De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 2 Pedro 1:16

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sola Scriptura

Bíblia: o maior trunfo dos cristãos hoje e, ao mesmo tempo, uma fonte de críticas dos anticristãos. Eis um livro intrigante! Enquanto eu a vejo como uma obra espetacular, profunda demais para ter brotado da mente humana, principalmente quando levamos em conta seu período de término, assombrosa demais em termos de processo de escrita, com mais de quarenta autores de várias culturas, estilos, períodos e classes sociais e, mesmo assim, uniforme em sua mensagem central e absolutamente verdadeira, quando levamos em conta que nada, nenhuma verdade eterna contida nela, fora abalada ou anulada por uma comprovação contrária mais sólida, outros conseguem ver um "livro qualquer" -isso é desonesto! Ela resiste as eras, aos povos, a todo o tipo de inimigo e malícia e dominou o mundo, conquistando, com sua simplicidade maravilhosa, nativos dos lugares mais remotos e, com sua complexidade, os maiores filósofos e cientistas dos núcleos mais tradicionais da civilização humana. Países inteiros se ergueram por sobre seus fundamentos ideológicos, a cultura mais poderosa desse mundo provém de sucessivas eras de convívio com as Escrituras, cujos trechos mais antigos remontam milênios antes de Cristo e seus últimos, o princípio de nossa era. É um livro atemporal, válido e lido por romanos do séc. IV e comprovado pela leitura de cristãos do séc. XXI. Nenhuma obra literária é tão importante para a humanidade, nenhum livro possui tantas cópias, edições, traduções e, felizmente, documentos arqueológicos manuscritos como comprovante de autenticidade e fundamento de análise. Não há livro mais estudado, mais vendido, mais universal, mais histórico e mais futurístico, não há obra mais realista, mais sóbria, mais sólida, mais transformadora! A Bíblia é incomparável!! E pela existência de dezenas de milhares de rolos, fragmentos de manuscritos, citações de contemporâneos aos seus primórdios e tradições milenares, podemos ter certeza de que o que temos hoje em mãos é muitíssimo semelhante ao que os primeiros judeus -em termos de Antigo Testamento- e os primeiros cristãos liam, principalmente ao compreendermos que detalhes pequenos não alteram a essência da obra. Essa, definitivamente, é a Palavra de Deus!
Bom, o trecho acima expõe bem o que penso da Bíblia, como sendo a autoridade máxima de minha fé e conduta, mas há os que pensam de outras formas. A crítica cética e o pensamento "pós-cristão" têm levantado inúmeras questões que consideram problemáticas moral e esteticamente nas Escrituras e, há um bocado de décadas, disseminado mentiras baseadas em interpretações errôneas e mal intencionadas de trechos, resultantes de visões descontextualizadas e maliciosas, de análises fracas e simplórias de versículos esparsos e desprovidas de qualquer honestidade intelectual, por isso acho interessante expôr algumas dessas alegações de "falhas", juntamente com uma resposta... óbvia e coerente.
1º) Uma interpretação correta: 

Natureza da Bíblia: um dos grandes erros da crítica e de muitos cristãos falhos está na má interpretação da Palavra. Para uma boa análise da Bíblia devemos, primeiramente, partir do ponto de que, sendo ela a Verdade, nunca tratará de assuntos e questões de modo ilógico, irracional, pois Deus, O Perfeito, nunca faz ou exige coisas inúteis -Gênesis 1:31-, pelo contrário: tudo o que se lê na Bíblia possui um sentido lógico e benéfico, segundo o padrão moral altíssimo dO Criador -1 Samuel 16:7. Essa é a questão: nada de mero ritual, nada de mero capricho divino! Portanto, quanto você se deparar com algo questionável ou algum enigma, provavelmente a sua interpretação correta, das opções, é a que carrega lógica -1 Coríntios 14:15- e benignidade -Neemias 9:13. Eu tenho buscado compreender o cristianismo através de uma análise lógica das Escrituras e, como haveria de ser, tenho me surpreendido e maravilhado constantemente! Leia "A Menor Religião do Mundo".
O papel do homem: existe outro ponto de interessante valia: a Bíblia, ao contrário de outros ditos "livros sagrados", não foi confeccionada por autores "possuídos" pelo espírito da sua divindade, que, com a sua consciência humana inerte e totalmente tomada pelo pensamento divino, supostamente psicografaram as mensagens "divinamente" concedidas, não!! Deus não subjugou os seres humanos no professo de escrita da Bíblia, pois, como um Criador relacional, respeitando e valorizando a criatura com quem quer se relacionar, não poderia, simplesmente, tomá-la a força. O aspecto humano fica evidente nas passagens bíblicas, com um autor indiscutivelmente inserido em uma cultura, época e classe social, o que influencia o seu modo de escrever, a estética e, inclusive, as figuras que usa para relatar ou explicar verdade celestiais ao público destinado. Amós, por exemplo, era um camponês e, como tal, usa de termos típicos de sua esfera de vida, como quando chama os nobres, ou suas esposas, de "vacas" no capítulo 4, versículo 1; Jeremias é outro que deixa evidente a sua natureza nos aspectos do texto: homem emotivo e duramente atacado por infortúnios, expressa vividamente os seus sentimento e sua dor, vide Jeremias 12:1-12, ou Davi, cujos salmos são orações sinceras do rei para O Criador, como em Salmos 88. Portanto, havendo um significativo papel humano, com Deus não anulando o autor inspirado, muito do que se lê, as palavras usadas em determinado contexto, parte de percepções, sensações e impulsos de quem escreve e essa é a maravilha da Bíblia: enquanto divina, consegue ser muito humana, escrita por homens comuns para a compreensão de homens comuns, isso simplifica o texto, faz-nos sentir mais, nos atinge e penetra devido a familiaridade que temos com as expressões tipicamente humanas e, levemos em conta, se o autor conseguiu expressar e entender aquilo que, inspirado por -e em- Deus, escreveu, nós também conseguiremos. A Palavra não tenta persuadir com censuras e manipulações, pois seus autores, inspirados pelo Criador, que é a Verdade, deixaram claros todos os seus maiores podres, demonstrando o amor de Deus em trabalhar com homens típicos -2 Samuel 11.
