de nosso conhecimento? Provavelmente um criador que tenha inserido no homem o desejo de se relacionar, também tenha, em sua natureza, esse mesmo desejo. Esse, portanto, é um criador relacional e que, sem dúvida, relacionou-se e se relaciona com o ser humano, sendo um bom atributo nosso e, logo, dele. Esse relacionamento com o homem, necessariamente produziu uma religião. Também é óbvio que, existindo uma verdade religiosa, esteja ela presente na prática - seria complicado conceber que todas as milhares de religiões não passassem de mentira: pelo menos uma, dessas milhares, deve representar a verdade plena e, à partir dela, terem se ramificado, para perto e para longe, as demais religiões que conhecemos - sendo que todas as que fogem da essência plena, estão erradas, pois não existe "meia verdade", quando ela é absoluta.

Eu não conheço cada religião, mas sei que quase todos os politeísmos possuíam dividades exclusivas para a guerra e para a morte, ou seja: tornavam a guerra e a morte divinas, dignas de serem valorizadas. Tanto guerra quanto morte se opõe ao conceito de verdade moral em prol da vida. Também sei que quase todas as religiões politeístas tinham alguma espécie de ritual sacrificial, seja através da luta de gladiadores, seja através da morte do primogênito, seja através do sacrifício de escravos de guerra. Também conheço religiões com divindades exclusivas para o sexo libertino e com prostitutas rituais, afim de engrandecer tal divindade, assim como outras relacionadas à bebidas alcoólicas e adeptas dos excessos, ambos esses casos, contradizem a proposta da verdade moral para a vida. Há outra questão ainda: se a verdade moral só pode ter se originado do espiritual e, portanto, de um deus criador imaterial, podemos, por lógica, excluir toda a espécie de religião em que a, ou as, divindades possuem origens e representações físicas, assim como seus respectivos domínios. No final das contas, todo o politeísmo se invalida, já que UMA verdade absoluta, advinda de UM ÚNICO princípio de TUDO, só poder ser fruto de UM ÚNICO Deus.
Sobram os monoteísmos: budismo, islamismo, judaísmo e cristianismo, principalmente. O budismo, vertente do politeísmo hindu e advindo da mente de um único homem, descarta-se, além do fato de suas raízes serem politeístas, pelo fato de nem Buda ter conseguido uma resposta para o sentido da vida. O islamismo, embora possua um padrão sanitário excelente, herdado da Torá, proíba vícios em geral e creia num deus totalmente espiritual, possui, na própria escritura sagrada, o apelo para o destruir dos inimigos de Alá - e Alá não quer destruir ele mesmo seus inimigos, manda seus seguidores fazê-lo. Essa proposta que, como cristão percebo ser fato, analisando a brutalidade islâmica com os cristãos de países muçulmanos, por si já invalida o islamismo como portador da verdade moral. O judaísmo avança um pouco, mas perde o sentindo quando ignora que Jesus, o evidente Messias esperado, cerne do Antigo Testamento, respaldado por centenas de profecias messiânicas cumpridas, é o Ungido do Senhor. O cristianismo, por fim, trabalha, na parceria do Antigo com o Novo Testamento, com um padrão moral inigualável, a imagem da perfeição do Criador, chegando ao ponto de ordenar que os filhos de Deus façam-se inferiores em valor do que os seus próximos - Filipenses 2:3-5. O amor no Antigo Testamento tem seu ápice na idéia de "ame o teu próximo como a ti mesmo" (os 10 Mandamentos, Êxodo 20:1-17), mas no Novo Testamento, o amor ganha uma exigência e força extremamente maior quando o próprio Cristo, que morreu em nosso lugar, diz: "amem-se como EU os amei" - João 13:34. Outros grandes ensinamentos: "se te golpearem a face direita, ofereça também a outra; se te roubarem a túnica, dê também tua capa; se for obrigado a acompanhar alguém por uma milha, vá com ele por duas; dá ao que te pedir; ame e faça bem aos que te odeiam. Só assim serás Filhos de Deus" (Mateus 5:39-44) -Filho, pois terá semelhança com a "genética" do Pai!- Sim, a proposta de Cristo foi e é revolucionária. Você, após ler os Evangelhos, pode tentar encontrar "religião" com padrão equivalente, mas jamais, tenho certeza, encontrará. As palavras de Cristo são um inquestionável manual para a vida, tanto a vida terrena quanto celeste! Existindo uma religião como fundamento espiritual para a existência da verdade moral, essa "religião" há de ser o cristianismo! Se o Legislador desse Universo é pleno, como ápice da moral e ética, embasada em amor, então o Seu legado escrito e histórico só pode ser aquele em que se encontra a plenitude desse amor, dessa moral e dessa ética - e a "religião" onde nos deparamos com os limites de nossa compreensão do que é amor é o cristianismo. Nenhuma outra religião chega tão longe, logo, nenhuma delas está em posição de verdade superior à fé cristã, pelo contrário.
Mas a beleza do cristianismo é que ele tem uma resposta que só pode vir de um Criador amoroso e preocupado com a vida: mediante o pecado, a corrupção geral do mundo, "vivendo" em prol da morte, o Filho é enviado à Terra, em corpo humano, para morrer pelos homens e, como Deus ressurreto da morte, anular o domínio da mesma sobre a humanidade e, implantando uma nova "biologia", reverter os processos de degeneração espiritual causados pelo distanciamento do Deus Vivo. Ele reaproxima uma humanidade morta pela depravação moral e espiritual, da fonte de perfeita moral, da fonte do Espírito!! E é através do Espírito de Deus que o homem consegue coisa que é impossível segundo a sua constituição moral e espiritual, depravada com a Queda: obter o caráter perfeito e totalmente santo de Cristo, que viveu e morreu sem a mancha de nenhum pecado. Perceba a beleza disso: concebendo que o homem era simplesmente impuro demais para chegar-se diante dEle, Deus ofereceu a vida de Seu Filho para cobrir a dívida humana -adquirida com o pecado. O homem continua impuro demais para chegar à Deus, mas, à partir de então, o Filho, após com seu sangue ter nos comprado, nos adotado, responde por nós, em nosso lugar - a sua perfeita imagem substitui a nossa depravada constituição e a autoridade de sua pessoa nos é dada para que consigamos chegar perante Deus.
Por fim, se a verdade moral para a vida é viver, o cristianismo tem uma reposta que transmite um pleno sentido para ser e existir: Deus tem uma resposta para a vida, e uma resposta ETERNA - uma eternidade embasada na perfeição moral do Criador e cumprindo a Sua proposta inicial: uma eternidade de intenso relacionamento entre os homens regenerados e para com Ele!
Mas, como se encaixa, nisso tudo, essa história de pecado? Por que o homem, necessariamente, tenha de estar em decadência e não ter sido ele sempre da forma como hoje o é? A resposta para essa questão exige um raciocínio filosófico um pouco mais profundo e eu proponho a mim mesmo respondê-lo - e no final, você perceberá, mais uma vez, que o cristianismo é a ÚNICA OPÇÃO.

