De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Seriedade

Bom, depois de algum tempo decidi escrever novamente uma postagem voltada para a postura cristã de fato. Tudo o que vivi nesses últimos tempos me fez migrar, gradativamente e novamente, de uma perspectiva mais fria e teórica da Palavra para uma postura mais prática, de ver Deus agindo de maneira inquestionável, mudando vidas à olhos vistos. Foi isso que aconteceu na Viagem Missionária que fizemos semana passada no curso ATOS, quando fomos para Erebango, norte do Rio Grande do Sul, passar cinco dias por lá, afim de levarmos o Evangelho à todas as escolas e turmas, à creche, às famílias... Também trabalhamos com os índios guaranis, os drogados e etc. O fato é que foi perceptível o agir de algo colossal por detrás de nosso serviço, obviamente Deus, já que tudo deu extremamente certo, pessoas retornaram à igreja, outras decidiram se converter e consegui fazer várias amizades, mas o mais gratificante foi ver, após a visita que fizemos à aldeia guarani, uma boa parte da aldeia visitando, por vontade própria, a Igreja Batista no domingo à noite, incluindo o cacique e o pajé. Eles nunca tinham entrado nessa igreja -alguns foram ouvir falar de Jesus há pouquíssimo tempo- e, do anda, a aldeia toda foi profundamente impactada por Cristo. Isso é o cristianismo: estar no meio, estar com os que precisam, sem temor, sem tremor - de fato, vi como Deus nos dá ousadia para chegarmos perante todos, assim como o Seu Espírito amolece aqueles que mais nos assustam. Estar lá evangelizando não foi um fardo, fiquei exausto com extremo prazer e alegria!!
A questão que refleti há alguns dias vem como fruto direto de uma visão mais prática da Palavra, que transpassa todo o conhecimento: seriedade. O que quero dizer com "seriedade" é que o cristianismo é, sim, um assunto sério, que exige respeito e temor, que exige dedicação e entrega total, não havendo meio-termo, não havendo possibilidade de frieza, não havendo contínua -e maligna- calmaria, longo descanso em terra: o cristianismo não é brincadeira, ele tem teoria apenas para desenvolver a prática e essa prática se resume em abrirmos mão de nós mesmos para que Cristo viva em nós, tornar-nos em nada para que Deus faça o que quiser conosco, nos humilharmos e mostrarmos fracos, para que possamos viver em serviço aos outros, dedicando todas as nossas energias na conversão, perseverança e motivação dos próximos, suprindo-lhes física e espiritualmente, mesmo que isso desgaste nosso corpo e nosso espírito - na verdade, o desgaste do corpo, representando um sacrifício de nossa carne, apenas fortalece o nosso espírito, tornando-nos mais dependentes dos outros, ampliando nosso amor por eles, e tornando-nos mais dependentes de Deus, ampliando nosso amor pelo Pai, que tanto nos ama. Não quero dizer que o cristianismo é algo triste e doloroso, pelo contrário: mortificando nossa carne traiçoeira e efêmera, nos tornamos, gradativamente, o que originalmente deveríamos ser, recuperando, aos poucos, nossa identidade genuína, nos encontrando, vivendo com perspectiva, com uma razão, com uma Causa. Somos felizes à medida que o Espírito de Deus nos alegra e nos faz exultar com o bem e a satisfação dos próximos. O Corpo de Cristo deve ter como marca a alegria, natural de uma comunidade desapegada das riquezas enganosas da carne e do mundo, de uma comunidade totalmente unida, ligada em amizade e apoio mútuo.