A Palavra inspirada: como, então, entender que a Bíblia foi totalmente inspirada por Deus? Primeiramente a natureza da Bíblia como um todo é assombrosamente intrigante, pois cada livro compõe um quadro só, conta um pedaço de uma mesma história, a História da Redenção, cada um evidenciando um determinado aspecto e relatando a sua fatia cultural e histórica. A Torá, o Pentateuco, porção dos primeiros cinco livros do Antigo Testamento, são de nítida inspiração divina, primeiramente pelo relato do encontro de Deus com Moisés -Êxodo 3-, o autor desses livos, ficando claro que O Criador estava no controle e dava grande autoridade ao profeta. Toda a evidência histórica e arqueológica de que as 10 Pragas realmente se sucederam -vide "Inegável" e "Espantosas letras"-, comprovando o envolvimento dO Eu Sou com Moisés, o que se fortalece no relato do Êxodo pelo deserto e na entrega da Lei de Deus ao Povo Escolhido por intermédio do profeta, lei essa de teor tão profundo e complexo que, definitivamente, não pode ter tido origem humana -vide "Incoerência" e "O Perfeito". A autoridade de Moisés nos dá certeza de que tudo o que escreveu como Escritura tem procedência divina.
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
Gênesis: dar identidade única ao povo hebreu reconstituído, orientando-o, com base na verdade, de modo a retirar os mitos e tradições egípcias de seus genes e evitar a contaminação pelo paganismo cananeu.
Êxodo: relatar o processo da libertação do Egito e parte do percurso no deserto, repleto de milagres e juízos de Deus. Contém orientações centrais a respeito da lei.
Levítico: livro voltado, principalmente, para a constituição da uma identidade religiosa para Israel.
Números: juízo pela incredulidade - maldição de décadas no deserto, afim de retirar quase que por completo o pensamento egípcio da mente israelita.
Deuteronômio: Israel novamente prepara-se para conquistar Canaã, a Terra Prometida. A Lei é revisada, afim de relembrar os hebreus.
Os demais Livros Históricos possuem alguns autores, mas o seu conteúdo, por si só, já pode ser tido como fruto da autoridade divina, já que relata com detalhes parte da história do Povo Escolhido, isso em parceria com as previsões e avisos dos profetas, contemporâneos. Saber como Deus agiu, extrair ensinamentos dos eventos, entender as diversas questões relativas a esse bloco grande da História da Redenção é essencial para o cristão, logo, a descrição histórica daquilo que O Criador fez nos é de valor indiscutível, por ser o infalível Deus agindo de determinado modo e expondo diante de nós, além dos fundamentos do Novo Testamento, as verdades eternas por detrás daquilo que O Perfeito desenvolveu. Além da natureza desses textos, seus autores são confiáveis, entre eles Samuel, profeta, juiz e sacerdote, escolhido pelo Pai desde o ventre materno e separado ainda criança. Jeremias, grande profeta, também é citado como um possível autor de alguns livros. Esdras, um erudito fiel a Deus, após estudos da Lei e da história de Israel, também confeccionou alguns dos livros em questão. O fato é: o que aconteceu, aconteceu e ponto final, portanto, possui valor em si mesmo. Mas fica nítida a vontade de Deus envolvida no processo, pois Ele se mostra um produtor da história nesses livros descritas, principalmente quando levamos em conta que vários eventos relatados foram, de antemão, profetizados. Consideremos também a sinceridade com que os autores relataram inconvenientes pecados e vergonhas de Israel, o que nos dá segurança de que os relatos, bons e ruins, seguramente aconteceram.
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
Josué: o sucessor de Moisés lidera a nação de Israel na conquista da Terra Prometida.
Juízes/Rute: com focos de paganismo em cidades não conquistadas e dizimadas, Israel se perverte. Deus levanta juízes para defender a nação nos tempos de caos político. A sede por uma monarquia nasce.
Livros de Samuel: com Samuel, juiz, sacerdote e profeta, nasce a monarquia sobre as 12 Tribos, com Saul, escolhido pelo povo, mas reprovado por Deus. Davi, escolhido pelo Pai, sucede Saul.
Livros dos Reis: com Salomão e seu coração dividido na falta de temor de Deus, Israel também se divide em dois reinos, o do Norte, Israel, e o do Sul, Judá. Uma série de reis, em paralelo, governam as duas partes, a maioria oposta aos propósitos de Deus e por tal iniquidade, segundo o que predizia a Lei, as duas nações deveriam ser julgadas, primeiramente Israel, por ser mais devassa e, depois Judá. Os livros são documentos reais, oficiais, da corte sobre os atos dos reis.
Livros das Crônicas: depois de julgadas as nações de Israel e o regresso de Judá do exílio, Crônicas veio como uma documentação destinada a relembrar os judeus de suas origens, dando-lhes identidade e propósito. É uma revisão dos livros dos Reis.
Esdras/Neemias: dão prosseguimento às Crônicas, relatando o retorno do Exílio Babilônico, juízo de Deus, à Terra Prometida e a reconstrução do Templo e dos muros de Jerusalém. Os judeus esperam pelo Messias, prometido desde Gênesis. Israel, ao norte, nunca mais recebeu seus habitantes originais, miscigenados outrora pela tática de dominação Assíria.
Ester: enquanto muitos israelitas voltam para a Terra Prometida, outros decidem permanecer na Pérsia e Ester relata um evento envolvendo esses hebreus, grandemente honrados por Deus na corte de Xerxes.
Os Livro Poéticos são válidos por que se inserem no contexto dos Históricos, sendo tidos por personagens de relevante relacionamento com Deus, como Davi e Salomão. O relacionamento profundo e sincero de Davi com Deus é parâmetro para nós, autoridade comprovada nas profecias messiânicas que o citado rei faz de súbito enquanto escrevia, todas consumadas em Cristo. A sabedoria de Salomão, presenteado por Deus com esse atributo, é assombrosa demais para um homem comum, ou douto, daquele período - os Provérbios são orientações de universal relevância para a vida cotidiana e Eclesiastes trabalha com percepções de uma vida de poucos propósitos, demonstrando a insegurança e dor desse modo de viver. Os Poéticos comprovam a autoridade dos reis dos Históricos, enquanto os Históricos comprovam a autenticidade dos Poéticos.
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
: uma história que provavelmente se insere num período recente ao pós-dilúvio, mas é poética em termos de mensagem e expressão de sentimentos. O sofrimento não necessariamente é "privilégio" dos que pecam, mas Deus sempre honra uma fé sincera e incondicional.