1º) Simplicidade: na concepção tradicional, teológica e filosófica da Igreja, um dos atributos de Deus é a simplicidade, não no sentido de mediocridade, mas no sentido avesso à "composto". Dizer que Deus não é composto, quer dizer que Ele é feito de uma única "parte", de uma única essência, de uma única natureza, o que comporta muito bem com a necessidade lógica de que opostos não se atraem, mas se anulam, de aniquilam. Para Deus ser coeso, Ele só pode ser UM. Deus não pode ter, em sua natureza, bem e mal, perfeição e imperfeição, luz e trevas ao mesmo tempo. A perfeita ordem exigida ao Criador da ordem e a perfeita paz e estabilidade necessária ao Eterno Deus, para que seja possível a condição de eternidade, a natureza ímpar, totalmente coesa e única daquele que eternamente É o que É, exige a simplicidade. Essa “simplicidade” indica que Deus é perfeitamente bom, sem nenhum traço maligno, nenhuma raiz de caos e morte. Até porque o Criador da Vida precisa ser TOTALMENTE vivo e atento ao viver. 1 Timóteo 6:15-16 e João 4:24. Esse conceito anda intimamente ligado aos atributos de Eternidade (é necessário que o Criador não tenha sido criado –Colossenses 1:17), Imutabilidade (porque não há “novidade” no eterno –Hebreus 13:8) e Independência (porque o Criador não depende da criatura –Atos 17:24-25).