Com seriedade e alegria, assim deve ser tido o cristianismo. A seriedade nos faz buscar santidade e servir até que, se necessário, nosso corpo não suporte. A alegria nos motiva a servir e nos faz ser luz num mundo cada vez mais melancólico, tomado de pessoas carentes e solitárias, frustradas, mergulhadas em vícios e totalmente movidas pelos prazeres momentâneos e terrivelmente mentirosos: pífias miragens num deserto tórrido. Devemos ser sal e luz para os que correm incessantemente atrás de ilusões para, no final, apenas encontrar a solidão num asilo ou numa velha casa, em profunda tristeza e desilusão, esperando nada menos do que a morte como meio de se libertar da frustração e exaustão. Nós temos futuro, nós temos causa, nós temos identidade, nós temos amor!! É disso que nossa sociedade precisa e é com nossa retumbante alegria, de uma genuína e simples felicidade, totalmente embasada no fato de sermos filhos de Deus, que os incrédulos desesperados verão uma saída, uma solução. Mas não se engane, só com seriedade é que conseguiremos, além da ortodoxia -o reto crer-, viver a ortopraxia -o reto agir-, só com seriedade conseguiremos ter alegria com temor, só com seriedade conseguiremos ser cristãos de fato, que seguem à risca a proposta de Cristo e, só sendo cristãos de fato, é que teremos como demonstrar a verdadeira alegria, que só pode vir de Deus. Uma coisa depende a outra: a seriedade na fé produz a alegria (Lucas 10:20; Filipenses 4:4) de sermos filhos de Deus e a alegria nos motiva a manter a seriedade nesses termos (Lucas 1:74-75; Efésios 6:18).
Algo que atualmente tenho visto nas igrejas que estão desandando espiritualmente por aí, se resume numa imensa falta de temor e tremor perante o Senhor do Universo. As congregações deixaram de formar um corpo, uma comunidade totalmente unida e interdependente, assim como dependente de Cristo, para se constituírem em verdadeiros clubes, onde cada busca a felicidade individual por meio de anseios de prosperidade e vitória material, ou na busca por status e "dons" espirituais para ter renome no mundo gospel. A seriedade está se perdendo, o pecado já não é mais problema, pois "Deus não se importa mais com isso", não existe mais Céu nem Inferno: "o Céu é aqui e agora, devemos reinar nesse mundo hoje, devemos ser prósperos LOGO", é o que dizem; o Inferno é ruim demais para ser citado, "um Deus bom não vai mandar ninguém pra lá, não importa a tua postura, por mais impura que seja", não há mais conseqüências, basta falar em milagres e riquezas, pois assim a igreja enche mais rapidamente. E a Segunda Vinda de Cristo? A esperança de sermos achados nEle? A expectativa de nos mantemos santos para quando Ele voltar? Bom, a Segunda Vinda já foi esquecida, ninguém quer prestar contas de sua imundície, "o que vale é só o prazer imediato, o EU" e assim a igreja de nossos dias, de modo geral, tem deixado de ser cristã de fato, pois todos os grandes fundamentos da fé estão sendo abandonados e o cerne da Obra de Cristo, o cerne da vida cristã, que é se doar aos outros, tem perdido espaço para um capitalismo selvagem. 
Essa falta de temor, a falsa alegria que tem se abatido numa igreja corrupta, sincrética, cuja liturgia se baseia no uso de velas, "vassouras abençoadas", "martelos da bênção", "sabonetes purificadores"(...) e veterotestamentária, tentando reconstruir a realidade judaica do "Templo feito por mãos humanas" como casa de Deus, anulando o valor da morte de Jesus, faz com que a postura do indivíduo não represente muita coisa. O que o cristãos faz na ordem do dia -e da noite- não tem mais importância nenhuma, contanto que seja dizimista, pode pecar à vontade -pode beber, pode adulterar, pode roubar-, pode, tudo ele pode e isso não é mais relevante, criando a falsa idéia de que Deus não vê ou que não vai fazer nada, que Ele não zela pelo Seu nome e pela Noiva do Filho, crendo que a postura impura não vai prejudicar a igreja, tampouco a própria vida. Em resumo, tudo está se tornando em meros rituais, religiosidade puramente mística ou, noutro extremo, profundamente gélida, bastando apenas uma aparição na igreja, o cumprimento de um cronograma, o "mexer de uns pauzinhos" e pronto, "Deus está satisfeito" e a impureza pode prosseguir dominando a vida do cristão, que é falso e mentiroso no domingo de celebração e devasso durante o restante da semana. Na verdade o que tem acontecido nesse universo sincrético daquilo que já fora cristianismo, é um crescente ateísmo prático, ou seja: a pessoa finge que Deus não existe nalguns momentos oportunos, afim de prosseguir dominada pela carne. O fato é que, para se chegar ao ponto em que chegamos, só pode haver, no coração de muitos, uma descrença total na existência do Deus Vivo, devido à falta de temor, à zombaria, à frieza - uns, voluntária e involuntariamente desacreditando a existência espiritual -pois não o temem- e outros descrendo no Deus cristão, pois vivem uma religião pagã, embora intitulada de cristã, e exaltam um deus que não está na Bíblia: o deus que se deixa levar por rituais, o deus que aceita o pecado, o deus que supervaloriza o dinheiro e as riquezas. O modo de culto que muitos "cristãos" de hoje empregam, na verdade, parece agradar mais ao "Outro" do que ao Senhor do Universo. São mesmo cristãos? Não sei, sei que Deus julga... E julga de forma justa, extremamente benigna para Seus filhos e terrivelmente torturante para os Seus inimigos!