Salmos: são cânticos e orações escritas por várias figuras determinantes da história de Israel, dentre elas, a mais evidente é Davi, que, sendo músico, escreveu afim de expressar sentimentos, arrependimento, agradecimento e petições a Deus dentro de períodos de desventura ou abundância.
Provérbios: expressão máxima da sabedoria de Salomão, antes de seus dias maus. Orienta, por meio de pensamentos, o leitor a reagir de modo coerente em diversas circunstância do dia-a-dia.
Eclesiastes: nesse livro Salmão trabalha com uma reflexão sobre a vida, sobretudo expressando as tristezas e falta de sentido de uma vida sem Deus como centro, uma vida comum.
Cântico dos Cânticos: trata-se do desenvolvimento musical de uma bela história de amor segundo os padrões de Deus. Também é da autoria de Salomão.
Os Livros Proféticos possuem uma verificação de autenticidade, primeiramente, nos Livros Históricos, e vice-versa. O trunfo desses livros está no cumprimento quase que total de suas profecias num espaço de tempo comprovadamente posterior ao em que foram desferidas, outras cumprir-se-ão na realidade do Apocalipse, Segunda Vinda de Cristo e Novos Céus. A influência que cada profeta tinha no seu tempo era prova de sua autoridade merecida. Leia "Desafio profético".
Objetivos primários - para se entender melhor, deve-se, antes de tudo, encontrar as motivações
Profetas pré-exílicos: os profetas, inseridos no contexto de Reis, se dividem em categorias. Um grupo, com a devassidão de Israel, profetizou a queda do Reino do Norte e seu exílio pela Assíria e, posteriormente, o exílio de Judá na Babilônia, como forma de alertar o povo e, caso se arrependesse das vilanias, evitar-se o juízo.
Profetas exílicos: o Norte praticamente morreu com o a Assíria, mas Judá manteve-se, segundo a vontade de Deus, vivo na Babilônia e profetas exílicos se levantaram e por meio de sinais, como no caso de Daniel, ganharam a confiança de autoridades pagãs. Esses profetas acalmavam o povo com uma esperança de redenção, de retorno à Terra Prometida após consumado o tempo de disciplina. Suas previsões reconfortantes, muitas vezes, trataram de eventos messiânicos posteriores, consumados na Primeira Vinda de Cristo e, nalguns casos, pelos quais ainda esperamos com a Sua vindoura Segunda Vinda.
Profetas pós-exílicos: no retorno à Judá, esses profetas trataram de apontar preventivamente os velhos pecados dos hebreus, que novamente começavam a brotar entre o povo restabelecido, também reafirmam a vinda dO Cristo.
Os Evangelhos relatam, pela perspectiva de quatro testemunhas, juntamente com pesquisas, sobre a vida que O Messias, prometido em todo o Antigo Testamento, passou em meio aos homens. Os autores desses livros relataram o que vivenciaram, logo, o que Cristo fez e nos está apresentado, possui uma natureza indiscutível, servindo de um pleno padrão de conduta e fé para nós, levamos também em conta que esses homens, sendo apóstolos, que de Jesus receberam autoridade, escreveram verdades divinamente inspiradas. O livro de Atos é um retrato da expansão inicial da Igreja depois de Cristo e, sendo um relato, tido pelo mesmo Lucas que escreveu o evangelho que leva seu nome, a apresentar numa perspectiva histórica aquilo que os apóstolos fizeram ou deixaram de fazer, dentro de um contexto de igreja e perseguição. As cartas de Paulo se inserem no ministério paulino relatado brevemente em Atos e são responsáveis pelas maiores polêmicas, mas possuem inspiração divina pelo fato de o antigo perseguidor dos cristãos, conhecido por seu ódio, ter se convertido subitamente ao ver o próprio Cristo ressurreto e receber diretamente dEle instruções e ensinamentos, verdade que foi do conhecimento dos cristãos palestinos da época - se dividem em dois tipos básicos: cartas à Igrejas fundadas ou cuidadas por Paulo e cartas à indivíduos que Paulo queria instruir diretamente para o presbitério. O Novo Testamento termina com cartas de autoria não paulina, provenientes doutros apóstolos, como Pedro e João, além de Tiago e Judas, irmãos de Jesus. Hebreus e Apocalipse possuem autoria duvidosa, mas seus conteúdos são tão fortes e coerentes, que sabe-se ter sido Deus, no final das contas, o autor final. Toda a tradição histórica de judeus e cristãos, toda a tradição da Igreja, toda a influência mundial política desde o princípio, toda a evidência arqueológica... há uma série de fontes que comprovam a autenticidade da Bíblia que temos hoje, além de a própria Bíblia fazê-lo, com a unidade surpreendente que existe de seu primeiro ao seu último versículo, sem contradições ou incoerências, lembrando-nos de que o autor, por detrás do homem, sempre foi o mesmo, Deus que, pelo Espírito Santo agindo de modo especial em alguns na história, inspirou a produção de tudo o que nos é necessário para a salvação em Cristo! Leia as postagens: "Impossível", "Perdidos no pântano", "Apologia ao suicídio", "Por que se opor?", "Sucessão religiosa", "A Razão", "Queda e redenção" e "Passado perdido".
Interferência humana: o único aspecto do cristianismo que é inquestionável é o que se refere explícita e implicitamente na Palavra, principalmente no que consta sobre os fundamentos da História da Redenção e da salvação em Cristo, que resistem, como essência e verdade eterna, a toda e qualquer tradução e cópia da Palavra ao longo das eras -a Verdade Absoluta independe de meros detalhes-, todo o mais, porém, quando não fundamentado totalmente nas Escrituras, podemos questionar. Muito da crítica atual sobre a Bíblia e o cristianismo vem de insobriedades da tradição extra-bíblica da Igreja, como o culto aos mortos e a adoração de imagens, provindas da influência de fatores históricos, culturas, malícia humana ou interpretações erradas da letra divina. A escravidão e o machismo, por exemplo, existiam em quase todas as culturas mundiais mesmo antes de Cristo e prosseguiram existindo depois da vinda do Messias, com malignas percepções e deturpações de trechos isolados. O que a Igreja fez na Idade Média, principalmente, também não pode ser fundamento para se criticar a Palavra, já que é óbvia a dominação do perverso pensamento humano e secular, que tomou de assalto os domínios da Igreja e perverteu seus passos, vida "A Grande Mentira".