2º) A única forma: se o Criador é constituído de uma só “matéria” e não pode ter inserido na Sua Criação algo que Ele não possui, então a Criação teve, originalmente, um único e absoluto aspecto - que é a Verdade Absoluta, o sentido original, a composição fundamental de todas as coisas, como elas eram segundo os propósitos do Criador e como, portanto, ainda devem ser, mesmo que hoje, em si, não o sejam mais devido a Queda.

A Lei da Causa e Efeito no diz que a Causa é sempre maior do que o seu Efeito - o que é lógico, baseando-se no fato de que nada "tem mais energia do que possui", impossibilitando o ato de criar algo maior e melhor do que si mesmo. Portanto o Criador é, em todos os aspectos originais da Criação, maior e mais pleno do que ela, pelo fato de ela ser obra de Suas mãos. O Criador da Vida, o Criador da ordem e da beleza demonstra, só pela observação das evidências, um caráter bom, benigno - demonstrado esse caráter, com base no conceito de "simplicidade", havemos de conceber que o Criador é totalmente e absolutamente bom. Havendo beleza, ordem e vida na natureza, automaticamente concebemos que o Criador é de vida, ordem e beleza, insondavelmente superior do que o que se concebe na Sua Criação. O raciocínio, que se torna um pouco circular, portanto, ao afirmar que o Criador é plenamente bom, aponta para um Universo originalmente e totalmente bom e a própria observação de que o Universo é bom, mesmo com a decadência observável, nos leva à idéia de que o Criador é absolutamente bom.

Detalhe: toda a beleza, ordem e moral exige o fruto do trabalho intelectual de um projetista, um programador, um legislador que é, por fim, maior e melhor do que sua Criação. Caos, terror, barbárie, nada disso depende da influência, dos cuidados de uma mente intelectual. Havendo no Universo, hoje parcialmente, beleza, ordem e moral, então somos obrigados a atentar para o projetista intelectual - pois ele se torna necessário. A natureza do projetista, baseado no seu trabalho benigno, portanto, mostra-se inquestionável e incalculavelmente benigna - já que Ele é pleno na simplicidade, eternidade, imutabilidade e independência.

3º) O problema: certo, havendo traços nesse universo que apontam a necessidade do Criador e, sendo tais traços, evidência de um Criador pleno em beleza, ordem e moral, havemos de conceber que o Universo, não fugindo dos genes de sua Causa, era originalmente bom. Mas, se hoje observa-se a existência do caos e de uma moral deturpada, então, sem dúvida, algo fugiu da regra geral, uma aberração se sucedeu. Mas como isso se tornou possível? Como uma raiz de maldade brotou num Universo totalmente bom?! A Bíblia explica - na verdade, a Bíblia é o único livro sagrado que transmite a idéia óbvia descrita nesses últimos parágrafos, indicando a veracidade da fé cristã - embora não totalmente, já que ela mesma fala sobre a existência de muitas "coisas encobertas" (Deuteronômio 29:29) e que, como humanos, em nossa condição, jamais conseguiremos explicar, pela falta de capacidade e material. ->Você pode ler uma abordagem mais densa nas postagens "A Razão" e "Pequeno Detalhe".

Um Deus relacional: já comentei que Deus quer se relacionar com o homem, pois o traço relacional humano só pode vir de Deus. Agora: como se sucede um relacionamento sem liberdade? Deus criou afim de se relacionar, mas sendo amor e justiça na plenitude, também não poderia obrigar o homem a, forçadamente, estar com Ele. Não parece algo típico da personalidade insondável do Criador criar robôs que respondessem de forma programada, fria e repetitiva - primeiro porque um relacionamento verdadeiro não se constrói entre máquina e maquinista, depois, porque o absoluto Senhor não teria prazer de habitar com criatura que só fizesse ou falasse algo esperado, que o próprio Criador de antemão já soubesse. Deus não estava carente quando criou, pois Ele é independente e estivera assim por uma eternidade anterior à Criação, portanto, torna-se sem sentido a idéia de Ele criar algo que só respondesse positivamente, sempre e padronizadamente, enchendo-O de bajulações. Não, dessa vez Ele queria se relacionar! Não apenas admirar ou ser admirado.