A verdade é que Deus nos leva muito mais a sério do que pensamos, Ele compreende e releva tudo o que falamos, nossos atos retumbam com muito mais poder do que concebemos, sim, somos mais influentes do que normalmente compreendemos. Deus entende o que falamos e o valor que Ele nos dá, o nível de interesse que Ele tem para conosco, O fazem levar em conta todas as palavras que desferimos e todos os passos que damos, respondendo de forma coerente com o que pedimos através de tudo o que fazemos. Com Deus não se brinca, Gálatas 6:7, acaso somos mais fortes do que Ele?! 1 Coríntios 10:22. Há uma série de exemplos bíblicos de seríssimas conseqüências na vida de indivíduos, famílias e da nação de Israel por intermédio das atitudes de um ou outro irresponsável. Vale a pena analisarmos alguns desses casos para que repensemos nosso cristianismo, nossa postura, nosso crédito para com as coisas de Deus.
Adão, "pecadinho": o primeiro homem é, também, o culpado por nossa natureza falha e mortal. Adão e Eva vivam felizes no Éden, tendo plena liberdade de ser e agir, porém privados de uma só coisa: comer o Fruto Proibido (Gênesis 2:12-17). Foi uma proibição, uma ordenança de Deus: "não faça isso!" Mas Adão e sua esposa não relevaram suficientemente a ordem do Pai e comeram esse tal fruto. O resultado desse único ato de desobediência é que o ser humano tornou-se mortal, suscetível à doenças e à ação maligna, passou a sofrer para trabalhar e ter filhos e se tornou inimigo da natureza e das feras selvagens (Gênesis 3). O Pecado, que entrou em Adão pelo simples fato de ter desobedecido Deus uma primeira vez, hoje atinge algo entorno de 7 bilhões de pessoas e está levando para o Inferno uma imensa quantidade delas, que, antes da morte, ainda padeceram de profundo sofrimento e dor, num dificílima vida. É claro que não somos como Adão, O Primeiro, vindo de Deus, mas é de se pensar no quanto nossa postura tem potencial destrutivo não só para nós, mas para nossas igrejas, nossas famílias e nossa sociedade."É só um pecadinho!" Será?
Cão, desrespeito: o mais jovem filho de Noé foi também o alvo de uma grande maldição desferida por seu pai. Após o Dilúvio, ao colher o fruto da videira e produzir vinho, Noé embebedou-se e ficou nu - eu até entendo essa postura da parte do ancião, pois, sem dúvida, o mundo logo após o Dilúvio não passava de um charco fétido e sem grande beleza, o que deveria ser deprimente. Cão, o primeiro a ver seu pai nu, riu-se dele e maliciosamente chamou os outros dois irmãos para que o vissem. Cão pecou ao desrespeitar, ao ferir a honra de Noé, ao desafiar a sua autoridade e, por isso, Noé, irado com a postura de seu filho, lançou uma profecia malévola sobre ele e toda a sua descendência, que hoje compreende os povos africanos: "sua descendência sempre irá servir aos seus irmãos" e, de fato, os resultados dessa profecia são vistos ao longo de grande parte da história -Gênesis 9:21-29.
Quem é o nosso pai? Quem dizemos ser O Pai? Deus. O quanto O temos honrado mediante esse mundo maligno?! Sei que grande parte dos ditos cristãos está atentando, sem temor algum, contra o nome de Deus, seja rindo-se dEle em piadas, seja na devassidão e mal exemplo, seja na corrupção, seja no usar vão de Seu nome ou atribuindo-Lhe feitos e vontades que Ele não fez e não tem. "Não tem problema brincar um pouco..." Como somos estúpidos nessas horas... O Deus que pode fender um abismo imenso abaixo de nossos pés a qualquer momento não é alguém de quem se zomba!