Os fundamentos da Bíblia: independente do que se faz hoje com a Palavra, ela, tida de modo genuíno, trabalha com conceitos eternos, dentre os quais o amor pleno para com Deus e os próximos é o mais evidente e aquele que deve reger nossa conduta em relação aos outros -Mateus 22:37-40. Se o cristão tem dúvidas sobre como se portar em diante doutras pessoas e a eventos, precisa levar em conta esse fundamento primordial, no qual se baseia todo o Antigo e o Novo Testamento, segundo o que o próprio Cristo disse. Se determinado texto das Escrituras transmite, aparentemente, uma idéia que fere esses princípios, é necessária uma interpretação segundo os moldes do amor, buscando extrair, no fundamento da questão, dentro do contexto em que se insere na história e no trecho escrito, a verdade eterna, as motivações de Deus e do autor humano em desferir tais idéias ou agir da forma determinada.
O objetivo da Bíblia: por mais que os conceitos de amor nos levem, automaticamente, a uma luta contra toda a forma de opressão malévola, os motivos de a Palavra existir não se resumem a uma luta política e social, mas, sim, em orientações para uma vida física e espiritual mais sólida em prol da salvação eterna com Cristo. O amor deve prevalecer, portanto nenhuma revolução de escravos, nenhuma reforma agrária, luta por direitos, foi explicitamente estimulada por Cristo e os apóstolos, havendo algo mais importante a ser levado em conta: a eternidade! O amor pregado por Jesus e seus seguidores não poderia coexistir com um levante odioso dos servos contra seus senhores ou das mulheres contra os homens, mas, sim, no estímulo ao amor mútuo entre o senhor e o serviçal, entre o marido e a esposa, entre os pais e os filhos, entre os governados e os governantes, postura tal que, se levada em conta, promoveria o bem geral - pensamento que já era extremamente revolucionário numa era em que o homem tinha o direito absoluto sobre a vida dos escravos, da esposa e dos filhos. O aspecto revolucionário da fé cristã veio, posteriormente, com base em seus conceitos de liberdade e igualdade, o que levou cristãos ingleses a serem vanguarda na luta contra a escravidão, por exemplo. Efésios 5:22-33 e 6:1-9 e 12.
Exegese e hermenêutica: ora, todo a análise série de qualquer literatura exige uma boa interpretação relativa ao contexto histórico, cultural, geográfico, segundo as características o autor, suas motivações e as peculiaridades dos destinatários originais, seus problemas, suas questões, suas percepções. E nenhuma boa interpretação se dá fora das regras básicas da análise de texto, entendendo a natureza das palavras, quem é o objeto, o que, como e porque é dito, portanto, é desonesto quem acusa sem utilizar-se dessas leis indiscutíveis. Assim como em outras literaturas, devemos usufruir da exegese e hermenêutica para a boa interpretação e aplicação do texto bíblico. Na exegese entendemos que o antigo texto que temos em mãos tinha um público original a quem as palavras se destinavam, afim de responder as suas questões e dilemas, exclusivamente, mas como Deus nunca muda e não se contradiz, por mais que as palavras se destinassem a povos e igrejas específicas e com problemas específicos, podemos extrair verdades eternas delas: "por que Deus está exigindo isso? Por que isso é importante? Que padrão de moralidade há por detrás disso? O que isso pode significar para mim hoje?!" Essa é a hermenêutica, vide um exemplo: em 1 Coríntios 11:4-15 Paulo fala orienta as mulheres cristãs de Corinto a usarem véu e os homens a não usarem. Quais os motivos para isso? A cultura grega, conhecida pelo homossexualismo e a valorização da mulher, tendia a um pensamento, de certo modo, unissex, e Corinto era uma cidade grega. A mulher cobrir a cabeça também era um velho costume pagão e judeu associado as diferenças de gênero determinadas desde o princípio da humanidade. Paulo, portanto, ao exortar que mulheres cobrissem a cabeça e homens a mantivessem descobertas faz parte de um estímulo específico a diferenciação evidente entre os dois sexos, para evitar confusões, de mulheres se igualando a homens e homens se igualando a mulheres, o que ia -e vai- contra os padrões de Deus instituídos no Gênesis, o que Paulo está querendo dizer, portanto, é que homem e mulher são seres diferentes em natureza e hierarquia e, portanto, precisam preservar essas diferenças para que a Igreja se mantenha em ordem e ambos, macho e fêmea, unidos, acrescentem um ao outro segundo as suas individuais características fortalecidas por um estímulo à masculinidade no homem a a feminilidade na mulher. Outro aspecto, tido em Números 5:18, alertava: mulheres com a cabeça descoberta poderiam ser tidas como imorais, impuras - a insubmissão pública das mulheres era vil -, logo, para a boa imagem da Igreja de Cristo -sem escândalos- perante judeus e gentios, esse padrão deveria ser mantido. Essa é uma análise exegética, vide agora uma aplicação hermenêutica, sirvamo-nos da verdade eterna por detrás da ordenança: como hoje não é escândalo a mulher estar com a cabeça descoberta, o que nos vale é entender que devemos valorizar e manter as diferenças entre os sexos bem evidentes e atentarmo-nos para não provocarmos escândalo algum diante dos irmão na fé e dos incrédulos.
Concordância: eis outro aspecto essencial para uma análise sóbria da Palavra: verificar se a minha interpretação de dado versículo possui respaldo de outras passagens bíblicas. Levemos em conta que Deus não se contradiz, logo, o que a Bíblia fala, como verdade eterna, em Gênesis, continuará falando até Apocalipse. Primeiramente, nunca se interpreta um versículo sem atentar para o contexto em que ele está inserido, por exemplo: Filipenses 4:13, quando lido isoladamente, pode dar a entender que em Deus poderemos ter tudo e ser tudo -os mais ricos e prósperos-, mas quando vemos o contexto, o verso anterior, entendemos que Paulo está dizendo que pode tudo em Cristo: ser feliz, mas suportar as tristezas, ter fartura ou padecer de miséria. Noutros casos, o leitor encontra um único versículo que, no contexto, pode dar a entender algo conveniente para suas vontades e idéias, mas esquece de que outras passagens, de outros capítulos ou livros, reprovam sua vã interpretação, por exemplo: ao ler 1 Coríntios 10:25-26, alguém por pensar que "tudo está liberado se a consciência estiver limpa, inclusive o adultério", mas pensará errado, pois no mesmo livro, no capítulo 6, no verso 10, Paulo diz: "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus."