O Senhor do Universo planejou criar algo que consumasse com Ele um relacionamento de verdade e sem base em obrigação. Para se relacionar com alguém diferenciado, com corpo, alma e espírito, alguém de que fato lhe desse prazer, decidiu criar um ser à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:27). Mas essa "imagem e semelhança" tem uma implicação, já que, sendo semelhante a Deus, o homem deveria ter personalidade, liberdade e o direito à independência, que reforçaria a necessidade de liberdade já comentada - o fato é que só existe relacionamento verdadeiro entre semelhantes, o que constatamos pelo fato de só conseguirmos nos envolver profundamente com outros seres humanos, semelhantes a nós, com quem conversamos, partilhamos idéias e raciocínios e demonstramos afeto. Excessões existem, paralelas a alguma anomalia mental.

->Com base nisso, compreendemos que o relacionamento possível com Deus só se sustenta no fato dEle e nós termos alguma semelhança, mas se torna inquestionavelmente viável quando o próprio Deus se fez homem na pessoa de Cristo!!

Há, também, outro fator que determina um relacionamento: a surpresa. Como já disse, não faria sentido Deus criar algo que fosse superficial à ponto de não lhe transmitir prazer algum. A surpresa constitui um relacionamento de fato, pois nenhuma das partes sabe o próximo passo do outro, então não se funda uma relação de cobrança, desconfiança, mas de construção e zelo, para mantér o que até determinado momento já foi conquistado - há o anseio de cativar e ser cativado, a prazer em supreender e ser surpreendido. A "surpresa" também exige uma criatura com personalidade e liberdade e, dentro dessa surpresa, há o risco de surgir um espanto negativo. O fato derradeiro é que O Criador não poderia ter feito diferente, ao desejar criar alguém com quem se relacionar - o preço foi o risco de Sua obra desejar não se relacionar com Ele, o que, por si, não se define como "mal", já que é apenas opção, uma opção viável dentro dos limites estabelecidos dentro de um mundo bom, o exercício dos direitos dentro do relacionamento estabelecido. O homem o fez, por ingenuidade, mas o fez. O "mal" surge na seqüência: o homem escolheu a independência de Deus, mas essa independência o separa de toda a fonte de bondade, ordem, beleza e moral em geral, o "mal" aparece, então, não com raiz em Deus, não como criação, mas como conseqüência das criaturas optarem pelo afastamento do Criador. Longe da glória de Deus, Seus atributos eternos e próprios, não se aplicam e, logo, o que resta é o fruto de Sua ausência, ou seja, o oposto de benigno, de moral, de belo, de ordem. Creio que, assim como se deu com Adão e Eva, deu-se também com Lúcifer. O que segue na história do mundo é o tempo reservado por Deus, um período de maldade entre a anterior eternidade de bondade e a vindoura, em que o homem, individualmente, escolhe o que, de fato, deseja: Deus ou a outra opção.

Noutros tempos ouvi uma definição de pecado que me chamou muito a atenção e que é bem coerente: o mundo criado, o mundo de Deus é bom, sempre foi bom. O pecado é apenas uma dosagem mortalmente exagerada das coisas boas que Deus criou: o Pai criou o sexo para o homem e Satanás fez o sexo se tornar uma divindade -Afrodite-; Deus criou o trabalho, mas Satanás o fez -ou o seu fruto- ser tido como uma divindade -Mamon...

Com base no ponto "detalhe", acima, podemos definir o "mal" como simples e mera conseqüência da ausência do cuidado e zelo dO Criador intelectual e bom, que, segundo Seus atributos eternos, mantém a ordem, a beleza, a moral. O "mal" não é "algo" em si, mas a ausência de seu oposto - a deterioração consequente do afastamento do Criador racional e benigno, que, em sua razão e benevolência, preserva o que está ao Seu alcance. A ordem exige um intelecto, portanto quando algo se afasta desse "intelecto", entra em desordem. Simples. - Como a razão e a fé cristã (teísta e não panteísta) afirmam que o Criador não pode ser menor do que Sua criação ("Causa e Efeito", "a matéria é finita e efêmera"), não habitando-a, mas estando além dela, transcendente -enquanto imanente-, essa separação, isolamento da matéria criada do Criador é possível, pois ela não é Ele, é apenas obra dEle e, portanto, pode ser sem Ele - mas esse "ser", sem a glória do Eterno Senhor, se constitui, obrigatoriamente, no que Ele não é.