Esaú, impulso: lá estava Esaú, voltando, provavelmente, de alguns dias de caçada, dias que, pelo visto, não lhe reverteram sucesso, se via esfomeado - creio ter sido, de fato, uma fome considerável, partindo do ponto de que ele não teve êxito na caçada. Ao ver seu irmão, Jacó, preparando lentilha -ou guisado-, cedeu aos impulsos de seu corpo e trocou a refeição, que mataria a fome do momento, pela sua primogenitura e, logicamente, Jacó aceitou a proposta -Gênesis 25:30-34. O resultado disso é que a profecia incondicional de Deus para Abraão, de terra, descendência e bênção mundial, herdada por Isaque, o filho prometido, foi então passada para Jacó, que tornara-se o primogênito e herdeiro.
Quantas vezes deixamos o impulso do momento tomar conta de nossa mente, aniquilar a razão, nos dominar e fazer-nos pecar? Será que esses lapsos são tão insignificantes assim?! Ah, Deus releva tudo o que fazemos! E, muitas vezes, mesmo que não o falemos, nossas atitudes são como a de Esaú: quando entre Deus e uma vida reta como Seus filhos e o pecado, traço típico e imperante dos incrédulos, escolhemos livremente pelo pecado, estamos, automaticamente, negando a filiação de Deus, pois o homem não "fala" apenas por palavras, mas por meio de atitudes - ainda bem que Deus tem paciência e insiste, com base no Seu infinito amor. Mas cuidemos: alguns -ou muitos- naufragaram na fé achando que um pecadinho aqui e ali não faz diferença nenhuma -1 Timóteo 1:19.
Levi, vingança: o filho de Jacó, Levi, perdeu o direito a ter uma terra em Canaã, obrigando-se a habitar nas tribos de seus irmãos, nas tendas deles, pelo fato de ter, ao lado de Simeão, vingado com extrema violência os atos dos habitantes de Siquém. Por isso a tribo de Levi ficou encarregada, no Êxodo, de cuidar do Tabernáculo e, posteriormente, do Templo, no período dos Reis, já que, não tendo terra onde habitar, se via disponível para o serviço integral. A questão, porém, não é o serviço religioso, mas a maldição de Gênesis 49:5-7, resultado eterno de um ato impulsivo de Levi e Simeão, que, provavelmente, acharam que lhes era lícito vingar sua família, que esse ato cruel era "bem" motivado o suficiente para não ser relevado por Deus, mas não, a justiça deles contradisse a Palavra do Eterno, que é inquestionável e inegociável.
Quantas vezes em nossa vida tentamos arranjar bons argumentos e motivações para cometer um pecado? Quantas vezes procuramos tornar lícito o ilícito?! Mentimos para nós mesmos! Deus não negocia Suas ordenanças, não há excessões, não pode-se bajulá-Lo!! "Ah, eu menti por uma boa causa..." Meu amigo, ser cristão é aguentar no osso as conseqüências de ser honesto o tempo inteiro! E esse é o nosso diferencial, apenas assim Deus nos honra!!
Moisés, falta de temor: no Êxodo hebreu Moisés mostrou-se um homem extremamente paciente e dedicado ao serviço, mas no ponto do livro de Números ele já estava esgotado mediante um povo blasfemador e impaciente. É no capítulo 20, versículos 10-12 que ele perde de vez a calma e, evidentemente se ira, além do povo, com Deus. Essa única falha, essa falta de temor perante o Pai, ao lado da falta de fé, fez com que Moisés, após décadas na frente do seu povo, guiando-os para Canaã, a Terra Prometida, perdesse a oportunidade de também entrar nela, morrendo no deserto ao lado de toda a geração que saíra do Egito.
É claro que nós podemos ser sinceros para com Deus e falarmos tudo o que sentimos, mas Ele quer respeito e esse respeito deve resistir mediante todos os problemas e desafios que se levantarem perante nós. Enquanto respeitamos a Deus, também devemos mantér o amor pelos próximos, não importando o que venhamos a receber deles. Muitas vezes usamos o argumento dos problemas para descontar em Deus e naqueles que nos cercam, mas essa falta de devoção e entrega ao Pai certamente não resultará em boa coisa.