Concluo aqui a parte introdutória, servindo-lhe de conceitos que você, numa conduta honesta, poderá levar em conta na hora de ler a Bíblia, princípios que tanto a igreja quanto os críticos da Palavra têm esquecido, uns para atestar sua postura errônea -leia "Mitologia"- e outros para argumentar ferozmente contra as Escrituras, ambos igualmente vis. Seguem abaixo algumas passagens intrigantes, mas passíveis de boas e coerentes respostas:
2º) Fontes da polêmica:


"A Bíblia mostra Deus sendo mal, pois mata muitas pessoas", é o que dizem alguns. Vários versículos demonstram juízos de Deus na humanidade e você poderá ler sobre isso, juntamente com as explicações, na postagem "Incoerência". O fato é: se um cristão sofre opressão e é torturado por perseguidores, os críticos dizem: "Onde está o seu Deus agora? Essa é a bondade dEle, te deixando morrer?" e se Deus, porventura, matasse todos os opressores em defesa do Seu filho, diriam: "Esse é o seu Deus? Não parece nenhum pouco bondoso!" Os que criticam sempre encontrarão problemas... discutir é como jogar "pérolas aos porcos" -Mateus 7:6. Que se pense quais as motivações e os frutos eternos de um juízo divino, pois os fins, nalguns casos, justificam, sim, os meios.
Por que Deus mata? Primeiramente, é um direito Seu de, como criador da vida e legislador do Universo, julgar e destituir da existência os insurretos -Romanos 9:20; Isaías 45:8-9. Porém, Deus, sendo justo e bom, não o faria por meros caprichos, e é o que os outros pontos demonstrarão:

-Juízo, Gênesis 18:20-33: Deus se cansa do pecado contínuo, O Pai, totalmente justo, simplesmente não pode deixar a iniquidade impune. Em determinadas ocasiões relatadas na Bíblia, Deus aniquilou nações devido a sua tenebrosa perversão e oposição à Sua vontade, mas esses são casos mais extremos, como o de Sodoma e Gomorra que, mesmo assim, teriam sido poupadas se nelas habitassem um número muitíssimo reduzido de homens justos. Em ocasiões desse tipo, Deus evidencia a Sua vontade, o Seu poder, faz com que os que morreram sirvam de exemplo para uma aproximação de outros e, destruindo um antro de exagerada maldade, priva outros povos de se envenenarem pelo péssimo e vil exemplo da nação julgada.
-Escolha humana, Deuteronômio 30:19: havendo estatutos divinos a serem seguidos em prol da vida, sendo a rebeldia retribuída com morte, qualquer um que, tendo conhecimento disso, prosseguir na posição de inimizade para com Deus, estará, literalmente, pedindo para morrer, julgando-se a si mesmo.

-Proteção, Salmos 89:23: para manter vívida a esperança messiânica, Deus, no Antigo Testamento, precisava proteger Israel dos inimigos, julgando-os pela sua arrogância e orgulho, blasfêmia, devassidão, e covardia. Por amor ao indivíduo que tem como filho, O Pai pode entrar na briga. A proteção também se enquadra na conquista de Canaã pelos hebreus, que precisavam de terras para constituir uma nação.
-Disciplina, Hebreus 12:5-9: para manter Israel em coerência com a vontade dO Pai, em prol da consumação da História da Redenção, Deus, volta e meia, precisava disciplinar a nação com ataques inimigos, pestes e outros artifícios mortais, já que a exortação pacífica vinda da boca dos profetas pouco adiantava. O exemplo de alguns, que morreram em resposta a rebeldia, servia como disciplina para o povo inteiro e, disciplinado, reaproximar-se de dO Criador.

-Amor, Hebreus 12:2-4: toda a ação de Deus se dá por amor. Inclusive a disciplina e o julgamento de Deus são fundamentados no amor: o eliminar de uns poucos insurretos em prol da salvação de muitos pelo exemplo e pela eliminação da influência negativa, mas há um exemplo de ardente amor que se sobressai: a morte de um inocente em prol da eliminação do pecado de uma humanidade inteira -para quem aceitar: o sacrifício de Cristo! Jesus morreu, morreu pela vontade de Deus, mas com o objetivo de atingir pelo exemplo e pelo estrondo espiritual a vida de uma humanidade condenada pelo pecado.
"A Bíblia estimula o machismo", é o que dizem outros. Efésios 5:24 é uma das passagens usadas, pois determina que as mulheres devem se sujeitar aos maridos. Ora, a Bíblia não é "machista", pois não trabalha, segundo o seu fundamento em amor e "não acepção de pessoas" -Atos 10:34; Gálatas 3:28-, com a exploração egoísta do homem para com a mulher. Acontece que Deus, Perfeição e Ordem, sempre designa autoridades em todas as instituições que alicerçou e o casamento não seria diferente, tendo o homem, o primeiro criado, como aquele que anda na frente e a mulher, como sua auxiliadora. No final das contas é um trabalho em equipe a acrescentar para os dois envolvidos: a mulher ama e respeita ao homem, como a Igreja ama e respeita à Cristo de modo profundo, a pondo de, se necessário, morrer por Ele, e o homem respeita e ama ardentemente, a ponto de entregar a sua vida, pela esposa, assim como Cristo o fez pela Igreja. O homem é o "cabeça" da mulher assim como Cristo é o "cabeça" da Igreja, portanto o homem se coloca numa situação de liderança servil, totalmente focada nos interesses da esposa, enquanto a esposa se submete ao homem também em postura servil, totalmente focada nos interesses do marido, concluindo-se num sentimento comum de servidão e amor, afinal, quem ama verdadeiramente não busca interesses próprios, grandeza individual, mas a vida e a honra daquele que ama - 1 Coríntios 13:4-7. Se o homem explora e quer mal a mulher, está explorando e querendo mal a própria carne, pois é uma só carne com a esposa, além de estar fazendo o oposto do que Cristo faria e desrespeitando a responsabilidade de imitá-Lo no relacionamento conjugal - leia Efésios 5:25-33. Em resumo: o serviço e o amor depositado no marido não partem de si mesmo, mas da esposa, enquanto o serviço e o amor depositados na esposa não partem dela, mas do marido - 1 Coríntios 7:4.