No final das contas, como o "mal" não faz parte da natureza original, há de ser aniquilado completamente, como ferida que cicatriza, e, por meio de Cristo, haver uma regeneração total da Criação. Por fim, essa regeneração culminará numa obra mais plena do que a original, pois o homem, outrora conhecedor do mal, saberá, de fato, que o relacionamento com o Deus Eterno é a melhor e única opção. Segundo essa outra visão que concebi -com a qual ainda me divido-, o processo de Criação ainda não terminou, mas se estenderá até a aniquilação do Mal e a consolidação dos Novos Céus e Nova Terra.

--Se existe uma verdade absoluta e se essa verdade absoluta envolve uma verdade moral, então não tenho opção senão crer, com base na razão, no Deus cristão!!--

O cético, então, pode argumentar: "Mas e a história da Igreja? Ela não está cheia de carnificina e depravação?!" A minha resposta é: sim, está. Acontece, leitor, que a história da Igreja é uma história de homens e, como sabemos, o homem é capaz de cometer atrocidades, de usar dos tesouros mais belos e imaculados como argumento para uma postura tenebrosa. Da mesma forma que anteriormente disse que o problema do homem com a razão e a lógica não é, essencialmente, um problema com a dita razão e lógica, mas do homem com ele mesmo, o problema com a igreja é um problema puramente humano e, portanto, não deve-se ignorar o cristianismo da forma como ele é pelo simples fato de o ser humano tê-lo usado de maneira desonesta, herege, profana.
Um martelo pode ser usado para construir ou para destruir, mas não é porque um bando de loucos saiu por aí usando martelos para destruir o patrimônio público, que martelos devem ser abolidos. Da mesma forma é com o cristianismo: sim, a fé cristã é tão profunda e poderosa, que consegue persuadir multidões como ninguém e exercer um controle considerável sobre elas e é esse atributo que pode ser usado tanto para a morte quanto para a vida, dependendo do quanto o respectivo líder dessas tais multidões é cristão de fato. No final das contas, a própria Bíblia inibe a violência, a exploração, a mentira, a depravação e corrupções em geral, portanto, se a História da Igreja está manchada com isso tudo, por grande parte da história de sua existência a igreja esteve vivendo longe das veredas bíblicas - ou seja, a própria igreja cristã estava se portando de maneira anti-cristã.
No final das contas, por mais duro que tenha sido o regime católico na Idade Média, os valores morais e tradicionais ainda eram valorizados e estimulados, exigidos do povo, a família ainda era tida como o cerne da civilização e, portanto, havia algum respeito pelo correto, pela vida. O Século XX, por outro lado, sendo o primeiro século inteiro vivido sem a religião como fator determinante da política, ciência e filosofia do Ocidente, foi marcado por duas terríveis guerras mundiais, que mataram mais do que a igreja matou nos 19 séculos anteriores somados, assim como uma série de regimes totalitários, conhecidos por sua tirania. Vale ressaltar que Hitler não era cristão, mas nazista -pois o nazismo era, sim, um sistema político e religioso. No final das contas, vê-se que, por mais o cristianismo tenha sido deturpado na história, é melhor com ele -corrompido- do que sem ele - mas imagine uma sociedade fundamentada num cristianismo totalmente puro!

O mundo está sofrendo com o avanço de uma pandemia que promete nos destruir e a resposta, ao que parece, está sendo exatamente aquilo que o homem tem considerado como a grande inimiga. Não tentemos contra o cristianismo!! Não lancemos no fogo o livro mais civilizador da história!! O homem está prestes a cometer o maior erro de sua jornada nesse mundo... e o faz por arrogância, egoísmo, precipitações!! Hoje eu lanço a minha defesa em prol da vida, tome você também alguma atitude! Como sentinelas não podemos nos calar!!
Bom, creio já ter escrito o suficiente para uma só postagem. Vou parar por aqui, esperando que a tua idéia sobre o relativismo e a necessidade de um padrão moral e religioso, tenha sido, pelo menos, estremecida. Não, não considero que o meu pensamento, sendo um cara sem diploma nenhum, com menos de 20 anos na cara e sem a honra de dizer ter lido muitos livros, carregue pesada lógica e poder, mas penso que, por mais simplório que seja, ele tem o seu valor. Espero que tenha chego até o fim dessa postagem e te parabenizo se o fez! Por hoje é "só"!

Natanael Castoldi

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