Espias, falta de fé: em Números há um acontecimento dramático: quando Israel finalmente chega às "portas" da Terra Prometida, 12 espias, um de cada tribo, são enviados para analisar a região e estudar os inimigos que viriam pela frente. Após 40 dias de peregrinação em Canaã eles voltam e 10 deles resmungam perante Moisés, dizendo ser impossível que consigam tomar posse da promessa de Deus, pois o povo cananeu é muito poderoso, alguns são gigantes e outros moram em cidades colossais. A falta de fé e o desânimo contagiante desses espias, que fez o povo todo temer, fez com que Deus, irado com a nação de Israel, extremamente descrente e rebelde, enviasse o povo para padecer de quase 40 anos de viagens infindáveis pelo deserto, afim de que todos os que saíram do Egito, blasfemadores e infiéis, morressem e uma nova geração, nascida no Êxodo, pudesse, então, tomar posse da Terra Prometida. A descrença no poder de Deus da parte de 10 homens, a contagiar outros, fez com que centenas de milhares perdessem o direito à Promessa e morressem em terras áridas. Apenas Josué e Calebe, dos 12 espias, receberam a recompensa da Promessa, porque creram. Números 13:26-33; 14:1-24.
Quantas vezes nós, ao nos depararmos com barreiras, às vezes por comodismo, às vezes por desamparo, achamos que é melhor desistir, descrendo no poder de Deus? Como nossos atos, nossa pouca fé, contagiam os que nos cercam?! Nós responderemos pelo quanto cremos e pela maneira como influenciamos nossos irmãos!
Acã, "pecado oculto": o livro de Josué nos conta uma história preocupante: os exércitos de Israel, liderados por Josué, estavam perdendo batalha após batalha, Deus parecia não estar mais do lado de Seu povo. Então O Pai revelou à Josué o motivo de tantas perdas: "há anátema no Meu povo" -Josué 7:13. Josué então saiu a procurá-lo e encontrou-o: um homem de nome Acã tomou para si despojos de guerra, indo contra o que Deus ordenara, além de tê-lo feito em sigilo, sem o consentimento de seu líder. Essa atitude pecaminosa de Acã resultou na morte por apedrejamento -da mesma forma sofreram todos os de sua casa e até mesmo os seus animais -Josué 7:20-26.
Muitas vezes pensamos que um pecadinho aqui e ali não vai nos fazer mal e muito menos fazer mal a outros, basta fazê-lo em oculto que não teremos problemas, acontece que a nossa postura maliciosa pode influenciar espiritualmente toda a vida de nossa família e igreja,  perfurando o casco da embarcação onde todos navegam juntos, ateando fogo no teto de sapê da cabana onde todos habitam. Esse cristão que pensa que o pecado oculto não influencia ninguém, é como um Cavalo de Tróia no meio em que vive: infestado de trevas é um impecílio para a igreja, um bloqueio para a ação de Deus na congregação. E como fazemos isso!! Deveríamos levar mais a sério a nossa postura...
Saul, arrogância: quando tomou o trono de Israel, isso contra a vontade, não demorou muito para Saul demonstrar o seu caráter. No capítulo 15 de 1 Samuel há o relato de uma grande vitória de Saul sobre os amalequitas, mas, ao lado dessa vitória, o arrependimento da parte de Deus pelo fato de ter instituído Saul como rei. Por que isso? Porque Deus não se preocupa só com vitórias e sucesso da parte de Seus filhos, Ele quer, antes de tudo isso, devoção e obediência. Saul venceu, mas desobedeceu a Deus quando, ao invés de destruir tudo o que os amalequitas tinham, como Ele o havia ordenado, permitiu que seus guerreiros tomassem para si o melhor do gado do rei aprisionado. Saul ainda planejara, por conta própria, oferecer o melhor desse gado como sacrifício a Deus, sem atentar para a necessidade da figura do sacerdote - ele mesmo, em sua arrogância, achava-se no direito de fazê-lo. Quando Saul achou-se bom e autossuficiente demais, Deus o reprovou e o "simples" ato de ter pego o gado e providenciado o seu sacrifício sem o aval de Deus o fez perder o direito de ser rei de Israel, assim como a sua linhagem - versículos 20-30.