Se o padrão bíblico de amor e casamento for levado em conta, o marido jamais menosprezará ou subjugará a esposa!! Não haverá espaço nem para machismo, nem para feminismo, pois os dois lados, amando-se ardentemente, servir-se-ão um ao outro de bom grado e se respeitarão profundamente, em zelo pela integridade e honra das partes, unidas como uma só. Quando Paulo exorta o marido a amar a esposa de modo tão profundo, chegando a ser sacrifical, está enfrentando descaradamente o pensamento romano, onde a mulher era apenas uma propriedade do homem. Quando Paulo fala para a mulher se submeter ao marido, trabalha com o patriarcalismo tipicamente bíblico, fonte de ordem, lembrete do relacionamento entre Jesus e a Igreja e o ambiente perfeito para se exercitar o amor cristão, capaz de fazer uma parte abrir mão de alguns privilégios, submetendo-se, e a outra, abrir mão doutros privilégios, não explorando ou subjugando, não abusando da autoridade, tudo por amor.
Mas se não existe machismo nas Escrituras, então como podemos entender 1 Coríntios 14:34-35, que ordena o silêncio das mulheres na congregação? Ora, é simples: o que vem antes dessa ordem? Confusão com os dons espirituais, em especial o de línguas, promovendo desordem na igreja -verso 33. Provavelmente a questão do silêncio das mulheres partia, primeiramente, desse problema: talvez estivessem, parte delas, portando-se erroneamente nas celebrações, promovendo, pela atitude, mais confusão do que crescimento. Era um problema local e precisava ser resolvido! O capítulo 11 trata um pouco mais desse ambiente confuso e repleto de discórdia instalado em na igreja de Corinto, vide o verso 18, o que dá um pano de fundo ainda melhor para a preocupação de Paulo com a postura das mulheres dessa igreja. Outra questão era relativa ao ensino: com toda a espera messiânica, originada em Gênesis 3:15, mas fortalecida com Abraão, de ser o primogênito, filho homem, separado por Deus como herdeiro da promessa, o ensino da Lei, da Palavra, era de exclusividade masculina: os homens adultos ensinavam, orientavam, os jovens de modo especialmente profundo, sendo, por uma questão cultural, as mulheres desprovidas desse privilégio. Podemos concluir, com esse raciocínio, que as mulheres, com menos acesso ao conhecimento teológico, tinham grande potencial de expor publicamente compreensões errôneas e indevidas da fé cristã, portanto, para evitar-se a heresia, blasfêmia ou desonra, era preventivo o ato de exortar pelo seu silêncio e, havendo algum pensamento, reflexão ou pergunta, expressada exclusivamente em casa, direta e somente com o marido, melhor instruído. O capítulo 14 parece tratar dessa questão específica, afim de evitar contendas e inconvenientes, mas Paulo, no capítulo 11, parece, noutros termos, condizente com a expressão em louvor da mulher na congregação, vide o verso 5. Como conclusão e aplicação, podemos entender, portanto, que a questão não é o silêncio da mulher em si, mas a nossa omissão pública mediante a incerteza ou carência de conhecimento e moral em relação a tópicos de caráter teológico, com o objetivo de não criarmos confusão e polêmica por intermédio de uma eventual heresia ou blasfêmia. Não se trata de machismo!!
"A Bíblia estimula a escravidão", é o que muitos alegam ao se depararem com a carta de Paulo à Filemon ou o trecho de Efésios 6:5-10. Besteira! Quem assim argumenta trabalha com imensa desonestidade e não ataca a Bíblia por considerá-la, realmente, vil, mas porque o indivíduo em questão, por uma inimizade para com Deus provinda de problemas familiares, deficiências, outros traumas e carências, ou com base no anseio por libertinagem, quer destituir o valor das Escrituras, acusando-a pretensiosamente. O apóstolo Paulo jamais defende a escravidão, incentivando-a, da mesma forma que não luta contra todo o sistema romano imperante em seu período. Em primeiro lugar, devemos levar em conta que a relação de servo e senhor nesse período: o contexto judaico-cristão não equivale à carnificina da escravidão promovida, por exemplo, pelo Brasil colonial em relação aos negros africanos, nem de perto, assemelhando-se mais a relação atual de operário e chefe. O servo em questão cuidava dos negócios de seu senhor numa interação relativamente próxima a de amizade, não recebendo grande retorno em salários, mas o sustento da casa daquele a quem servia. Nesses casos, numa sociedade onde imperava o pensamento secular e contra o qual a Igreja não tinha poder determinante, era melhor que o servo, o escravo, continuasse na segurança de sua posição do que perdesse o posto, simplesmente porque os servos constituíam uma classe social desconsiderada, tida por não-cidadãos, sem direitos políticos ou oportunidades, portanto, se um senhor libertasse seu servo, ele, de berço servil e, quem sabe, de nação estrangeira, não seria bem recebido pela sociedade romana e padeceria de sofrimentos e privações maiores  do que as recebidas na situação de serviço, por conseqüência, o pensamento mais saudável não era se impôr em oposição completa, rebeldia e ousadia contra o sistema vigente, mas exortar para uma modificação saudável do mesmo, benéfica para o servo, que continuaria na segurança do serviço e sustento, e benéfica para o seu senhor, que teria servos mais felizes, saudáveis e eficientes, ambos agradando ao Senhor pela atitude mútua de amor, seguindo o exemplo de Cristo - Lucas 22:26.
Em resumo: a Palavra não defende a escravidão, mas trabalha com conceitos que devem transcender toda a convenção e tradição social. A Bíblia é muito clara: quando regras estipuladas pelo governo não se opõem a verdade das Escrituras e não colocam à prova a nossa fé, pressionando-nos a desistir de Cristo, devemos acatá-las, pois nossos anseios são focados na eternidade e não em questões puramente humanas - o que não nos impede de levantarmos oposição à posturas que ferem os padrões bíblicos de amor. Romanos 13:1-6. Apliquemos o pensamento de Deus em relação ao servo e o senhor na atual configuração profissional de empregado e empregador.