Nós também seguidamente achamos que chegamos num nível de conhecimento bíblico e "poder" espiritual alto o bastante para começarmos a andar por conta, crendo que as nossas idéias e vontades estão em paralelo ou acima das de Deus, achando que sabemos melhor do que Deus o que fazer ou, pior ainda, pensando que nossa balança está tão inclinada pro "bom" que podemos pecar, ir contra a vontade de Deus, pois temos créditos com Ele. Mas Ele não releva essas coisas, Ele vê nosso coração!! A arrogância é o caminho mais rápido para a idolatria de nós mesmos e, logo, o abandono de Deus e dos ideais cristãos, que se baseiam em amor, humildade e entrega.
Davi, imediatismo: Davi, "o homem segundo o coração de Deus", também teve seus dias negros, mas o que o salvou da ira divina foi a sua humildade em reconhecer seu pecado, a prontidão em se humilhar e quebrantar perante o Pai, ao contrário de Saul, que tentou discutir com Deus -o que lhe reverteu em juízo. Mas a postura de Davi, por mais que ele tenha se humilhado, não ficou impune, reverteu-se em sua descendência. O rei de Israel deixou-se seduzir pela imagem de Bate-Seba banhando-se e buscou em seu coração uma maneira de tomá-la para si e, por fim, com ela se deitou, engravidando-a. Para evitar que Urias, o marido de Bate-Seba, soubesse do evento, Davi tramou contra ele, enviando-o para a morte certa na retaguarda dos exércitos de Israel em batalha -1 Samuel 11. No capítulo 12, então, Deus falou por intermédio do profeta Natã, dizendo que o mal promovido por Davi traria a violência para a casa de Israel e, no versículo 11, dá a entender que o fato de Israel ter sido tomado repetidamente por outros povos ao longo da história tem conseqüência direta com o que Davi fez. Além do desmoronar da casa de Davi, Deus alertou sobre a vergonha que Israel passaria e sobre a morte do filho que ele teve com Bate-Seba. Davi pensou que pecando às escondidas nada lhe aconteceria, mas sua postura trouxe conseqüência terríveis sobre o Povo Escolhido. O imediatismo, o domínio dos instintos e prazeres sobre Davi o levou a adulterar e à assassinar, o que fez cair terrível juízo sobre a sua descendência.
E você? Pensa que um ou outro pecado não faz diferença? Que fazê-lo em oculto lhe deixará impune? Que teu pecado só trará problemas, quanto muito, a ti mesmo? Está enganado. Um pecadinho aqui e ali faz toda a diferença, fazê-lo em oculto não muda nada perante Deus e, sem dúvida, influencia negativamente tua casa, tua igreja. Cuidado! Deus é juiz!!
Salomão, desvio: o filho de Davi ainda recebeu alguns privilégios de Deus, apesar do pecado do pai. A sabedoria que O Senhor concedeu ao grande rei de Israel o fez expandir as terras, encher de riquezas a nação e torná-la famosa no mundo e isso, aos poucos, transformou o outrora bom coração de Salomão num poço de ganância: a vida de Salomão tornou-se mera politicagem em nome de riquezas, passou a casar-se com mulheres pagãs, afim de expandir suas alianças políticas com outros reis e, para facilitar, ele permitiu que o paganismo se infiltrasse com poder em Israel - inclusive ele mesmo passou a prestar culto os ídolos. As riquezas perverteram Salomão: ele abriu as portas, algumas excessões, para a impureza, afim de lucrar mais, porém essas "excessões" logo o contaminaram e o fizeram esquecer de Deus. O ato de Salomão, que "dividiu o coração", fez com que Deus julgasse Israel, dividindo-o também. Em seguida ocorreu todo um conflito civil e a nação se dividiu entre Israel e Judá, com profecias de dominação e aniquilação para ambas -1 Reis 11:1-13.