"A Bíblia estimula a disciplina física nas crianças", é o que alegam os críticos com base em Provérbios 23:13-14, que, dessa vez, estão criticando com alicerces num conceito inquestionavelmente bíblico. A questão aqui é: a crítica realmente é bem fundamentada? Só porque a imagem de um pai disciplinando fisicamente um filho mexe com nossas emoções e é difícil de engolir num primeiro momento, a correção física está errada? Precisamos separar o que é fruto involuntário de nossas emoções daquilo que é fruto do pensamento racional, tido pelo exercício intelectual. Em primeiro lugar, a cultura cristã é a primeira a realmente se preocupar com o bem estar das crianças, que até antes de Cristo eram tidas como "mini-adultos" e tratadas com frieza, o que prosseguiu em culturas pagãs, como a romana - o encontro de Jesus com os pequenos é um maravilhoso exemplo dessa revolução do trato com eles, vide Lucas 18:15-17; Paulo, em Efésios 6:4, faz questão de exortar os pais a tratarem de modo adequado com os filhos, sem desonrá-los ou irá-los, mas orientando-os à verdade do Evangelho. O segundo ponto se refere ao amor: com amor, o amor cristão, o pai, ao disciplinar o filho, não o fará com ira e descontrole, mas ciência e moderação, afim de não ferí-lo ou desrespeitá-lo, mas, sim, orientá-lo corretamente, pois é melhor uma dose pequena, mas amarosa, de dor corretiva, do que uma posterior, com base em rebeldia, dose de terrível e torturante dor, embasada no ódio de outros indivíduos, com os quais o filho insubmisso se envolveu. O terceiro ponto, sendo o final, está no papel da disciplina: nossos pais precisam se lembrar que foram disciplinados fisicamente e que isso os encaminhou para o que são hoje, sem traumas; a disciplina faz a criança reconhecer e evitar o erro, entendendo que a rebeldia e insubmissão gera dor -e sempre gerará, em casa ou na selva de relacionamentos que constitui esse mundo caído; a disciplina também incentiva os pequenos a respeitarem as regras e as autoridades, incluindo a pessoa de Deus. Crianças são ingênuas, ignorantes, inocentes até determinado ponto, incapazes de reconhecer o que lhes é melhor ou pior, pela carência de experiências de vida e cultura, mas, ao mesmo tempo, possuem uma tendencia natural, promovida pelo pecado, de caminhar pelas veredas da rebeldia e do egoísmo, por isso a constante intromissão dos pais em sua vida se faz de valor inquestionável. Vide a postagem "Em nome da honra".
"A Bíblia condena o homossexualismo", é o que dizem os críticos com base em Romanos 1:25-26 e com o que eu concordo, pois, assim como o ponto anterior, é verdade inquestionável nas Escrituras. A questão aqui é: da mesma forma como tudo perante o qual a Bíblia se posicionou, como vimos, o fez de modo sábio e benéfico, posiciona-se, seguindo o padrão, a tendência, em relação a isso. Ao lado do homossexualismo, a Bíblia condena toda a espécie de corrupção, não o colocando como mais, nem menos, pecaminoso do que outras coisas - 1 Coríntios 6:10. O fato é que, por uma série de fatores, o homossexualismo é prejudicial para a sociedade como um todo, o que você pode constatar nas minhas reflexões de nome "Por que se opor?", "Homocentrismo", "Em nome da honra", "Idéias nocivas" e "Incoerência". A questão é: se a postura aqui comentada fosse realmente benigna, a Holanda, país mais libertino do mundo, que há poucos anos tem liberado de modo pleno a prostituição, o homossexualismo, o uso de drogas... não estaria, numa nota recente, declarado arrependimento por tão grande abertura, que, ao invés de melhorarem a nação, apenas intensificou os problemas sociais -degradação e criminalidade-, é o que se lê numa matéria publicada na revista Veja de 5 de março de 2011, de título "Mudança de Vitrine", do jornalista Thomaz Favaro.

"Deus se agradou de alguns pecados", é o que podem afirmar alguns com base no fato de que Abraão, no relato de Gênesis, angariou por meio da mentira boa parte de suas riquezas, riquezas necessárias para a continuidade da Alianças Abraâmica - em Gênesis 20, Abraão e Sara vão ao Egito para fugir da fome palestina e, com medo de perder sua bela esposa, a tem como irmã diante do faraó que, indo contra as previsões do patriarca, decide arranjá-la como esposa, preparando-lhe grande dote, mas Deus, intervindo por causa da Promessa, da Aliança, manda pragas e deixa o pecado da mentira evidente, fazendo o Egito oferecer tesouros para que Abraão seja persuadido a ir embora com seu "mal". O conceito é simples: Deus não pediu para Abraão mentir e, tampouco, se agradou de sua postura, pelo contrário, Abraão pecou nos momentos em que decidiu trabalhar por conta própria e Deus deixou muito clara a reprovação mediante a iniquidade, da qual o Pai da Fé sempre teve que se arrepender. A questão, no final das contas, é que O Pai, em Sua profunda sabedoria e plena soberania, comumente torna em vida aquilo que é fruto da morte, fazendo de Abraão uma bênção, embora tenha se portado, muitas vezes, de modo reprovável; fazendo das riquezas do Patriarca o alicerce para as futuras gerações da Promessa, embora ela tenha sido constituída de modo ilícito. Se O Criador não tivesse a habilidade de tornar a natureza do repulsivo em aceitável, nós, humanos caídos, jamais poderíamos ser salvos! Outro exemplo está nos eficiente sistema de estradas do Império Romano do início da Era Cristã que, embora tinha sido um dos mais eficazes mecanismos de perseguição da Igreja, pelo rápido deslocamento das legiões perseguidoras, também serviu para uma espantosamente rápida divulgação do Evangelho - a Internet, de certo modo, se enquadra nisso: o Mal se dissemina terrivelmente, mas a Palavra também circula massivamente. O Pai é, sim, capaz de usar e tornar o reprovável em ferramenta benéfica, vemos isso no fato de ter usado de reis pagãos como instrumentos de bênção para Israel, como Ciro, da Pérsia -Isaías 45:1-4.
"A Bíblia se contradiz", é o que alegam os críticos com base em textos como o de Êxodo 33:11 e 20 que, num momento, afirma o fato de Moisés falar face a face com Deus e, noutro, atesta que ninguém pode ver Deus. Como se explica isso? Quando Deus se apresenta à Moisés e aos anciãos de Israel, no Monte Sinai -Êxodo 24:9-11-, aparece em teofania, que é uma aparição dO Criador em corpo físico, quem sabe o próprio Filho, única face visível dO Pai aos homens -1 Timóteo 6:16 e Mateus 11:27. O fato é que, em teofania, a glória de Deus se reduz aos limites de um corpo físico, tornando-se suportável aos homens e é, provavelmente, desse modo que Moisés conseguia ver O Criador. Agora, quando Deus afirma que morrerá qualquer um que vê-Lo, está se referindo à visão clara dEle em plenitude, segundo a Sua absoluta glória em constituição puramente espiritual, a Sua face genuína, imagem poderosa demais para a compreensão e percepção de qualquer ser vivo em limites carnais. O primeiro versículo relata a percepção do autor sobre a amizade de Moisés com Deus e o segundo, o dizer dO Pai na íntegra. Podemos, ainda, levar em conta que o primeiro versículo pode significar, simplesmente, que O Profeta tinha um relacionamento íntimo com Deus.
"A Bíblia é anticientífica", é o que outros afirmam, isso com base em versículos como o de Êxodo 22:26 que, supostamente, peca ao tratar com uma realidade geocêntrica. É óbvio que tal alegação é absurda! Até os grandes cientistas de hoje, em conversas casuais, usam termos dessa natureza, por tratarem-se de percepções universalmente compreensíveis e aceitáveis. Quando a Bíblia fala do "Sol se pondo", não está dizendo que "o Sol, girando ao redor da Terra, está movendo-se para sua outra face", mas apenas relatando a percepção do autor humano em relação ao fenômeno crepuscular ou num dizer da parte de Deus provido de configuração compreensível para os homens a quem se referia. O homem de milênios atrás não entenderia com clareza termos que só a ciência atual conseguiu compreender, mas o homem atual consegue entender termos e percepções comuns ao homem de milênios e, como a Bíblia não existe para ser um livro científico, mas um relato da História da Redenção, tido para ser válido e compreendido por todos os povos, de todas as culturas e tecnologias, residentes de quaisquer eras, o caminho mais sóbrio é o da linguagem universal, baseada em percepções comuns a todos os homens, sobretudo relativas a eventos naturais descritos da forma com que são observados: de fato, ao observarmos o horizonte ao entardecer, o Sol parece estar se pondo antes de a Terra parecer estar se movendo. Essa idéia de que a Terra é o "centro do Universo", por sinal, nem é de natureza cristã, mas fruto da filosofia grega, mais especificamente, Aristóteles, cujo pensamento norteou as ciências por milênios, dominando o pensamento dos cientistas cristãos e seculares até pouco depois da Idade Média. Copérnico, clérigo cristão, foi o primeiro a sugerir o heliocentrismo e Galileu, cristão declarado, teve a ousadia, com base em suas observações, de desafiar o pensamento aristotélico e, logo, os cientistas de sua época, quer cristãos, quer mundanos - sua condenação, branda, se deu mais pela sua falta de sabedoria em lidar com autoridades superiores, sendo desrespeitoso, do que por falar inconvenientes.
Levemos em conta, nesse ponto, assim como no anterior, que Deus, ao inspirar o autor humano a escrever a Sua Palavra, não anulou os potenciais, percepções e habilidades tipicamente humanas, mas permitiu que o homem, no que se referia a detalhes pequenos -não na essência-, se expressasse segundo suas individualidades. Entender que o "Sol nasce e se põe" não interfere em nada no que se refere ao relacionamento de Deus com o homem, centro da Palavra! Outras idéias de caráter científico claras na Bíblia também não existem em prol de uma defesa apologética da existência de Deus, mas, simplesmente, para dar um pano de fundo, um princípio, para o relato da História da Redenção e, mesmo assim, são válidas, pois o monoteísmo tido em Gênesis 1 trata-se da idéia científica mais revolucionária, provavelmente, da história, influenciando todo o pensamento dos primeiros - e mais importantes - cientistas dos séculos passados, quase todos cristãos; a criação ex-nihilo não se contrapõe ao Big Bang, pelo contrário, coexiste com ele, levando em conta que um Deus imaterial e transcendente é a fonte da matéria; o criacionismo também não se opõe totalmente ao evolucionismo, pois a influência de Deus nos processos evolutivos poderia, então, ser observada, embora existam inúmeras evidências de que houve uma criação repentina e plena das criaturas dentro de um Universo ainda jovem. Mais sobre isso você pode encontrar em "Geocentrismo", "Ilusão" e "Encontro inesperado".
Ao que parece não há mais muito o que ser dito, pois os demais "problemas" encontrados na Bíblia podem ser resolvidos tranquilamente com base nos conceitos aqui trabalhados. Quero, com isso tudo, no final das contas, deixar claro que as Escrituras ainda são muitíssimo relevantes para nós, isso quando bem compreendidas e trabalhadas, tudo fundamentado em honestidade e coerência. Precisamos, grave isso, conceber todo o contexto histórico e literário em que se englobam as narrativas e doutrinas, tratando a poesia segundo as regras normais relativas ao texto poético, tratando uma carta inserida num contexto cultural, histórico e relacional, segundo as regras de interpretação próprias de uma saudável compreensão e aplicação e tendo a narrativa histórica em análise segundo os parâmetros comuns de análise e entendimento desse tipo de documento. A Bíblia, no final das contas, nos é válida porque trabalha com conceitos: Deus, que não se contradiz, trabalhando em situações específicas e de modos específicos, mas evidenciando a Sua natureza e vontade eterna, imutável, que nos serve de parâmetro, tornando, portanto, todo o relato  -Gênesis (...) Apocalipse- útil para a nossa vida e postura - lembrando somente somos coerentes e potentes como cristãos quando entendemos em que parte das Escrituras evidentemente nos inserimos -à partir de Atos- como parte da Promessa, o que nos é mandamento direto -palavras de Cristo, como em Mateus 5- ou somente exemplo, pano de fundo, fonte de verdade eterna, de conceitos -o Antigo Testamento, a Lei, como em Levítico 15, lembre-se que a Lei se valida em conceitos eternos, mais do que a letra fria. A Bíblia: explicação, exemplo e doutrina em prol da salvação em Cristo. A Bíblia: leia, reflita, questione, estude, se surpreenda!
Natanael Castoldi

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