E nós? Como temos nos portado? Será que achamos que um pouquinho de impureza aqui e ali não vai fazer mal? Será que, almejando lucro, é válido abrir excessões? Muitas igrejas de hoje tem se portado como Salomão: aceita-se tudo e todos sem incentivar uma mudança de vida da parte dos "convertidos", afim de que mais gente encha as igreja, dizime e o pastor tenha mais poder e fique mais popular, porém essa aceitação do impuro já mostra resultados: a igreja, em muitos lugares, está se corrompendo profundamente e perdendo, abrindo mão, da presença de Deus. É por isso que o cristianismo hoje é mal falado por todos, motivo de piadas e vergonha. Pensemos nisso! Como cristãos, como temos lidado com o Mal? A aceitação das trevas nos faz, gradativamente, penetrar nelas, nos permite dominar por elas e então, por fim, nos desviamos. Deus leva a sério o pouquíssimo respeito e consideração que temos para com Ele, com a Obra e para com os demais! Ele leva a sério e nos julgará segundo essa nossa postura!!
Hebreus no pós-exílio, retorno: uma prova derradeira de que Deus não está para brincadeira se lê em Neemias: após o juízo de Deus em Judá e o Exílio, o Povo Escolhido voltou para casa afim de recomeçar, agora eles tinham uma nova chance para acertar, fazendo o que Deus quer. Porém, não tardou e muitos hebreus se misturaram aos estrangeiros, cometendo, novamente, o erro de Juízes: reinserindo a impureza e a contaminação de que haviam se livrado no Exílio. Os judeus, que no capítulo 10, versículo 30, prometeram que não se envolveriam com os estrangeiros, afim de mantér a retidão em Deus, no capítulo 13 já estavam se casando com mulheres doutros povos -versos 23-30. A reação de Neemias é drástica: anulou os casamentos, afim de cortar esse mal crescente e evitar o pior. Os hebreus estavam voltando à podridão em que já estiveram e só uma atitude extremamente agressiva pôde evitar -momentaneamente- isso.
Devemos pensar como Neemias, pois a vida com Deus é mais importante do que tudo!! Se há algo errado, um pecado, um problema, seja lá o que for, temos que ser drásticos e energéticos como oposição, seja em nossa vida, seja em nosso meio. A coisa é séria, não estamos de brincadeira, uma brecha para o mal pode fazer tudo ruir!! Não demos oportunidade ao Maligno!
Eu poderia citar outros exemplos, pois são muitos, mas creio que esse já bastam. A questão que uns podem levantar é que estamos na Nova Aliança e que tudo mudou, o que é verdade, porém, os cristãos que querem arranjar argumentos para o pecado, esquecessem-se que Deus não mudou! O mesmo Deus que julgou severamente o Mal outrora é o Deus que hoje seguimos! Mesmo que a Aliança tenha mudado, a vontade do Pai e Sua natureza não mudaram, o padrão moral de Deus continua o mesmo!! O Seu anseio por obediência entrega total não mudou! E, inclusive, o Seu senso de justiça continua igual: Ele irá punir o Mal, Ele irá punir os homens segundo os seus corações, seja hoje ou seja no Juízo Final. Estejamos atentos, cristãos! Ainda existe o Inferno e o Juízo, Jesus ainda não voltou, o pecado é uma realidade e Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre!! Isso é absoluto e independe das teologias mirabolantes que perambulam por aí, independe do teu ponto de vista! É assim e pronto. Temos Cristo, a quem devemos nos entregar e o exemplo que devemos seguir: o exemplo de humildade, amor, entrega e martírio. Então sejamos com e como Ele, isso basta! A vida cristã nunca existiu para ser fácil nesse mundo, pelo contrário! Há problemas, há desafios, há muita dor e muitas lutas!! Mas, mesmo assim, conseguimos ser as pessoas mais alegres desse Universo, pois temos algo que ninguém além de nós tem: acesso, por intermédio do Santo Filho, ao Deus Eterno, fonte suprema de amor e vida!! Sendo assim, o hoje, de luta, pouco vale mediante de uma eternidade inteira de paz e felicidade!! Portanto, tomemos a Espada e a afiemos para a batalha, não há tempo há perder, não estamos num "faz-de-conta", é tudo muito sério e veraz! Uma guerra existe e temos que lutá-la, para que um dia encontremos a paz que hoje só a Espada pode providenciar!! Hebreus 4:12 e Efésios 6:17.

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